Nos últimos anos as crianças e adolescentes estão se distanciando das brincadeiras. Inicialmente, foram os programas de TV, depois o videogame, o computador e hoje os smartphones e tablets agudizaram o problema.
Estes pequenos aparelhos conectados a internet móvel fazem parte da rotina de muitas crianças e adolescentes, o que aumenta drasticamente o tempo de tela, um importante indicador de sedentarismo. Isso pode ser até mais prejudicial que simplesmente não praticar exercícios. Dessa forma, é importante limitar o tempo de tela a não mais que 2 horas por dia. E, por mais bonitinho que seja, crianças com menos de 2 anos de idade não devem ser expostas às telas. Tais recomendações desenvolvidas pela American Academy of Pediatrics visam uma melhor saúde geral, prevenindo doenças na infância e na vida adulta.
No Brasil, em 2013 o tempo de tela médio foi estimado em 3,5 horas por dia! Mas, é bom lembrar que a disseminação dos smartphones e tablets ocorreu exatamente nestes últimos anos. Em outros países, como Inglaterra, Portugal e Estados Unidos, o tempo que as crianças ficam de frente para as telinhas também fica acima do recomendado.
O tempo de tela favorece o aumento da obesidade e, consequentemente o aparecimento das doenças relacionadas. Além do menor gasto energético, ficar paradinho olhando para a tela está associado a um maior consumo de alimentos calóricos e menor consumo de frutas, verduras e legumes. E estes são exatamente os hábitos de vida que não devemos ter.
É fundamental que os pais conversem com os filhos e expliquem a importância de se limitar o tempo de tela. Quem ama, cuida.
Algumas dicas para reduzir o tempo de tela das crianças e adolescentes:
- O quarto é lugar para dormir: não deve ter TV nem computador – isso melhora o sono, além de reduzir o tempo de tela
- Durante as refeições não usar celular e nem assistir TV
- Fazer o controle do tempo de tela em conjunto com o filho, tentando não ultrapassar o limite de duas horas diárias
- Proporcionar outras atividades, como escutar música, brincadeiras e jogos de tabuleiro, por exemplo
- Os filhos tendem a imitar os pais, assim é importante que os próprios pais coloquem em prática as dicas acima, dando o exemplo.
*Dra. Maria Edna de Melo é diretora da Abeso, médica Assistente do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HCFMUSP
Uso de celulares por crianças prejudica sono e desempenho escolar por Revista Exame
Mudanças biológicas podem gerar irritabilidade, mau desempenho escolar e problemas de comportamento entre as crianças.
O sono é uma atividade essencial durante a infância para prevenir problemas como déficit de atenção e dificuldades de aprendizado, mas nem todos os pais se atentam a isso ao pensar em seus filhos. A pequena Anna Vitória é um exemplo disso. A menina, de seis anos, volta da escola no fim da tarde e se concentra em seu tablet, que ganhou da mãe, Vanessa Andrade, aos quatro anos. “Ela costuma ficar na internet até umas onze horas da noite e depois dorme. Eu fico tranquila, porque minha filha não precisa acordar cedo e ela é bastante esperta”, relata.
No entanto, a mestre em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Denise Katz, explica que esse hábito não pode ser naturalizado pela família. “Não é dormindo tarde que as crianças vão acordar mais tarde. Quando ela vai muito cansada para a cama, é provável que não tenha um sono tranquilo e acorde antes das horas necessárias para crescer e se desenvolver”, afirma.
De acordo com Denise, isso acontece porque o menor tempo de descanso pode danificar as mitocôndrias – pequenas produtoras de energia para o organismo. Sem elas, o corpo ganha cansaço e a função celular diminui. “Além disso, a interrupção do sono causa a perda de neurônios importantes para manter o ciclo da vigília, que garante uma alternância saudável entre os período que a pessoa passa acordada e dormindo”, explica Denise.
Como consequência, a pediatra conta que essas mudanças biológicas podem gerar irritabilidade, mau desempenho escolar e problemas de comportamento entre as crianças.
O sono é uma atividade essencial durante a infância para prevenir problemas como déficit de atenção e dificuldades de aprendizado, mas nem todos os pais se atentam a isso ao pensar em seus filhos. A pequena Anna Vitória é um exemplo disso. A menina, de seis anos, volta da escola no fim da tarde e se concentra em seu tablet, que ganhou da mãe, Vanessa Andrade, aos quatro anos. “Ela costuma ficar na internet até umas onze horas da noite e depois dorme. Eu fico tranquila, porque minha filha não precisa acordar cedo e ela é bastante esperta”, relata.
No entanto, a mestre em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Denise Katz, explica que esse hábito não pode ser naturalizado pela família. “Não é dormindo tarde que as crianças vão acordar mais tarde. Quando ela vai muito cansada para a cama, é provável que não tenha um sono tranquilo e acorde antes das horas necessárias para crescer e se desenvolver”, afirma.
De acordo com Denise, isso acontece porque o menor tempo de descanso pode danificar as mitocôndrias – pequenas produtoras de energia para o organismo. Sem elas, o corpo ganha cansaço e a função celular diminui. “Além disso, a interrupção do sono causa a perda de neurônios importantes para manter o ciclo da vigília, que garante uma alternância saudável entre os período que a pessoa passa acordada e dormindo”, explica Denise.
Como consequência, a pediatra conta que essas mudanças biológicas podem gerar irritabilidade, mau desempenho escolar e problemas de comportamento entre as crianças.
‘Pais devem criar rotina com filhos’
Denise Katz alerta que um problema para o sono infantil é o uso frequente de eletrônicos. “A luz emitida pela tela afeta a percepção do cérebro sobre ser dia ou noite”, afirma. Ela conta, ainda, que a luminosidade azul desses itens inibe a secreção de melatonina, hormônio que estimula o sono.
Casos assim se tornam ainda mais preocupantes ao se olhar as estatísticas. Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) alertam que 57% dos usuários de internet brasileiros entre nove e dez anos de idade acessaram a rede mais de uma vez por dia, em 2017.
O último levantamento do Comitê Gestor da Internet, de 2015, alerta que 82% das crianças e adolescentes usam o celular para acessar a web.
Para atenuar esse comportamento revelado nas pesquisas, a médica aconselha que os responsáveis criem rotina para os pequenos e retirem os eletrônicos das mãos deles uma hora antes de colocá-los para dormir.
“As crianças gostam de estar acordadas e presentes na rotina dos pais. Criar um ritual pré sono pode ajudar para que esse momento [de levá-las para a cama] seja mais tranquilo e bem aceito”, propõe. “Sugiro começar com um banho relaxante, seguido por um chá e histórias e músicas serenas”, completa.
Ela também sugere que refeições nutritivas, tempos limitados de cochilo à tarde e hora definida para dormir virem regras na vida dos filhos.
A mestre em pediatria orienta que os responsáveis observem o sono do filho mais novo. “Um bebê de um ano deve dormir 14 horas no dia. Se ele dorme pouco pela manhã, deve compensar o resto à noite”, instrui.
De acordo com a especialista, esse hábito se torna importante na medida em que metade dos pequenos entre dois e quatro anos experimentam um problema de sono no Brasil, e 4% deles têm insônia comportamental.
Esse distúrbio resulta em processos interrompidos de desenvolvimento cerebral. A pediatra explica que durante a fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais realistas, por exemplo, acontecem processos de replicação de neurônios importantes para a saúde cerebral. “Por conta disso, as crianças devem dormir antes das 22h. O ideal é entre 19h e 20h”, afirma.
Fonte: Revista Exame
Abeso
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