segunda-feira, 3 de abril de 2017

Deficiência de Vitamina D

A vitamina D, também conhecida como calciferol, é uma substância essencial para a nossa saúde, sendo uma das responsáveis pelo controle dos níveis de cálcio e fósforo no sangue e nos ossos.  Nos últimos anos, a vitamina D tem ganhado atenção na mídia e no meio médico por suas supostas ações contra infecções, câncer e doenças cardíacas.



A  vitamina  D  vem  sendo  uma  das  principais  e  mais  estudadas  substâncias  do  nosso organismo.Vários  estudos  apontam  para  a  sua  importância  não  somente  no  metabolismo  ósseo,  mas para  sua correlação com os demais órgãos e tecidos e suas implicações  em doenças não -ósseas. Esse  é  uma fato relevante, já  que historicamente a indicação clássica do uso da vitamina D é para a prevenção de doenças ósseas como  osteoporose, osteopenia, entre outras.


A vitamina D é bastante conhecida pela sua função  no desenvolvimento e na manutenção do tecido ósseo,  bem como pela manutenção da homeostase normal do  cálcio e do fósforo. Porém, evidências recentes sugerem  o  envolvimento  dessa  vitamina  em  diversos  processos  celulares  vitais,  como:  
  • diferenciação  e  proliferação  celular, 
  • secreção hormonal (por exemplo: insulina), 
  • assim  como no sistema imune e em diversas doenças crônicas  não transmissíveis

Metabolismo da vitamina D no organismo 

Existem duas formas básicas de vitamina D:
  •  colecalciferol (vitamina D3) 
  • ergocalciferol (vitamina D2)
 Ambas podem ser obtidas através de alimentos ou suplementos vitamínicos. A vitamina D3, porém, pode também ser produzida pelo nosso corpo. Através do colesterol que é consumido nos alimentos, conseguimos obter uma substância chamada 7-dehidrocolesterol. Este colesterol se deposita nas células da pele e, quando exposto à luz solar (raios UV-B), se transforma colecalciferol (vitamina D3).

Tanto o colecalciferol (vitamina D3) quanto o ergocalciferol (vitamina D2) são formas inativas da vitamina D. Para que a vitamina D possa exercer seus efeitos no organismo, mais duas metabolizações são necessárias.


O processo se dá da seguinte maneira: 
  • as vitaminas D3 e D2 obtidas na alimentação e/ou exposição solar são transportadas para o fígado, onde serão transformadas em calcidiol (25-hidroxivitamina D). 
  • O calcidiol é a forma que o corpo usa para armazenar a vitamina D. Por isso, quando queremos saber se o paciente tem níveis adequados de vitamina D no corpo, dosamos no sangue os níveis de 25-hidroxivitamina D (25OH vit D).

Quando o organismo sente necessidade de agir sobre os níveis de cálcio do sangue e dos ossos, uma parte desta 25-hidroxivitamina D é transportada até o rins, onde sofrerá o último processo de metabolização, transformando-se em calcitriol (1,25-hidroxivitamina D), esta sim a forma ativa da vitamina D.

Portanto, resumindo, a obtenção e ativação da vitamina D podem seguir dois caminhos:
  •     Alimentos » fígado » rim.
  •     Pele » fígado » rins.



A vitamina D e seus pró-hormônios têm sido alvo de um número crescente de pesquisas nos últimos anos, demonstrando sua  função além do metabolismo do cálcio e da formação óssea,  incluindo  sua  interação  com  o  sistema  imunológico,  o  que  não é uma surpresa, tendo em vista a expressão do 
receptor de  vitamina D em uma ampla variedade de tecidos corporais como:
  • cérebro,  coração,  pele,  intestino,  gônadas,  próstata,  mamas e células imunológicas, além de ossos, rins e paratireoides.

Estudos atuais têm relacionado a deficiência de vitamina D com várias doenças autoimunes, incluindo:
  • Artrite reumatoide
  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Esclerose múltipla (EM)
  • Diabetes melito tipo 1
  • Doença inflamatória intestinal (DII)
  • Doenças inflamatórias cutâneas




Benefícios da vitamina D

O principal papel da vitamina D é controlar o metabolismo do cálcio e do fósforo, mantendo os ossos saudáveis. Crianças com deficiência de vitamina D desenvolvem raquitismo e adultos sofrem de osteomalácia e osteoporose. Idosos com falta de vitamina D apresentam também menor força muscular e maior risco de quedas e fratura do colo do fêmur.



FONTES DE VITAMINA D:

    Óleo de fígado de bacalhau – 1 colher de chá contém 450 UI; 1 colher de sobremesa contém 1350 UI
    Arenque cru – 100 g contêm 1628 UI
    Salmão-vermelho cru, enlatado ou cozido – 75 g contêm 600 UI
    Salmão-rosa cru, enlatado ou cozido – 75 g contêm cerca 500 UI
    Atum – 75 g contêm cerca de 200 UI
    Ovos – 2 unidades grandes contêm cerca de 80 UI
    Bife de vaca – 75 g contêm cerca de 36 UI

Em humanos, os estudos realizados são pequenos e não  controlados,  porém  também  parecem  apontar  para  efeitos  benéficos da suplementação da vitamina D na prevenção do  desenvolvimento de doenças autoimunes, bem como na redução da gravidade da doença preexistente.

Clinicamente,  a  deficiência  de  vitamina  D,  bastante  comum  em  idosos,  inclusive  em  nosso  país,  tem  sido  relacionada  a  um  aumento  da  incidência  de  quedas,  a  uma  diminuição  da  força  muscular  e  a  uma  deterioração  do  equilíbrio,  avaliada  pela  oscilação  do  corpo  na  postura  ereta,  com  prejuízo  do  equilíbrio e aumento da incidência de quedas. Estes efeitos neuromusculares tornaram-se relevantes  na prevenção das fraturas osteoporóticas. 
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Recentemente,  estudos  demonstraram  também  a  ação  e a influência  da  vitamina  D  sobre  a  secreção  de insulina  na  célula beta  pancreática  e  sua  possível  relação  sobre  o  controle  glicêmico  e  incidência  do diabetes.

Suplementos de vitamina D

Como os especialistas ainda não chegaram ao um consenso sobre quais são os níveis adequados de 25-hidroxivitamina D, os critérios para se indicar suplementos de vitamina D mantêm-se confusos. Há médicos que indicam suplementos quando os níveis de 25-hidroxivitamina D estão abaixo de 50 ng/mL, enquanto outros somente quando abaixo de 30 ou 20 ng/mL.

As normas da Sociedade Americana de Endocrinologia sugerem suplementação de vitamina D, visando manter a concentração de 25-hidroxivitamina D acima de 30 ng/mL. Habitualmente, a dose de 600 a 800 UI por dia é suficiente para atingir este alvo.

*A suplementação com colecalciferol (vitamina D3) é mais indicada que com ergocalciferol (vitamina D2), apesar desta última também ser uma opção aceitável.

Em pessoas com deficiência mais grave, como nos casos de 25-hidroxivitamina D em níveis abaixo de 20 ou 15 ng/dl, doses diárias mais elevadas de vitamina D, como até 2.000 UI, podem ser necessárias.

Se for possível realizar alterações na dieta e no padrão de exposição solar, muitas vezes o paciente consegue alcançar níveis de 25-hidroxivitamina D adequados sem suplementos. É bom lembrar que um bom prato de salmão chega a fornecer 1.000 UI de vitamina D e 30 minutos de exposição solar pode produzir 10.000 UI de vitamina D.

Os idosos, porém, são o grupo que tem mais dificuldade de corrigir sua deficiência de vitamina D sem a ajuda de suplementos. Quem mora em locais mais frios também costuma precisar de suplementos de vitamina D, principalmente no inverno.

Como os pacientes com doença do fígado ou dos rins são normalmente incapazes de metabolizar adequadamente as vitaminas D2 e D3, a reposição costuma ser feita diretamente com 25-hidroxivitamina D ou 1,25-hidroxivitamina D
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