quinta-feira, 8 de março de 2018

Métodos Contraceptivos

Chamamos de método contraceptivo (ou método anticoncepcional) toda ação cujo objetivo é impedir ou, pelo menos, reduzir substancialmente a chance de uma mulher engravidar após uma relação sexual.


Os métodos anticoncepcionais podem ser simples e gratuitos como a tabelinha ou o coitus interruptus (coito interrompido), ou mais complexos e dependentes de ajuda médica, como o DIU e os anticoncepcionais hormonais. Existem também os métodos contraceptivos definitivos, que requerem cirurgia e têm como objetivo tornar o homem ou a mulher estéreis de forma permanente, como nos casos da vasectomia ou da ligadura das trompas
Qual é o melhor método anticoncepcional para mim?

Não existe uma resposta correta para a pergunta acima. Na verdade, todos os métodos contraceptivos têm suas vantagens e desvantagens. É fácil saber qual é o método mais efetivo, qual é o mais barato, qual é o mais cômodo, qual é o que dura mais tempo, etc. Agora, a definição sobre o melhor é individual e depende do quanto você valoriza cada uma dessas características.

Descobrir qual é o método que mais se adapta a você é importante não só para o sucesso da contracepção, mas também para que você se sinta à vontade para usá-lo de forma prolongada.
Métodos anticoncepcionais mais comuns

Para facilitar o entendimento, o site MD Saúde  dividiu os 20 métodos contraceptivos descritos neste artigo em 5 grupos:

  •     Métodos de barreira.
  •     Métodos hormonais.
  •     Métodos intrauterinos.
  •     Métodos permanentes.
  •     Métodos alternativos.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS DE BARREIRA

Chamamos de método anticoncepcional de barreira os métodos que se baseiam em criar uma barreira física ou química entre os esperma ejaculado e o útero da mulher.

1. Camisinha

A camisinha é um dos métodos contraceptivos mais populares no mundo, sendo o principal método utilizado pelos homens. Não possui contraindicações nem efeitos colaterais relevantes, apesar de algumas pessoas terem alergia ao látex, material usado para confeccionar a camisinha. Para estas pessoas alérgicas existem camisinhas feitas com outros materiais, como poliuretano.
Método anticoncepcional: camisinha feminina e masculina

A camisinha além de ser um eficaz método de controle de natalidade também serve para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. O seu custo é baixo, não necessita de auxílio médico e a duração da contracepção é curtíssima, apenas o tempo da relação sexual. A camisinha deve ser descartada após o fim de cada relação.


2. Camisinha feminina

A camisinha feminina é a versão do preservativo para as mulheres. Ela também é um método de barreira, servindo ao mesmo tempo como proteção contra DST e gravidez. A camisinha feminina é atualmente feita de borracha nitrílica (antigamente era poliuretano) e cobre toda a mucosa da vagina, impedindo que o pênis e suas secreções tenham contato direto com a mesma.

Apesar de terem a mesma lógica, a camisinha feminina é muito menos popular que a sua versão masculina, provavelmente porque ela não é tão simples de ser utilizada e a sua taxa de eficácia é mais baixa que a da camisinha masculina.

3. Diafragma

O diafragma é um método anticoncepcional feminino que consiste em uma cúpula flexível de silicone, com um lado côncavo e outro convexo, que precisa ser colocado à frente do colo do útero. Em geral, deve-se preenche a cúpula com espermicida antes da introdução para aumentar o seu efeito contraceptivo.

Existem vários tamanhos de diafragma, e a mulher deve encontrar aquele mais adequado para si para que o método funcione de forma satisfatória. Quando a mulher engorda ou emagrece de forma relevante, o tamanho do diafragma pode ter que ser alterado.


Método anticoncepcional: diafragma

Ao contrário da camisinha feminina, o diafragma não cobre toda a mucosa da vagina, não sendo, portanto, um método anticoncepcional capaz de prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

O diafragma não é descartado após cado ato sexual. Após removido, ele pode ser lavado e utilizado novamente em outras relações sexuais.

Assim como a camisinha feminina, o diafragma não é um método contraceptivo muito popular, sendo utilizado por somente 1% das mulheres sexualmente ativas.

4. Esponja vaginal

A esponja vagina é outra opção de método anticoncepcional de barreira para as mulheres.

A lógica por trás da esponja é semelhante à do diafragma, ela cobre a entrada do útero, mas não protege a mucosa da vagina, não servindo como proteção para as doenças sexualmente transmissíveis.


Método anticoncepcional: esponja vaginal

A esponja contraceptiva é um dispositivo macio, em forma de disco, feito de espuma de poliuretano e com uma alça para facilitar a sua remoção. A esponja já vem com espermicida e deve ser molhada antes de ser inserida na vagina. A esponja só deve ser retirada após 6 horas da última relação sexual, podendo permanecer dentro da vagina por até 30 horas. Não é preciso trocar a esponja se mais de uma relação sexual ocorrer dentro do prazo de 24 horas.

Ao contrário do diafragma, não há tamanhos diferentes para a esponja. A sua eficácia em mulheres que já tiveram pelo menos um parto é mais baixa que nas mulheres que nunca pariram.

5. Espermicida

O espermicida pode ser considerado um método de barreira porque cria uma barreira química que impede a chegada dos espermatozoides ao útero feminino. Todavia, quando usado isoladamente, sem outro método contraceptivo complementar, como camisinha, esponja ou diagrama, a sua taxa de sucesso é inaceitavelmente baixa.

Os espermicidas podem ser encontrados sob a forma de gel, espuma, creme ou supositórios. A aplicação é simples e igual ao de qualquer gel vaginal que a maioria das mulheres já utilizou alguma vez na vida.

O espermicida deve ser aplicado preferencialmente entre 10 e 30 minutos antes da relação sexual e não deve ser retirado por pelo menos 6 a 8 horas. Se o ato sexual demorar mais de 1 hora para ocorrer após a aplicação do espermicida, a sua eficácia torna-se ainda mais baixa que a habitual.

O espermicida não parece perturbar de forma significativa a flora vaginal, embora tenha sido observado um pequeno aumento nos casos de vaginose bacteriana nas mulheres usuárias deste método.

Irritação vaginal não é incomum, sendo um motivo frequente para abandono deste método. O espermicida não protege contra as doenças sexualmente transmissíveis, e nas mulheres que fazem irritação vaginal, o risco de contágio até aumenta.

Os espermicidas não provocam má-formações fetais, não havendo risco para o bebê caso a mulher o utilize sem saber que está grávida.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS

Chamamos de métodos anticoncepcionais hormonais todos aqueles que se baseiam na utilização de hormônios sexuais femininos, nomeadamente a progesterona e o estrogênio, para manipular o ciclo menstrual.

Atualmente existem diversos formas de anticoncepção hormonal, seja em comprimidos, injeção, implante, anel vaginal, etc. Existe também o DIU à base de hormônio, mas esse será abordado no tópico sobre anticoncepcionais intrauterinos.

Os contraceptivos hormonais são extremamente eficazes para impedir uma gravidez, mas não têm ação nenhuma na proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.

6. Pílula anticoncepcional


A pílula anticoncepcional é junto com a camisinha masculina o método contraceptivo mais popular em todo o mundo. A pílula é composta pelos hormônios progesterona e estrogênio e deve ser tomada diariamente, sem falhas.

Se tomada de forma correta, a pílula é extremamente eficaz em inibir a ovulação, sendo um dos melhores métodos contraceptivos. Porém, se a mulher não for disciplinada e esquece-se frequentemente de tomar a sua dose diária, a pílula pode falhar, permitindo a ocorrência de uma gravidez indesejada.

Por ser um método que manipula o ciclo ovulatório feminino, a pílula só deve ser utilizada sob orientação médica. O anticoncepcional oral não tem efeitos somente contraceptivos, ele pode ser benéfico em diversos problemas, como nas cólicas menstruais, no controle do sangramento uterino, na TPM, no controle da acne, etc. A pílula também ajuda a reduzir a incidência de alguns tipos de cânceres, como o câncer de ovário e endométrio.

Por outro lado, os anticoncepcionais orais podem provocar diversos efeitos colaterais, principalmente aqueles com doses mais altas de estrogênio. Trombose e complicações cardiovasculares são alguns dos problemas que, apesar de incomuns, podem ocorrer.


7. Minipílula

A preocupação com os efeitos colaterais provocados pela presença do estrogênio nas pílulas anticoncepcionais comuns levou ao desenvolvimento da minipílula, um anticoncepcional hormonal que contém apenas o hormônio progesterona.

A minipílula não age só inibindo a ovulação, mas também provocando um espessamento do muco cervical, o que impede a chegada dos espermatozoides à trompa, e impedindo a proliferação da parede interna do útero (endométrio), o que atrapalha a implantação de um possível óvulo fecundado.

A minipílula é, na teoria, tão eficaz quanto a pílula, com a vantagem de provocar menos efeitos colaterais. O grande problema da minipílula é a necessidade de ser tomada todos os dias praticamente na mesma hora. Um simples atraso de 3 horas ou mais é suficiente para que a minipílula perca o seu efeito protetor. Portanto, apesar de ter potencialmente o mesmo efeito protetor das pílulas comuns, na prática, a quantidade de falhas é maior, pois é preciso muita disciplina para tomar a minipílula por vários meses seguidos sem perder a hora de vez em quando.


8. Pílula do dia seguinte (PDS)

A pílula do dia seguinte é uma pílula com doses muito elevadas de hormônios e só deve ser usada de forma pontual e emergencial. Portanto, a pílula do dia seguinte não pode ser encarada como um método anticoncepcional habitual, ela é apenas um método contraceptivo de emergência.

Se você precisa recorrer à PDS com frequência, você está fazendo errado! Além de estar se expondo a quantidades elevadas, desnecessárias e perigosas de hormônios, ainda está utilizando um método de contracepção muito menos eficaz que a pílula comum ou a minipílula.

A pílula do dia seguinte foi desenvolvida para ser utilizada como uma medida emergencial de contracepção para os casos em que o método anticoncepcional habitual falhar, como por exemplo, quando a camisinha estourar ou um diafragma que saiu do lugar.

Para ser eficaz, a PDS precisa ser tomada o mais rápido possível, havendo um limite de 72 horas para que ela possa ser útil. Depois de 3 dias, a pílula já não é mais capaz de impedir uma gravidez.

Atenção: a pílula do dia seguinte não é abortiva. Se você já estiver grávida, tomá-la não fará você abortar.


9. Anticoncepcional injetável

O anticoncepcional hormonal também pode ser administrado pela via injetável em intervalos de 30 ou 90 dias, dependo da marca utilizada. Existem anticoncepcionais injetáveis compostos apenas por progesterona, como o acetato de medroxiprogesterona, e outros compostos por progesterona e estrogênio, como o acetato de medroxiprogesterona + cipionato de estradiol.

O anticoncepcional injetável pode ser encontrado sob a forma de administração intramuscular ou subcutânea. Em geral, a aplicação é feita pelo ginecologista no consultório ou por uma enfermeira no posto de saúde. As administrações costumam ser agendadas para que a mulher tenha um maior controle das datas limites. A eficácia dos anticoncepcionais com administração mensal ou trimestral é igual, mas este último é mais cômodo, pois protege por mais tempo e são necessárias apenas 4 aplicações por ano.

Apesar da menstruação poder ficar suprimida durante o uso do anticoncepcional injetável, isso não causa nenhum mal às mulheres.

Os anticoncepcionais injetáveis possuem um perfil de benefícios e efeitos colaterais semelhantes à pílula anticoncepcional.

10. Adesivo anticoncepcional

Outra opção para quem pretende utilizar um contraceptivo hormonal, mas não quer levar picadas de agulha e não deseja ter o incômodo de tomar comprimidos todos os dias, é o adesivo anticoncepcional, um produto comercializado sob o nome de Evra (norelgestromina + etilenoestradiol).

Método anticoncepcional: adesivo contraceptivo

Como o próprio nome diz, esta forma de contracepção é um adesivo, de formato quadrado com cerca de 4,5 cm x 4,5 cm, que deve ser aplicado à pele e substituído por um novo a cada 7 dias. Depois de 3 semanas, a mulher deve dar uma pausa de 1 semana para menstruar.

O adesivo pode ser aplicado no braço, costas, nádegas ou na barriga. Ele não sai com facilidade e não há problema algum em tomar banho e molhá-lo.


11. Implante anticoncepcional

O implante anticoncepcional é atualmente o método contraceptivo com a maior taxa de eficácia, com cerca de 99,95% de sucesso.

Esta forma de contracepção hormonal se baseia na implantação subcutânea de um fino bastão de plástico com etonogestrel, uma forma sintética de progesterona, em seu interior. O bastão fica por baixo da pele e libera de forma lenta e contínua o hormônio para a circulação sanguínea.

Método anticoncepcional: implante contraceptivo

O bastão é implantado no consultório do ginecologista e necessita apenas de anestesia local.  O local escolhido costuma ser a parte interna do braço e o procedimento dura 2 ou 3 minutos apenas.

O efeito contraceptivo do implante tem duração de 3 anos, sendo um método bastante confortável para quem deseja uma contracepção prolongada, mas não definitiva.

O maior problema deste método é o seu preço. Cada implante chega a custar cerca de 700 reais. Porém, como ele só precisa ser comprado a cada 3 anos, ao final deste tempo, o custo compensa.

12. Anel vaginal

O anel vaginal é outra opção de contracepção hormonal disponível no mercado. Este método anticoncepcional é um anel flexível, feito de silicone, que libera de forma lenta progesterona e estrogênio (etonogestrel + etinilestradiol).

O anel pode ser inserido pela própria mulher e não causa nenhum incômodo, mesmo durante a atividade sexual. O anel fica na vagina por 3 semanas e depois é desprezado. Após uma semana de pausa, um novo anel deve ser introduzido.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS INTRAUTERINOS

Os anticoncepcionais intrauterinos, mais conhecidos como DIU (dispositivo intrauterino), são um dos métodos contraceptivos mais seguros, confortáveis e eficazes.

Esta é uma forma de contracepção que vem ganhando bastante popularidade nos últimos anos, sendo a mais indicada por muitos médicos ginecologistas.

13. Dispositivo intrauterino (DIU)


O DIU é um pequeno dispositivo de plástico em forma de T, que deve ser implantado dentro do útero da mulher, através da vagina, pelo médico ginecologista durante uma consulta. O procedimento de colocação é simples e rápido.

Existem 2 tipos de DIU
  • o DIU revestido de cobre 
  • e o DIU revestido por hormônio progesterona, chamado de DIU Mirena.

Uma vez implantado, o DIU pode permanecer no útero por até 5 anos no caso do DIU Mirena, ou 10 anos no caso do DIU de cobre. O DIU é um método contraceptivo de longa duração, mas rapidamente reversível com a retirada do mesmo, caso seja necessário.


MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS PERMANENTES
Os métodos anticoncepcionais permanentes são aqueles que têm como objetivo esterilizar o homem ou a mulher, tornando-os inférteis de forma definitiva. As duas formas de esterilização disponíveis, seja no homem ou na mulher, são através de cirurgia.

Este método só deve ser utilizado em último caso, pois a sua reversão, apesar de possível em algumas situações, é difícil de ser realizada com sucesso. A esterilização só deve ser feita em pessoas mais velhas, que já tenham tido todos os filhos que desejam ter. Nas pessoas jovens, mesmo que já tenham 3 ou 4 filhos, o ideal é optar por um método de contracepção prolongado, pois a vida dá muitas voltas, e o que é certeza aos 25 anos, pode torna-se arrependimento aos 35.


Nenhum dos dois métodos fornece proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.

14. Vasectomia


A vasectomia é uma cirurgia que resulta em esterilização permanente do homem por impedir a liberação de espermatozoides no líquido ejaculado. Esta é forma mais efetiva de contracepção masculina.

A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples, que não precisa ser feito dentro de um centro cirúrgico hospitalar. O urologista, médico indicado para este tipo de cirurgia, faz uma pequena anestesia local na pele da bolsa escrotal e com um pequeno corte é possível chegar até o ducto deferente, canal que transporta os espermatozoides. A partir daí, basta cortar o ducto e depois suturar cada uma das pontas. A cirurgia dura cerca de 15-20 minutos e interrompe de forma definitiva a saída de espermatozoides no esperma ejaculado.

A vasectomia não diminui a libido, não interfere na ejaculação e não causa impotência.


15. Ligadura tubária
A laqueadura tubária, também chamada de ligadura das trompas, é um procedimento de esterilização que tem como objetivo impedir que a mulher consiga engravidar. Assim como a vasectomia no homem, a laqueadura é o procedimento contraceptivo definitivo na mulher.

A laqueadura tubária funciona como método anticoncepcional definitivo porque é um procedimento que causa interrupção no trajeto de ambas as trompas, impedido que os espermatozoides cheguem ao óvulo liberado por qualquer um dos ovários. O procedimento pode ser feito cirurgicamente ou por endoscópica.

A ligadura das trompas não impede a ovulação nem interfere no ciclo hormonal feminino, não causando, portanto, nenhuma alteração no ciclo menstrual.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS ALTERNATIVOS

Os 15 métodos descritos até agora têm o comum o fato de utilizarem um procedimento médico ou um dispositivo artificial para prevenir a gravidez. Existem, porém, formas alternativas de contracepção. As formas alternativas descritas a seguir são gratuitas e naturais, ou seja, não necessitam de nenhum medicamento ou dispositivo médico para “funcionar”.

A palavra funcionar acima foi colocada entre aspas porque esses métodos são as formas com maior incidência de falhas. Alguns desses métodos até poderiam ser bastante efetivos se fossem feitos de forma correta. O problema é que na prática, eles são difíceis de serem executados de forma segura.


16. Coito interrompido (coitus interruptus)

O coito interrompido é o método contraceptivo mais antigo da humanidade, havendo relatos da sua utilização no Egito antigo, há mais de 4000 anos.

O método consiste na interrupção da penetração antes do parceiro ejacular, impedindo assim que o esperma ejaculado seja introduzido no canal vaginal. Há dois grandes problemas que tornam esse método pouco efetivo: o primeiro é erro na hora certa de retirar o pênis, e o segundo é o fato do líquido pré-ejaculatório conter pequenas quantidades de espermatozoides.

O coito interrompido, portanto, não é método seguro de contracepção.

17. Tabelinha

A tabelinha é um método para estimar o período fértil. Ela pode ser utilizada tanto para quem quer otimizar as chances de engravidar, quanto para quem quer minimizá-las.

A lógica por trás deste método é a seguinte: como o espermatozoide tem uma vida média de 5 dias dentro do aparelho reprodutor feminino, e como óvulo só sobrevive por 24 horas, os cinco dias que antecedem a ovulação e as 24 horas a seguir são o período com maior risco da mulher engravidar. O pico do risco ocorre nas 48 horas antes da ovulação. Qualquer outro momento do ciclo feminino que não inclua esse curto intervalo pré e pós-ovulatório não há risco de gravidez.

Em 95% dos ciclos menstruais, a ovulação ocorre nos quatro dias antes ou depois do meio do ciclo (em um ciclo de 30 dias, a ovulação ocorre 4 dias antes ou depois do 15º dia). Em cerca de 30% dos ciclos, a ovulação ocorre exatamente no meio do ciclo (por exemplo, no 14º dia num ciclo de 28 dias ou no 15º dia num ciclo de 30 dias).

Nas mulheres que têm ciclo menstrual muito regular, a ovulação é um evento bastante previsível. Basta não ter relações no período mais crítico para não engravidar. Esse método, entretanto, tem dois problemas: o primeiro é o grande número de dias perigosos, pois o risco começa 9 dias antes do meio do ciclo e termina 5 dias depois. Mas o maior problema é o fato de muitas mulheres não terem ciclos regulares. Se a mulher não menstrua em intervalos regulares, é impossível saber antecipadamente quando será o seu meio do ciclo, informação essencial para calcular os dias de risco.


18. Muco cervical

Outra forma de prever o momento da ovulação é através do muco cervical. Alguns dias antes da ovulação, o muco produzido pelo útero altera-se, tornando-se mais espesso e elástico. Este muco é chamado de muco fértil, pois favorece a mobilidade dos espermatozoides em direção ao útero e às trompas.

Muitas mulheres conseguem detectar essa alteração nas características do seu muco, sendo uma indicação de que a ovulação está próxima de acontecer. Obviamente, esse método é muito pouco confiável para ser usado como estratégia anticoncepcional. Em geral, o muco cervical é mais usado como ajuda para quem quer engravidar do que como método para prevenir uma gravidez.

19. Amamentação exclusiva

Mulheres que pariram recentemente e ainda estão amamentando demoram a voltar a ovular, pois a prolactina, hormônio responsável pela produção de leite, inibe o processo hormonal natural que leva à ovulação. 


A amamentação pode ser utilizada para evitar a gravidez somente quando a mulher apresenta todas as três das seguintes condições:
  •     Menos de seis meses após o parto.
  •     Amamentação exclusiva, ou seja, o bebê não consome qualquer outro tipo de alimento que não o leite materno.
  •     A mulher não voltou a menstruar desde que deu à luz.

Se qualquer uma dessas condições não for cumprida, o risco de gravidez indesejada durante a amamentação torna-se inaceitavelmente alto.

20. Abstinência sexual

A abstinência sexual é o método contraceptivo mais seguro e à prova de falhas. Obviamente, quando uma pessoa está à procura de um método contraceptivo, o objetivo dela é conseguir ter relações sexuais sem o risco de engravidar. Na abstinência não há risco de engravidar, mas também não há relação sexual.

A inclusão da abstinência como método contraceptivo pode parecer absurda, mas em alguns casos ela pode ser uma opção bastante interessante.  A abstinência pode ser a melhor escolha quando a pessoa necessita de um método 100% seguro durante apenas um determinado período de tempo.

 Por exemplo, imagine uma mulher que esteja fazendo um tratamento médico com alguma droga altamente teratogênica (causadora de má-formações fetais). Se o tratamento for curto, por exemplo, 1 ou 2 semanas apenas, a opção mais segura é não ter relações neste período. Outra possibilidade é o caso de mulheres infectadas com doenças que causam má-formações fetais. Enquanto elas não estiverem totalmente curadas, o mais seguro é optar pela abstinência, um método com 100% de eficácia.

Logicamente, se for possível, qualquer um dos métodos com elevadíssima taxa de eficácia (veja a lista mais abaixo) pode ser uma opção à abstinência. Porém, para contracepção a curto prazo, a abstinência deve sempre ser considerada.

Eficácia dos métodos anticoncepcionais

Uma das primeiras coisas que o casal deve saber antes de escolher o método contraceptivo mais adequado para si é a taxa de eficácia de cada método.

Antes de seguirmos com os números, algumas explicações fazem-se necessárias. As tabelas abaixo irão mostrar duas variáveis: taxa de eficácia teórica, que é a taxa de eficácia que se atinge quando o método é utilizado de forma estritamente correta, e á taxa de eficácia real, que é o resultado que vemos na prática, sabendo que muitos homens e mulheres acabam utilizando métodos contraceptivos sem antes terem certeza de como os mesmos funcionam.

Não adianta nada você optar por um método anticoncepcional com elevada taxa teórica se na hora de usá-lo você não conseguir seguir as instruções corretamente.

Outro ponto que deve ser explicado é a forma de interpretar os números que serão fornecidos. Quando dizemos que o hipotético método X tem uma taxa de eficácia de 99%, isso não significa que a cada 100 vezes que você for usá-lo, ele irá falhar 1 vez. 99% de eficácia significa que se 100 mulheres usarem o método X de forma regular por 1 ano, pelo menos 1 delas irá engravidar. Uma método Y com taxa de eficácia de 99,9% significa que se 1000 mulheres utilizarem o método de forma regular por um ano, 1 delas irá engravidar.

Portanto, você pode utilizar um método com 95% de eficácia por vários anos e nunca engravidar. Pode usá-lo 200, 300 vezes e nunca ter problemas. Na verdade, se você utilizá-lo de forma correta, não ter problemas nunca é o mais provável.

1. Métodos contraceptivos com elevadíssima taxa de sucesso


O implante, a vasectomia, o DIU e a ligadura tubária são atualmente os métodos anticoncepcionais com maiores taxas de sucesso. Além do elevado sucesso teórico, como são métodos que dependem pouco do paciente, eles têm também uma elevadíssima taxa de sucesso real.

O anticoncepcional injetável, a pílula (comum ou minipílula), o adesivo e o anel vaginal fazem parte de uma grupo com elevadíssima taxa teórica de sucesso, mas com taxas reais um pouco inferiores, pois estas dependem, em parte, de ações da usuária. O anticoncepcional injetável ainda é o com melhor performance, pois a mulher só precisa lembrar de renová-lo uma vez a cada 3 meses, ao contrário da pílula, por exemplo, que tem que ser tomada todos os dias.


A camisinha masculina e feminina, o diafragma e a esponja são um grupo com elevada taxa de sucesso teórico, mas com taxas reais preocupantes. Exceto pela pílula do dia seguinte, que não tem taxas muito elevadas naturalmente, os outros mostram-se, na prática, mais difíceis de serem utilizados corretamente. A camisinha, por exemplo, tem taxas teóricas muito satisfatórias, porém, como ela é frequentemente utilizada de forma errada, muitas mulheres engravidam sem querer, apesar do seu uso.


Os métodos citados na tabela abaixo não devem ser utilizados como forma habitual de contracepção, pois apesar de alguns deles até terem taxas teóricas elevadas, na vida real, eles apresentam falhas com uma frequência muito elevada. Por exemplo, de 100 mulheres que praticam coito interrompido ao longo de um ano, cerca de 28 vão engravidar, uma taxa inaceitável, principalmente nos dias de hoje, quando diversos métodos extremamente eficazes estão amplamente disponíveis.


Só como curiosidade, se 100 mulheres praticarem sexo sem nenhum tipo de contracepção ao longo de 1 ano, cerca de 88 irão engravidar. Se você se encontra dentro das 12 mulheres que não engravidam, você e o seu parceiro podem ser considerados um casal infértil. Se a gravidez é um desejo, é preciso recorrer a um médico especializado em fertilidade.

Fonte: MD Saúde

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