quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Depressão

 O que é Depressão?

A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado.


A depressão é uma doença

Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.

 Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais, muitas vezes, são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética.

 A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresenta o problema em algum momento da vida.

No diagnóstico da depressão levam-se em conta: sintomas psíquicos; fisiológicos; e evidências comportamentais:

 Sintomas psíquicos

Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa.

Os pacientes costumam aludir ao sentimento de que tudo lhes parece fútil, ou sem real importância. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. Tudo lhes parece vazio e sem graça, o mundo é visto “sem cores”, sem matizes de alegria. Em crianças e adolescentes, sobretudo, o humor pode ser irritável, ou “rabugento”, ao invés de triste. Certos pacientes mostram-se antes “apáticos” do que tristes, referindo-se muitas vezes ao “sentimento da falta de sentimentos”. Constatam, por exemplo, já não se emocionarem com a chegada dos netos, ou com o sofrimento de um ente querido, e assim por diante.
O deprimido, com frequência, julga-se um peso para os familiares e amigos, muitas vezes invocando a morte para aliviar os que o assistem na doença.

São frequentes e temíveis as ideias de suicídio. As motivações para o suicídio incluem distorções cognitivas (perceber quaisquer dificuldades como obstáculos definitivos e intransponíveis, tendência a superestimar as perdas sofridas) e ainda o intenso desejo de pôr fim a um estado emocional extre-
mamente penoso e tido como interminável. Outros ainda buscam a morte como forma de expiar suas supostas culpas. Os pensamentos de suicídio variam desde o remoto desejo de estar simplesmente morto, até planos minuciosos de se matar (estabelecendo o modo, o momento e o lugar para o ato). Os pensamentos relativos à morte devem ser sistematicamente investigados, uma vez que essa conduta poderá prevenir atos suicidas, dando ensejo ao doente de se expressar a respeito.

Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes consideradas como agradáveis

 As pessoas deprimidas podem relatar que já não se interessam pelos seus passatempos prediletos. As atividades sociais são frequentemente negligenciadas, e tudo lhes parece agora ter o peso de terríveis “obrigações”.

Fadiga ou sensação de perda de energia

A pessoa pode relatar fadiga persistente, mesmo sem esforço físico, e as tarefas mais leves parecem exigir esforço substancial. Lentifica-se o tempo para a execução das tarefas.

Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões

Decisões antes quase automáticas parecem agora custar esforços intransponíveis. Um paciente pode se demorar infindavelmente para terminar um simples relatório, pela incapacidade em escolher as palavras adequadas. O curso do pensamento pode estar notavelmente lentificado. Professores experientes queixam-se de não conseguir preparar as aulas mais rotineiras; programadores de computadores pedem para ser substituídos pela atual “incompetência”; crianças e adolescentes têm queda em seus rendimentos escolares, geralmente em função da fatigabilidade e déficit de atenção, além do desinteresse generalizado.

Sintomas fisiológicos

alterações do sono: (mais frequentemente insônia, podendo  ocorrer também hipersonolência). A insônia é, mais tipicamente, intermediária (acordar no meio da noite, com dificuldades para voltar a conciliar o sono), ou terminal (acordar mais precocemente pela manhã). Pode também ocorrer insônia inicial. Com menor frequência, mas não raramente, os indivíduos podem se queixar de sonolência excessiva, mesmo durante as horas do dia.

alterações do apetite: (mais comumente perda do apetite, podendo ocorrer também aumento do apetite). Muitas vezes a pessoa precisa esforçar-se para comer, ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. As crianças podem, pela inapetência, não ter o esperado ganho de peso no tempo correspondente. Algumas formas específicas de depressão são acompanhadas de   aumento do apetite, que se mostra caracteristicamente aguçado por carboidratos e doces.

redução do interesse sexual

Evidências comportamentais

  • •retraimento social
  • •crises de choro
  • •comportamentos suicidas
  • •Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou agitação psicomotora. Frequentemente os pacientes se referem à sensação de peso nos membros, ou ao “manto de chumbo” que parecem estar carregando.  


Deve-se ainda lembrar, no diagnóstico das depressões, que algumas vezes o quadro mais típico pode ser mascarado por queixas proeminentes de dor crônica (cefaléia, dores vagas no tórax, abdome, ombros, região lombar, etc.). A ansiedade está frequentemente associada. Em idosos, principalmente, as queixas de caráter hipocondríaco costumam ser muito comuns.


 Tratamento de Depressão

O tratamento antidepressivo deve ser entendido de uma forma globalizada levando em consideração o ser humano como um todo incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais.

                              O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso


Existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente

 Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios de depressão.

A psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão.

A técnica auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar a sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse.

Dados estatísticos


De acordo com a OMS, estima-se que 350 milhões de pessoas, cerca de 5% da população mundial, sofram de depressão a cada ano [fonte: OMS, dados de 2012].
  • - No Brasil, cerca de 10% da população sofre de depressão. Deve-se notar que a maioria destas pessoas não sabe que está sofrendo de depressão. A consequência para estas pessoas é, geralmente, a falta de tratamento ou terapia pouco adaptada.
  • - Nos Estados Unidos, estima-se que 7% da população sofram de depressão.
  • - Na França, estima-se que a depressão afeta cerca de 8% da população entre 15 e 75 anos, as mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens.
  • - Na Itália, estima-se que 3% da população sofram de depressão. Este valor é menor do que a maioria dos outros países da Europa e mesmo do mundo. Esta diferença pode ser explicada por uma metodologia de cálculo diferente (os dados podem ser um pouco subestimados), mas também pelo fato de que os italianos têm, geralmente, uma boa qualidade de vida, uma dieta equilibrada e um clima bastante ensolarado. Todos estes fatores ajudam a prevenir a depressão. A Itália também é conhecida por ter pouca violência, em comparação, por exemplo, com a América do Sul, incluindo o Brasil.
  • - No Japão, estima-se que 4,5% da população sofram de depressão.

As mulheres são mais propensas a sofrer com a depressão do que os homens", afirmou Shekhar Saxena, diretor do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias Psicoativas da OMS. O número de mulheres afetadas pela depressão é 50% mais elevado que o dos homens. Esta maior prevalência nas mulheres se deve principalmente à depressão pós-parto, que afeta até uma mãe em cada cinco.

Nos casos mais graves, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de um milhão de pessoas se suicida a cada ano e uma grande porcentagem delas padece de depressão profunda. "Mais de 50% das pessoas que se suicidam sofriam de depressão", diz Saxena.


Devido ao estigma associado à doença, muitos dos portadores de depressão não admitem que estão doentes. Além disso, segundo o especialista, a depressão muitas vezes está mal diagnosticada nos jovens e crianças.

A primeira etapa do tratamento consiste em admitir que se sofre com a doença e buscar ajuda, enfatiza a OMS. "Quanto antes for iniciado o tratamento, mais eficiente ele é", afirma a organização. Os tratamentos são psicossociais e farmacológicos. Por outro lado, "a participação ativa das pessoas deprimidas e de seus parentes no tratamento é essencial", segundo a OMS.

"Existem tratamentos muito eficazes contra a depressão. Infelizmente, menos da metade das pessoas deprimidas recebem os cuidados de que necessitam. Este índice é, inclusive, inferior a 10% em muitos países", diz Saxena.

Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo

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