quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Cólica Menstrual

A cólica menstrual, chamada em medicina de dismenorreia, é uma das queixas ginecológicas mais comuns. Dividimos as cólicas menstruais em duas categorias: dismenorreia primária, que é a cólica menstrual que surge sem que haja alguma doença ginecológica por trás, e dismenorreia secundária, que é aquela causada por doenças ginecológicas, como endometriose, miomas ou infecções.

Incidência da cólica menstrual

A cólica menstrual surge tipicamente em adolescentes, geralmente um ou dois anos após a menarca (primeira menstruação), época em que o ciclo hormonal ovulatório já encontra-se estabelecido.

Até 90% das adolescentes e 1/4 das mulheres adultas sofrem de cólicas menstruais. Não existe diferença de prevalência entre mulheres de diferentes etnias ou nacionalidades, mas a dismenorreia tende a melhorar conforme a mulher envelhece.

A dismenorreia em si não causa grandes problemas de saúde, porém em algumas mulheres a cólica é tão intensa que compromete seus afazeres diários.


Dismenorreia secundária


Ao contrário da dismenorreia primária, que surge logo após as primeiras menstruações, a dismenorreia secundária geralmente surge em mulheres após seus 20-30 anos. Para ser caracterizada como dismenorreia secundária, a cólica menstrual precisa ter como causa, ou fator agravante, alguma condição ginecológica identificada. As mais comuns são:

– Endometriose
– Miomas uterinos
– Doença inflamatória pélvica (infecção dos órgãos reprodutivos femininos, geralmente causada por uma doença sexualmente transmissível)
– Estenose do canal cervical (abertura do colo do útero tão pequena que impede a saída do fluxo menstrual)
– Uso de DIU

Dismenorreia primária

A partir de agora, sempre que falarmos em cólica menstrual estaremos nos referindo à dismenorreia primária.

Durante muitos anos a cólica menstrual foi um sintoma que recebeu pouca importância, sendo a dor frequentemente associada a condições emocionais e psicológicas das mulheres. Entretanto, atualmente já conhecemos o mecanismo fisiopatológico que leva às cólicas menstruais, não havendo relação com estado emocional, personalidade da paciente ou estresse.

Durante o ciclo menstrual a parede do útero vai se tornando mais grossa e vascularizada à espera da implantação de um possível embrião. Se o óvulo liberado não é fecundado, a queda nos níveis hormonais faz com esse excesso de parede do útero desabe, caracterizando a menstruação.

Durante o descolamento da parede uterina, isto é, durante a menstruação, há a liberação de uma substância chamada prostaglandina, que causa contrações no útero. Essas contrações são importantes para que o útero expulse todo o tecido uterino descamado. Todavia, em algumas mulheres as contrações são tão intensas que até mesmos os vasos sanguíneos que irrigam o útero ficam comprimidos, causando uma isquemia temporária do mesmo (angina do útero). As mulheres que costumam ter intensas cólicas menstruais geralmente apresentam níveis elevados de prostaglandina no fluido menstrual.


Fatores de risco para cólicas menstruais

O principal fator de risco é a idade; as cólicas são comuns em mulheres antes dos 20 anos e vão melhorando conforme a mulher envelhece. Entretanto, algumas pacientes podem continuar apresentando quadros de cólica menstrual muito incômodos mesmo com o passar com anos. Entre os fatores de risco para a dismenorreia, podemos citar:

– Menarca (primeira menstruação) antes dos 12 anos
– Índice de massa corporal (IMC) menor que 20 ou maior que 30 (para entender o IMC.
– Menstruação volumosa ou com duração de vários dias
– Ciclos menstruais irregulares
– Tabagismo
– História familiar de dismenorreia
– Nuliparidade (nunca ter tido filhos)

Sintomas da cólica menstrual

A cólica menstrual é uma dor que caracteristicamente inicia-se junto, ou logo antes da menstruação, amenizando progressivamente nas primeiras 72 horas. As cólicas são intensas e intermitentes, tendendo a localizar-se na região inferior do abdômen. Em algumas mulheres a dor pode irradiar-se para as costas ou membros inferiores. Náuseas, suores, diarreia, tonturas, dor de cabeça e cansaço podem surgir junto com as cólicas.

Tratamento da cólica menstrual

O remédio de primeira linha no tratamento das cólicas menstruais são os anti-inflamatórios (AINES), que agem diminuindo a liberação das prostaglandinas e apresentam boa resposta em até 90% dos casos. Atualmente o mais indicado é o Ácido Mefenâmico, mas há dúvidas se este é realmente superior aos outros anti-inflamatórios no controle da cólica.

Outra opção além dos AINES são os anticoncepcionais orais, que ao controlar os níveis hormonais fazem com menstruação e as cólicas sejam menos intensas. Os anticoncepcionais em injeção ou adesivo também funcionam.

Mulheres que não respondem aos tratamento acima devem ser investigadas para dismenorreia secundária.

Em relação a tratamentos caseiros para as cólicas menstruais, o uso de bolsas de água quente são efetivos para aliviar as dores. Exercícios físicos regulares, ingestão de líquidos e uma dieta pobre em gorduras também são indicados e melhoram as cólicas

A acupuntura é uma opção, mas ainda não existem evidências inequívocas de que este procedimento seja superior ao placebo.

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