segunda-feira, 29 de maio de 2017

Toxoplasmose risco em grávidas e imunodeprimidos

Alimentos contaminados pelo parasita Toxoplasma gondii provocam a toxoplasmose, uma doença pode não ter sintomas, mas quando se manifesta apresenta aumento de gânglios, febre, dor muscular e dor de cabeça, que persistem por semanas. É perigosa principalmente em pessoas imunodeprimidas, quando pode levar a morte, e grávidas, causando aborto espontâneo ou encefalite.


Toxoplasmose


A toxoplasmose é uma doença provocada por um parasito, que costuma ser assintomática na maioria dos pacientes, mas pode provocar complicações graves na gravidez e nos indivíduos imunos-suprimidos.

A toxoplasmose é uma doença causada pelo parasito Toxoplasma gondii, presente em todo o planeta e com elevada prevalência na população mundial. Para se ter ideia do quão comum é a infecção pela toxoplasmose, estima-se que cerca de 1/3 da população mundial já tenha entrado em contato com este parasito.

 E a toxoplasmose não é uma doença restrita apenas a países em desenvolvimento; cerca de 80% da população de Paris e 70% dos americanos apresentam sorologia positiva para este protozoário.

Mas se a toxoplasmose é uma doença tão comum, por que ouvimos falar tão pouco nela? 

Na verdade, o sistema imune da maioria das pessoas é forte o suficiente para impedir que o Toxoplasma gondii consiga nos fazer algum mal. Este fato explica o porquê de grande parte da população ter anticorpos IgG contra a toxoplasmose (explico o que é IgG toxoplasmose mais abaixo), sem nunca sequer suspeitar ter tido contato com o parasito.

*A grande preocupação em relação a toxoplasmose está nas mulheres grávidas e nos pacientes imunossuprimidos, ou seja, com sistema imune debilitado como transplantados, HIV positivo, pacientes em quimioterapia ou em uso de drogas imunossupressoras.

Transmissão da toxoplasmose

O parasito Toxoplasma gondii pode contaminar qualquer animal de sangue quente, incluindo os seres humanos, porém, é apenas nos gatos que ele consegue completar seu ciclo reprodutivo. Em outras palavras, qualquer mamífero ou ave pode ter toxoplasmose, mas o parasito só produz ovos (chamados de oocistos) dentro dos intestinos dos gatos. Os felinos são chamados de hospedeiros primários; todos os outros animais são hospedeiros intermediários, pois só possuem o parasito adulto em seu organismo.


O ciclo de transmissão da toxoplasmose ocorre da seguinte maneira
  •  um gato ingere o Toxoplasma gondii; este que se aloja em seus intestinos e passa a se reproduzir, liberando ovos (oocistos) de toxoplasma pelas fezes. Estes ovos ficam no solo até que algum animal os ingira.
  •  No caso dos humanos, a ingestão destes ovos costuma se dar pela contaminação das mãos no solo, seguido pelo contato destas com a boca. Na verdade, todas as doenças causadas pela via fecal-oral, como, por exemplo, hepatite A  e H. pylori, costumam ser transmitidas por mãos inadvertidamente contaminadas por fezes.

Comer alimentos como frutas e verduras originários de solo contaminado por fezes de gatos também é uma via de transmissão. Lavar bem os alimentos antes de comê-los é uma medida eficaz para se reduzir a transmissão da toxoplasmose.


O parasito toxoplasma gondii parece também ser transportado por moscas e baratas que, ao terem contato com fezes de gatos contaminados, conseguem transportar os oócitos por longas distâncias.

Um dado importante é fato do oócito só se tornar infectante após 24-48 horas no solo. Por isso, é importante limpar diariamente as caixas de areia dos gatos a fim de evitar que os ovos do toxoplasma se tornem viáveis para transmissão.

Os outros animais, apesar de não disseminarem ovos de toxoplasma pelo ambiente como os gatos, também podem ser vias de transmissão da toxoplasmose.

  •  Uma vez que o parasito se aloja nos tecidos dos animais contaminados, basta comermos carnes mal passadas destes para que o toxoplasma entre em nosso organismo. 
  • Os principais carnes com risco de transmissão são as de porco, carneiro e veado.
  •  É importante ressaltar que o animal não precisa estar doente para ter o toxoplasma em seus tecidos. Assim como ocorre em nós humanos, havendo um sistema imune intacto, o toxoplasma fica presente nos animais sem causar doença, apenas adormecido em seus tecidos. Se sua carne não for bem cozinhada, o parasito sobrevive e contamina o trato digestivo de quem o está ingerindo.

  • O simples ato de manusear carne crua com toxoplasma é suficiente para contaminar mãos e utensílios de cozinha como facas e pratos. Um cozinheiro que prepara uma carne com toxoplasma, se não lavar as mãos, pode contaminar a si próprio e também outros pratos que venha a preparar. 
  • O terceiro modo de transmissão da toxoplasmose é pela transfusão de sangue  ou pelo transplante de órgãos de doadores contaminados para receptores não contaminados.
  • Ainda existe a via de transmissão durante a gravidez, mas desta falaremos separadamente em outro texto a ser publicado brevemente.

Sintomas da toxoplasmose

Até 90% das pessoas sadias que se contaminam com o toxoplasma gondii, independentemente da via de transmissão, permanecerão assintomáticas indefinidamente. Nas aquelas poucas pessoas imunocompetentes, ou seja, com sistema imune sadio, que venham a desenvolver a doença toxoplasmose, o quadro clínico costuma ser brando, com sintomas semelhantes a um quadro gripal inespecífico com febre, dor muscular, cansaço, dor de cabeça e rash cutâneo.



O sintoma mais característico é um aumento dos linfonodos (gânglios) do pescoço.
  •  Até 30% dos casos sintomáticos costumam ter linfonodos aumentados por todo o corpo. Alguns casos apresentam também dor de garganta, ficando muito semelhante a uma mononucleose

Ao contrário de quadros virais comuns, a toxoplasmose sintomática costuma durar algumas semanas, em alguns casos, até meses.

*Raramente a toxoplasmose pode causar problemas mais graves em pacientes sadios como lesões nos pulmões, coração e nos olhos, chamados respectivamente de pneumonite, miocardite e coriorretinite.

Independente de haver sintomas ou não logo após a contaminação, o paciente imunocompetente que adquire o parasito permanece com ele adormecido nos tecidos do corpo, geralmente músculos e tecidos nervosos, pelo resto da vida. O toxoplasma permanece anos inativado, controlado pelo sistema imune, somente à espera de qualquer problema que reduza nossas defesas naturais para voltar a atacar nosso corpo.

Diagnóstico sorológico da toxoplasmose

O diagnóstico da toxoplasmose é normalmente feito pela sorologia, ou seja, pela dosagem de anticorpos contra o toxoplasma gondii.



Para resumir um processo extremamente complexo, podemos dizer que nosso corpo trabalha basicamente com dois anticorpos, chamados de IgM e IgG.

Assim que um germe novo entra em nosso corpo, nosso sistema imune começa a produzir o anticorpo IgM, que é chamado de anticorpo de fase aguda. Ter IgM positivo para toxoplasmose significa que a doença foi adquirida muito recentemente (o IgM surge com apenas 1 semana de contaminação).

Depois de mais ou menos 4 semanas, o corpo substitui o anticorpo IgM pelo anticorpo IgG, que é mais forte e mais específico contra a doença pretendida. Portanto, depois de 4 semanas, o paciente deixa de ter IgM positivo e passa a ter apenas IgG positivo para toxoplasmose. Esta IgG para toxoplasmose ficará positiva pelo resto da vida.

*Resumindo, um paciente com toxoplasmose aguda tem IgM positivo, enquanto que um paciente que possui o parasito inativo no corpo apresentará IgG positivo. Quem nunca foi exposto ao toxoplasma tem IgM e IgG negativos.

Como a toxoplasmose não causa doença em 90% das pessoas, o único modo de saber se o paciente já foi exposto ao toxoplasma é através da dosagem do IgG para toxoplasmose. Saber se a pessoa já teve toxoplasmose, mesmo que assintomática, é uma informação muito importante no caso das grávidas


Tratamento da toxoplasmose


Obviamente, pessoas com toxoplasmose assintomática não precisam de nenhum tipo de tratamento. Ter o toxoplasma inativo no corpo não significa estar doente. O tratamento também não está indicado naqueles com sintomas discretos, tipo gripe fraca, que duram poucas semanas.

O tratamento está indicado apenas nos casos sintomáticos, nos imunossuprimidos e nas grávidas. O esquema de primeira linha é feito com Pirimetamina + Sulfadiazina ou Pirimetamina + Clindamicina por 4 a 6 semanas.

Pacientes imunossuprimidos graves devem fazer profilaxia para impedir a reativação do toxoplasma. O esquema é o mesmo, apenas com doses mais baixas.


Fonte: MD Saúde

Um comentário:

  1. Parabéns pelo post. A atenção e alguns cuidados são importantes pra que a toxoplasmose não bata à sua porta. Levamos essa informação aos leitores de minha página sobre o assunto. Informar ajuda.

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