domingo, 2 de outubro de 2016

Botox para uso terapêutico

Reconhecida inicialmente como um temido veneno, após o entendimento do seu mecanismo de ação, a toxina botulínica passou a ser usada na medicina para pacientes cuja a paralisação controlada de alguns músculos se mostrava benéfica. Porém, para ser administrada de modo seguro, era preciso primeiro isolar e purificar a toxina para que esta pudesse ser sintetizada. Surgiu então o Botox®, a forma farmacêutica da toxina botulínica A.



Apesar de ser muito famoso o seu uso cosmético, com aplicações do Botox no rosto para tratar rugas, esta droga inicialmente foi usada para o tratamentos de doenças. Como seu tempo de ação é longo, podendo paralisar músculos por até 6 meses, a inoculação controlada através de uma pequena injeção com quantidades mínimas da toxina se tornou uma boa opção no tratamento de doenças neurológicas/musculares.

Entre as principais indicações para o uso terapêutico do Botox estão:


1) Blefarospasmo: uma doença neuromuscular que causa contração involuntária dos músculos ao redor dos olhos, fazendo com que o paciente pisque de modo involuntário e vigoroso.

A aplicação de Botox na musculatura ao redor dos olhos paralisa estes músculos, impedindo estas contrações indesejadas por até 4 meses, época em que é necessária nova administração da droga.

2) Estrabismo: é o grupo de doenças onde os olhos não ficam paralelos, o popular “olho vesgo”, que ocorre por assimetria na contração dos músculos oculares. A aplicação de Botox ajuda a diminuir a força muscular de um dos olhos, conseguindo alinhar os globos oculares.

3) Distonia cervical: é uma doença muito dolorosa onde os músculos do pescoço se contraem involuntariamente, causando movimentos abruptos da cabeça para os lados, para frente e para trás.

A aplicação de Botox nestes músculos do pescoço, 3x a 4x por ano, é o tratamento mais indicado

4) Hiperidrose: o excesso de suor, que costuma acometer axilas, palmas das mãos e plantas dos pés, também pode ser tratado com aplicações de Botox, neste caso não para paralisar algum músculo, mas sim para inibir o funcionamento das glândulas sudoríparas.

A aplicação de Botox nas axilas para hiperidrose axilar costuma ter melhores resultados que na hiperidrose palmar e plantar, onde a injeção da toxina, além de ser muito dolorosa, pode causar fraqueza muscular nas mãos e nos pés.


5) Enxaqueca: o Botox para o tratamento da enxaqueca foi aprovado recentemente pelo FDA americano. A aplicação da toxina nos músculos da face e do pescoço, a médio prazo, diminui a incidência da enxaqueca, parecendo ser uma ótima opção para aqueles pacientes com dores de cabeça frequentes.

6) Fissura anal: um dos mecanismos que perpetua a fissura anal é o espasmo do esfincter do ânus, que acaba por esgarçar a fissura e dificultar a evacuação. O uso de Botox ajuda a relaxar esta musculatura, facilitando o processo de cicatrização.

No consultório odontológico seu uso é terapêutico e esses são alguns dos principais tratamentos em que ela é empregada:
 
  •     Bruxismo e apertamento dentário ao aplicar a toxina no masseter, um dos músculos da face, a tensão diminui. Assim, o tecido não tem força suficiente para promover o atrito entre os dentes, capaz de causar desgaste
  • Dor Facial e DTM (Disfunção Temporomandibular) 
  • Assimetrias faciais- Sorriso Gengival: a gengiva é exposta excessivamente quando o indivíduo sorri. A toxina revela-se uma excelente e confortável opção de tratamento, seja pela simplicidade de execução, pela efetividade, pela reversibilidade ou possibilidade de aumento de dosagem. Vale ressaltar que pode ser associada a outras modalidades de tratamento. Quando injetada nos músculos, a toxina botulínica bloqueia a liberação da acetilcolina, uma substância neurotransmissora responsável por promover a contração muscular. Uma vez paralisado o músculo, ocorre seu relaxamento e consequentemente a atenuação das rugas e diminuição da dor.

Uso cosmético do Botox
Desde o ano 2000 o Botox foi aprovado no Brasil para o uso estético no tratamento das rugas de expressão. É importante salientar que o Botox só funciona para aquelas rugas que surgem quando usamos os músculos faciais. Rugas causadas por excesso de sol e fumo não são corrigidas pelo Botox.

É preciso muito cuidado e técnica na aplicação do Botox em algumas regiões da face, principalmente ao redor da boca, para que não ocorra uma paralisia nos músculos responsáveis pela fala e pela mastigação. Se o médico não for treinado, podem surgir assimetrias no rosto devido a uma maior paralisia de um lado da face.

As fotos abaixo mostram que após a aplicação do Botox houve o desaparecimento das rugas que surgiam ao franzir a testa. O objetivo do Botox cosmético é diminuir a força muscular sem causar paralisia total do mesmo, impedindo assim, complicações como queda da pálpebra e perda da expressão facial.


O uso do Botox cosmético costuma ter efeito máximo nas 2 primeiras semanas, sendo necessária nova aplicação a cada 3 ou 4 meses.

Contraindicações ao uso do Botox

As contraindicações à aplicação do Botox incluem reação alérgica após exposição prévia, gravidez, amamentação e aplicação em locais inflamados ou infectados.
 

Interação medicamentosa com Botox
Os seguintes medicamentos podem exacerbar os efeitos do Botox, não sendo indicado o seu uso concomitante:

    Antibióticos da classe aminoglicosídeo (amicacina, gentamicina, neomicina…).
    Quinina.
    Penicilamina (não confundir com penicilina).
    Anti-hipertensivos do grupo bloqueadores do canal de cálcio (nifedipina, amlodipina, verapamil, diltiazem…).

Complicações do Botox
 

A aplicação do Botox é um procedimento médico e deve ser sempre feito em ambiente médico. Lembre-se que estamos lidando com um veneno poderosíssimo que pode levar à morte se usado de forma irresponsável.

Entre as complicações mais comuns do Botox estão:

– Dor e hematomas no local da aplicação
– Alergias
– Vermelhidão local
– Náuseas
– Dor de cabeça

Em alguns casos os efeitos do Botox acabam sendo maiores que o desejado, causando paralisia do músculo. Isso pode acarretar em queda das pálpebras e/ou ausência de expressão facial quando aplicada na fronte; alterações na fala e na mastigação quando aplicadas próximo aos lábios; dificuldade para engolir e fraqueza para levantar a cabeça quando aplicada no pescoço.

Se aplicada de modo correto e por profissionais treinados, o risco da toxina se espalhar pelo corpo é irrisório. Nos raros casos de intoxicação sistêmica, o quadro clínico é semelhante ao botulismo.

Perda do efeito do Botox

O Botox é uma toxina e como consequência, toda vez que é aplicada, provoca uma resposta imunológica do organismo contra esse corpo estranho danoso. Após aplicações repetidas, o nosso organismo é capaz de criar anticorpos conta a toxina botulínica, fazendo com o seu efeito seja neutralizado rapidamente.

Botox® é a marca mais famosa no mercado, existindo ainda a Myobloc®, Dysport® e a Prosigne®.

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