quinta-feira, 11 de maio de 2017

Ministério da Saúde não recomenda uso de polvos de crochê em incubadoras

Governo não proíbe bichinhos, mas diz que não vê comprovação científica dos benefícios. Iniciativa surgiu na Dinamarca, em 2013, e se espalhou pelo país; defensores apontam melhora em bebês.


Ministério da Saúde enviou uma nota técnica a todas as secretarias estaduais do país, no último mês, para informar que não recomenda o uso de polvos de crochê em incubadoras de recém-nascidos. Segundo o governo, não há comprovação científica sobre os benefícios do bichinho como instrumento terapêutico. 


O governo federal classifica os polvos do projeto Octo como um "brinquedo", e nega que a semelhança dos tentáculos com o cordão umbilical seja suficiente para despertar algum conforto extra ao bebê.

Segundo a nota técnica, qualquer brinquedo do tipo – "girafas, sapos, ursos, bonecos, carros" – geraria o mesmo benefício, "desde que respeitadas as normas e protocolos de controle de infecção hospitalar de cada unidade".

 

Em todo o Brasil, virou moda nas incubadoras esses bichinhos de lã fofinhos


 
Ao se abraçarem no brinquedo, os nenéns remetem ao cordão umbilical através dos macios tentáculos dos polvos, e com isso retomam a segurança do útero materno. No Hospital Universitário de Aarhus, a equipe médica registrou melhoras nos sistemas cardíacos e respiratórios, além de um aumento no nível de oxigênio no sangue dos bebês que fizeram amizade com os polvos de crochê.

O projeto nasceu de um grupo de voluntários, mas hoje já prepara doações para 16 hospitais em toda a Dinamarca, e pedidos para iniciar o projeto em diversos países do mundo. Os polvos precisam ser 100% algodão, e os tentáculos não podem passar de 22 centímetros. O resto é pura fofura – e saúde.



Ainda não há comprovação científica de que os polvos de crochê acalmem os bebês, mas Lissandra Andujar, neonatologista pediátrica da Maternidade Carmela Dutra, de Florianópolis, explica que é um projeto de humanização na tentativa de que o recém-nascido tenha uma vida mais próxima da que ele tinha dentro do útero, apesar de todo o ambiente da unidade de tratamento intensivo.

Os bebês prematuros sobrevivem cada vez mais, mesmo nascendo mais cedo, já que houve um desenvolvimento tecnológico muito grande. Depois, percebemos que era necessário evoluir na parte humana também. Hoje há todo um processo que começa com os recém-nascidos indo para o colo das mães assim que estão estáveis. Na incubadora, também existem alguns rolinhos para que o bebê fique mais acomodado e, dentro desse contexto, entram os polvos – explica.

*A médica esclarece que todos os polvos recebidos na maternidade são esterilizados antes de serem entregues aos bebês, excluindo o risco de infecções hospitalares. Os funcionários da maternidade se mobilizam para arrecadar material para a confecção dos objetos, que também podem ser doados voluntários.



Nenhum comentário:

Postar um comentário