quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Uso de medicamentos para outras doenças cresce no tratamento da Obesidade

Segundo reportagem publicada, do O Estado de São Paulo, o consumo de remédios off label (indicação fora da bula) de drogas para epilepsia, depressão e diabetes disparou no Brasil. Dessa vez, como “alternativas” no tratamento da obesidade. Isso menos de um ano após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter proibido a venda de medicamentos derivados de anfetamina para tratar a doença.


 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer banir de vez a comercialização de todas as drogas usadas para emagrecer que atuam no sistema nervoso central: a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropiona e mazindol).

A única droga para o tratamento da obesidade que continuará liberada será o orlistate (Xenical), que atua diretamente no intestino, reduzindo em cerca de 30% a absorção de gordura. A sibutramina continua liberada mais com restrição

Diante de estudos que apontam que o consumo de sibutramina aumenta o risco de problemas cardíacos, desde o ano passado a Anvisa impôs novas regras e endureceu os critérios de venda dessa droga – considerada de primeira classe no tratamento da obesidade. Ela deixou de ser vendida como medicamento comum e passou a integrar a categoria dos anorexígenos, drogas que exigem receita especial. O tratamento com sibutramina é indicado para quem tem Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 30 e não sofre de doença cardíaca. O prazo máximo é de dois anos.

Outras substâncias têm tomado lugar dos inibidores de apetite. Medicamentos à base de topiramato, liraglutida, bupropiona e metformina, vêm sendo consumido pela população para obter a perda de peso. Essas substâncias não são proibidas, mas também ainda não foram aprovadas para o tratamento da obesidade, apesar de emagrecer.

  • Remédios com sibutramina (inibidor de apetite) foram retirados do mercado dos EUA a pedido da FDA, agência norte-americana que regula medicamentos. O laboratório também removeu o medicamento do Canadá e da Austrália.


Falta de Opção


De acordo com o levantamento do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), feito a pedido do jornal O Estado, a venda dessas quatro drogas aumentou acima do crescimento do mercado. Isso mostra que a falta de opção de remédios para emagrecer tem feito médicos as prescreverem.

Para se ter uma ideia, o anticonvulsivante topiramato teve seu consumo elevado em 64% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2010, antes da Anvisa proibir três dos medicamentos usados para emagrecer (anfepramona,femproporex e mazindol).

Anticonvulsionante Topiramato pode causar lentidão cognitiva, diminuição do raciocínio, esquecimento de palavras em um discurso e malformação fetal (risco de lábio leporino). Pesquisa recente  relata que o Topiramato aumenta o risco de miopia aguda e glaucoma secundário de ângulo fechado, maior causa de cegueira definitiva no mundo.
O medicamento provoca edema no cristalino e no corpo ciliar, diminuindo ainda mais este espaço. De acordo com o médico, quem tem hipermetropia também é mais suscetível, pelo mesmo motivo – câmara anterior do olho mais estreita.





Em setembro do ano passado, apontada em uma revista como droga “milagrosa” para perder peso, Aliraglutide, recomendada para tratamento do diabetes e vendida com o nome de Victoza, obteve uma explosão de vendas. Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) teve que tomar providências para frear a sua venda indiscriminada. Pela determinação RDC 96/2008, o medicamento, como já dito só pode ser vendido sob prescrição médica. Dessa forma, também não é possível comprar Victoza pela Internet.



 Já o antidepressivo bupropiona cresceu 54,6% nos seis primeiros meses de 2012 em relação ao mesmo período de 2010, segundo a reportagem de O Estado de São Paulo.









Ainda na reportagem, a metformina, indicada para diabetes, teve o maior aumento: 100%. Mas essa porcentagem pode ser explicada porque o medicamento passou a ser fornecido de graça na Farmácia Popular. Inibe o apetite promovendo perda de peso.

 






 Especialistas Comentam

Os especialistas Walmir Coutinho, presidente da Associação Internacional para Estudo da Obesidade; Márcio Mancini, chefe do setor de obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo; e Mario Saad, do Laboratório de Pesquisa em Resistência à Insulina da Unicamp, foram alguns dos entrevistados sobre o assunto.

Segundo Walmir Coutinho, um terço dos pacientes não responde bem à sibutramina e muitos não se adaptam ao orlistate. Assim, ele afirmou ser natural que pessoas tentem tratamentos não indicados nas bulas, uma vez que “a Anvisa retirou três bons medicamentos do mercado”.

No entanto, o Dr. Walmir alerta ser inaceitável que médicos prescrevam essas drogas a pacientes que só precisam perder três ou quatro quilos.

O Dr. Mancini ressaltou ser previsível o crescimento no consumo de qualquer medicamento para a perda de peso.

Já o professor Mário Saad estudou o mecanismo de ação do topiramato em ratos e descobriu que ele diminui a ingestão de alimentos e aumenta o gasto energético, mesmo sem exercício. "Não podemos fechar os olhos para uma doença crônica como a obesidade. Precisamos dar uma resposta à população que ficou desassistida", declarou.

Esses remédios só são indicados por médicos em casos específicos, e não para tratamento de perda de peso. Nutricionista não pode prescrever remédios somente suplementos. Não recomendamos o uso desses remédios inibidores de apetite, eles podem causar dependência e vários prejuízos ao organismo. A prioridade é sempre pela mudança de hábito de vida (alimentação e atividade física) mesmo que isso seja muito difícil no início, o corpo se adapta e o equilíbrio no organismo acontece naturalmente. Consulte sempre um médico antes de tomar qualquer medicamento.


Fonte: ABESO e ANVISA

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