quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Campanha antifumo brasileira vai evitar 7 milhões de mortes até 2050

Consideradas um exemplo para o mundo, as políticas usadas no Brasil são tema de estudo publicado recentemente na Revista PLoS One

  • Alta dos preços dos cigarros, leis antifumo em áreas fechadas, restrições à comercialização e outras medidas aplicadas pelo Brasil no controle do tabaco resultaram numa redução de 50% na prevalência de tabagismo entre 1989 e 2010, com 420 mil vidas salvas.
As conclusões são de estudo realizado por pesquisadores do Georgetown Lombardi Comprehensive Cancer Center (EUA) e do Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Brasil.
Somando-se a dramática conclusão do estudo, que utilizou modelos para determinar as projeções, os pesquisadores dizem que as políticas do país latino-americano podem resultar em até 7 milhões de vidas salvas até 2050.


O tabaco mata quase metade de seus usuários (com 5 milhões de mortes de fumantes e 500 mil de não fumantes a cada ano no mundo), diz David Levy, professor de oncologia da Georgetown Lombardi e o responsável pelo estudo.

" O Brasil tem desempenhado um papel pioneiro no controle do tabaco. O país introduziu o imposto sobre o cigarro, em 1990, e em 1996 colocou os primeiros avisos nos maços e ainda criou as leis antifumo. Muitas dessas medidas foram posteriormente reforçados, incluindo restrições mais fortes aos anúncios publicitários e impostos mais altos".

Para determinar o impacto dessas medidas sobre as mortes, os pesquisadores desenvolveram um modelo de Simulação Política chamado SimSmoke. Usando as políticas aplicadas e dados da população Brasileira, o modelo avalia o efeito de várias iniciativas sobre as mortes prematuras, incluindo impostos sobre o cigarro, leis antifumo, campanhas de mídia de massa, restrições à comercialização, requisitos de embalagem, programas de tratamento de cessação e restrições ao acesso de jovens ao fumo.

O modelo estima que a prevalência do tabagismo no Brasil, de 1989 a 2010, foi reduzido em 46% por causa direta da introdução de medidas de controle do tabaco. Quase metade dessa redução foi explicada pelo aumento dos preços, 14% por leis antifumo, outros 14% por restrições de comercialização. Outros 10% pelos programas de tratamento de cessação do fumo, 8% por advertências sobre riscos à saúde e 6% por campanhas antifumo veiculadas na mídia.

Diferencial brasileiro

Levy desenvolveu modelos semelhantes para 30 diferentes nações. Ele diz que um fator diferencial nas políticas brasileiras de tabaco é o uso de advertências ilustradas nos maços de cigarros.


"Nosso modelo de estudo credita apenas 8% da redução do tabagismo para advertências nos maços, o que está muito subestimado para o caso brasileiro. Acreditamos que esse valor não represente precisamente os impactos das advertências de saúde no Brasil, especialmente para os jovens. O Brasil tem testado extensivamente suas advertências com fumantes jovens e conseguiu um impacto maior na redução do tabagismo do que em outros países."

"As políticas brasileiras de controle do cigarro deveriam ser uma lição para todos nós"

Levy também observou que o Brasil recentemente decidiu proibir cigarros mentolados, e que a Food and Drug Administration (FDA) está considerando a adoção de uma política semelhante nos EUA.

Enquanto os estados norte-americanos, particularmente a Califórnia, experimentam o sucesso em reduzir as taxas de tabagismo através da implementação de políticas fortes, nenhum teve o tipo de sucesso visto no Brasil em um período tão curto de tempo.

" As políticas brasileiras de controle do cigarro deveriam ser uma lição para todos nós. Se vamos implementar políticas aqui nos EUA que vão fazer um impacto duradouro, precisaremos de vontade política e apoio dos tribunais," completa levy

Tabagismo no Brasil (Inca)

No Brasil, estima-se que cerca de 200.000 mortes/ano são decorrentes do tabagismo (OPAS, 2002). De acordo com o Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos Não Transmissíveis , realizado em 2002 e 2003, entre pessoas de 15 anos ou mais, residentes em 15 capitais brasileiras e no Distrito Federal, a prevalência de tabagismo variou de 12,9 a 25,2% nas cidades estudadas.
  • Os homens apresentaram prevalências mais elevadas do que as mulheres em todas as capitais.
  • Em Porto Alegre, encontram-se as maiores proporções de fumantes, tanto no sexo masculino quanto no feminino, e em Aracaju, as menores.
  • Essa pesquisa também mostrou que a concentração de fumantes é maior entre as pessoas com menos de oito anos de estudo do que entre pessoas com oito ou mais anos de estudo.
  •  Em relação à prevalência de experimentação e uso de cigarro entre jovens, de acordo com estudo realizado entre escolares de 12 capitais brasileiras, nos anos de 2002-2003 (Vigescola) a prevalência da experimentação nessas cidades variou de 36 a 58% no sexo masculino e de 31 a 55% no sexo feminino, enquanto a prevalência de escolares fumantes atuais variou de 11 a 27% no sexo masculino e 9 a 24% no feminino.


INCA desenvolve papel importante como Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Programa "Tabaco ou Saúde" na América Latina, cujo objetivo é estimular e apoiar políticas e atividades controle do tabagismo nessa região, e no apoio à elaboração da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, idealizada pela OMS para estabelecer padrões de controle do tabagismo em todo o mundo.

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