quinta-feira, 27 de março de 2014

Doença Psicossomática: entenda

O termo ‘psicossomática’ foi utilizado pela primeira vez por um psiquiatra alemão chamado Heinroth, em 1808, quando realizou seus estudos sobre insônia; mais tarde, em 1823, ele introduziu o termo ‘somato-psíquico’ para abordar a influência dos fatores orgânicos que afetam os emocionais. 


O termo “doença psicossomática” tem sido cada vez mais usado entre as pessoas, principalmente por médicos e outros profissionais de saúde. Também tem crescido o número de pessoas que procuram atendimento psicológico em busca de alívio para as dificuldades relacionadas a este mal.


A psicossomática é uma doença caracterizada por sinais e manifestações apresentadas pelo corpo, onde os exames médicos não conseguem descobrir uma origem orgânica ou biológica para o sintoma. Quando isso acontece os médicos costumam dizer: “Você não tem nada, isso é psicológico”, ou dizem: “isso é coisa da sua cabeça”. 




Contribuições da teoria do stress


Em inúmeros contextos da sociedade atual, o termo stress é bastante conhecido e utilizado. Na maioria das vezes, é empregado carregado de sentido negativo, pois é o causador ou a consequência de vários problemas para as pessoas. No entanto originalmente o conceito de stress contém os dois sentidos, positivo e negativo. Observa-se que o stress é um dos principais fatores que contribui para a baixa qualidade de vida da sociedade, por isso tem sido dedicada atenção especial para esse tópico tanto em programas de tratamento quanto de prevenção em saúde
É possível ter uma visão tanto positiva quanto negativa do stress, ou seja, por um lado ele pode ser o
estímulo para buscar novas conquistas e, por outro, o resultado de um esforço exagerado que leva ao adoecimento.
Naturalmente, as respostas ao stress mobilizamo organismo a encontrar recursos para enfrentar as situações que lhe exigem adaptação. A maneira como esses esforços são direcionados e a identificação das suas consequências é que ajudam a ter êxito ou não com a saúde (Andrews, 2003


Stress e aspectos psicossociais nas doenças crônicas de pele



Montagu (1988), um dos principais pensadores sobre o assunto, afirmou que, num primeiro momento, é possível refletir por que colocar o foco de atenção na pele e por que ainda existem tão poucos estudos em relação a ela quando comparados ao câncer, por exemplo. Na realidade a pele pode, muitas vezes, passar despercebida. 

De acordo com o mesmo autor, a pele é um órgão de comunicação e percepção visível. Ela é o maior órgão de percepção no momento do nascimento, tornando-se o meio para o contato físico e para a transmissão de sensações físicas e emoções. As ligações existentes com o sistema nervoso tornam a pele altamente sensível às emoções, independente da consciência. 

A pele expressa os sentimentos, mesmo quando não se está ciente deles, e ajuda a aprender e conhecer mais sobre o ambiente. É possível identificar a pele como um sistema nervoso externo que se mantém em conexão com o sistema nervoso interno (SNC), uma vez que o sistema nervoso é uma parte escondida da pele e ambos são formados pela ectoderme, que envolve todo o corpo embriônico

É de conhecimento público que o stress , físico ou emocional, tem repercussões em inúmeras der-
matoses, que são também geradoras de stress. O prurido, consequência de diversas dermatoses, sofre ampla variação de intensidade, tendo como forte fator contribuinte o stress. 

Entre as doenças de pele citadas na literatura que demonstram a influência do stress, também chamadas de psicodermatoses, estão

  • dermatite atópica, 
  • a desidrose, 
  • o líquen simples crônico ou neurodermite, 
  • a dermatite seborréica, 
  • a psoríase (foto ao lado),
  •  a acne vulgar, 
  • a rosácea, 
  • a alopécia areata (perda de pelo ou cabelos), 
  • a hiperidrose (suor excessivo), 
  • a urticária (coceíra),
  •  o herpes simples 
  •  o vitiligo
Outros sintomas podem surgir como, dor de cabeça, insônia, palpitação, entre outros.

Exemplo de doença pscossomática

Para você compreender melhor,  o psicólogo Elídio Almeida exemplifica com uma relato: 

Ricardo (nome fictício) reparou que sua barba começou a cair em uma região do seu rosto. Preocupado, procurou um dermatologista e outros médicos para resolver o problema. Tomou vários remédios, fez vários exames, mas o problema persistiu, até que um médico lhe disse que aquilo era uma doença psicossomática e que ele deveria procurar um psicólogo. Na psicoterapia, Ricardo se deu conta de alguns aspectos de sua vida. Ele é um rapaz que convive diariamente num ambiente muito tenso e estressante. Conviver o tempo todo com o estresse faz com que ele sinta seu coração descompassado, uma diminuição da circulação do sangue e, com o passar das horas, surgem manchas vermelhas em algumas partes do seu corpo. Como o ambiente é sempre estressante e as manchas surgem sempre no mesmo lugar, os pelos que havia naquela região começaram a cair. Ele descobriu que estava “somatizando” todo o estresse que ele vivia. 

Somatizar é manifestar no corpo, na forma de uma doença ou um sintoma, algum conflito emocional. Por exemplo, uma pessoa ansiosa que sente dor de cabeça ou de estômago, como resultado da sua ansiedade.

  No caso do personagem fictício Ricardo, o contexto de estresse e ansiedade constante em que ele vivia causava a queda dos pelos de sua barba. Tal contexto produzia alterações no sistema no sistema nervoso e dessa forma a doença psicossomática se instalou. Lógico que alguns remédios que ele usou até pode ter apresentado alguma melhoras ou redução dos sinais e sintomas, mas não resolveu o problema, pois o que causava e mantinha a queda ainda estava presente no seu dia a dia, que era ambiente extremamente tenso. Mesmo depois de descobrir o que tem causado e o que mantém a doença psicossomática, o processo terapêutico deve continuar para descobrirmos formas de mudar o contexto e ter mais eficiência no processo de enfrentamento, relato o psicólogo Elídio Almeida.



Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo





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