terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Materiais que são Reciclados e não Reciclados, coleta seletiva

A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta que desvia, do destino em aterros sanitários ou lixões, resíduos sólidos que poderiam ser reciclados.

No Brasil existe coleta seletiva em cerca de 135 cidades, de acordo com o professor Sabetai Calderoni (autor do livro Os Bilhões Perdidos no lixo Ed. Humanitas). Na maior parte dos casos a coleta é realizada pelos Catadores organizados em cooperativas ou associações.

A população brasileira gera diariamente aproximadamente 126 mil toneladas de lixo e são muitas as discussões sobre o destino deste material e o que fazer para que ele não prejudique o meio ambiente. A reciclagem tem sido uma grande solução e ela começa dentro de casa, com a separação do lixo. Mas e depois? Qual é o processo até que esses resíduos sejam reciclados?



As cooperativas de reciclagem desenvolvem o processo de tratamento dos materiais recicláveis e os enviam às empresas recicladoras, mas até esta fase existe uma série de etapas que a antecedem:

 

Coleta: nela os catadores coletam o lixo reciclável como alumínio, papel, plástico e vidro, e entregam à cooperativa. Essas empresas contam com o trabalho dos catadores ou até mesmo funcionários dessas próprias empresas.
Triagem: quando o material chega às cooperativas ele precisa ser separado para que nas empresas recicladoras sejam tratados e reciclados, portanto, devem ser colocados em seus respectivos latões, de acordo com o tipo de cada material. 
Prensa: o material já separado é prensado e para que isso aconteça é preciso de grandes prensas que compactam material em grande quantidade. 
Venda: nessa etapa todo o material é transportado e vendido para empresas recicladoras que fazem o processo de reciclagem, tornando a usar esses materiais como matéria-prima.

As cooperativas de reciclagem ajudam a gerar empregos e colaboram para a valorização do trabalho de catadores. A reciclagem auxilia no processo de preservação ambiental, ao passo que diminui o uso de recursos naturais para a fabricação de embalagens.

Com isso alguns objetivos importantes são alcançados:
  • a vida útil dos aterros sanitários é prolongada e o meio ambiente é menos contaminado.
  • Além disso o uso de matéria prima reciclável diminui a extração dos nossos tesouros naturais.
  • Uma lata velha que se transforma em uma lata nova é muito melhor que uma lata a mais. E de lata em lata o planeta vai virando um lixão...

Sistemas de coleta seletiva podem ser implantados em uma escola, uma empresa ou um bairro. Não há uma fórmula universal. Cada lugar tem uma realidade e precisamos inicialmente de um diagnóstico local:
  • Tem cooperativas de catadores na minha cidade? 
  • O material separado na fonte e doado vai beneficiar um programa social? 
  • Vamos receber relatórios mensais dos pesos destinados? 
  • Qual é o tipo, volume e frequência de lixo gerado? 
  • O que é feito atualmente? 
  • A cooperativa poderá fazer a coleta no local? 
  • Pra que separar em quatro cores se a coleta será feita pelo mesmo veículo? 
  • Como podemos envolver as pessoas? Jornalzinho? Mural? Palestras?

Como você pode ver coleta seletiva é bem mais que colocar lixeiras coloridas no local

A Coleta seletiva deve ser encarada como uma corrente de três elos. Se um deles não for planejado a tendência é o programa de coleta seletiva não perseverar. Este interesse pela coleta seletiva e reciclagem é muito importante!

Porém existem dois outros itens igualmente importantes, nessa cadeia, que são a educação ambiental e a destinação. Sem que cada elo desta corrente seja previsto e planejado o sucesso da empreitada fica comprometido.

*Portanto, em primeiro lugar, temos que pensar na destinação, pois não vai adiantar nada acumular materiais recicláveis em nosso quintal antes de saber que destino dar a esse material. (esta prática inclusive permite o acúmulo de água parada e a transmissão da dengue).

O comércio de recicláveis tem características fortes que, eventualmente, dificultam a implantação de coleta seletiva. Este comércio tem 4 exigências determinantes:
  •     Quantidade,
  •     Qualidade,
  •     Frequência e
  •     Forma de pagamento.
Entenda abaixo:

  • As indústrias recicladoras, principais compradores de matéria prima reciclável, só compram em grandes quantidades (mínimo 1 tonelada), 
  • Material selecionado e enfardado; isso determina a qualidade. Compram dos atravessadores que compram das cooperativas e dos sucateiros. 
  • A indústria dá preferência a quem fornece sempre esse material: frequência. 
  • E a forma de pagamento costuma ser em 30 a 40 dias. As indústrias recicladoras são fábricas de vidro, de papel e papelão, de latas de alumínio e fábricas de sacos de lixo que reciclam alguns tipos de plástico,Indústrias têxteis usam o poliester vindo do PET.

Antes de começar a coletar precisamos mapear as possíveis destinações do material a ser coletado para doar para a cooperativa. Verifique os grupos de catadores organizados de sua cidade, pergunte se eles fazem a coleta ou será necessário levar, como deve ser feita a separação, etc Outra coisa: quanto mais perto o destino do lixo reciclável, melhor, para evitar o aumento do custo do transporte do material. O custo do transporte é o grande vilão da coleta seletiva.

Uma outra destinação importante na viabilização de pequenos projetos de implantação de coleta seletiva, tais como condomínios e escolas, são as instituições filantrópicas que já comercializam com algum atravessador o material reciclável que acumula. A doação será muito bem vinda e o objetivo principal que era evitar que este material fosse parar no aterro sanitário e fazer com que ele retorne para a linha de produção, economizando recursos naturais, será alcançado.

Melhor que trocas e recompensas (ou mesmo multas) é a sensibilização, pois uma mudança profunda só acontece quando entendemos as razões pelas quais ela é tão importante.

Portanto todos os esforços na educação ambiental, na comunicação e sensibilização (mesmo que seja mais difícil e mais demorado) pois os resultados serão definitivos.

Se o seu objetivo é ter lucro e vender o material, isso é possível, desde que a sua razão social preveja a venda de recicláveis. De outra forma é prática de caixa dois, ou seja atividade ilícita.

Mais importante que as cores e o numero de coletores é a coerência com o que vem antes e o que vem depois.




O fato é que na maioria das vezes a coleta não é multi seletiva, ou seja, não há uma coleta para cada tipo de material, como acontece na Europa onde o sistema de 4 cores surgiu. Aqui o mesmo caminhão vai coletar todos os materiais recicláveis. Quem observa a coleta se sente frustrado após o esforço de separar por cores.

Ademais a comercialização dos recicláveis se dá após uma separação muito mais fina.
  • Os plásticos, por exemplo, ao chegarem na cooperativa, deverão ser selecionados por tipo e cor e só então enfardados para a comercialização. Há mais de 300 tipos de plásticos. 
  • Da mesma forma o papel, são separados por tipo: papel branco, revista, jornal, papelão, papelão com impressão de um lado, papelão com impressão dos dois lados, e assim vai.
*Ou seja: mesmo que a separação na fonte seja feita em quatro cores no galpão terá de haver uma nova separação.

Outros motivos para não se separar em 4 cores.

    O espaço necessário é maior;

  •     Dificuldade de enquadrar alguns materiais como a embalagem longavida. Elas são feitas de papelão, alumínio e plástico. Em que lixeira devo colocar? E o isopor, em que lixeira colocar?
  •     Com uma lixeira para todos os recicláveis podemos utilizar o sistema de lixeiras individuais aumentando a responsabilidade individual pela separação dos recicláveis.
  • Esse é o sistema Canadense muito utilizado nos EUA e recomendado pelas cooperativas brasileira


De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE em 2000, coleta-se no Brasil diariamente 125,281 mil toneladas de resíduos domiciliares, e 52,8% dos municípios brasileiros dispõem seus resíduos em lixões.

  • Hoje estima-se que 1 em cada 1000 brasileiros é catador.
  • 3 em cada 10 catadores gostariam de continuar na cadeia produtiva da reciclagem mesmo que tivessem uma alternativa. Estes têm orgulho de ser Catador.

Há Catadores de todo tipo

  •     Trecheiros: que vivem no trecho entre uma cidade e outra, catam lata pra comprar comida.
  •     Catadores do lixão: catam diuturnamente, fazem seu horário, catam há muito tempo ou só quando estão sem serviço de obra, pintura etc.
  •     Catadores individuais: catam por si, preferem trabalhar independentes, puxam carrinhos muitas vezes emprestados pelo comprador que é o sucateiro ou deposista.
  •     Catadores organizados: em grupos autogestionários onde todos são dono do empreendimento, legalizados ou em fase de legalização como cooperativas, associações, ONGs ou OSCIPs.
O Catador é um sujeito que, historicamente, tira do lixo o seu sustento. Seja através da prática da coleta seletiva junto a alguns parceiros que doam o seu lixo ou, melhor ainda, seus recicláveis selecionados na fonte; seja caçando recicláveis pelas ruas e lixões, sacando os recicláveis do lixo misturado que o gerador não teve a decência de separar e colocou no mesmo saco o que pode e o que não pode ser reaproveitado.

Com esse “trabalho” a companhia de limpeza urbana deixa de pagar inúmeros kilos que seriam coletados e dispostos em aterro ou lixão. Na pior das hipóteses é uma economia. É um serviço a população já que esses materiais coletados pelos catadores vão evitar o consumo de matéria prima virgem – recursos naturais esgotáveis – além da economia com coleta e disposição final.

Dentre os Catadores organizados ou em organização existem:



    Grupos em organização: com pouca ou nenhuma infra-estrutura, muita necessidade de apoio, e vontade de trabalhar em grupo e se fortalecerem.

    Catadores organizados autogestionários: grupos que funcionam como cooperativas de fato onde decisões são tomadas de modo democrático, as vendas e os resultados são de domínio de todos graças a transparência das informações que muitas vezes são afixadas na parede - o valor da venda, dos descontos, as atas das reuniões e etc.  Não há uma liderança única da qual dependam todas as decisões e todos os associados representam o empreendimento como dono.

    Redes de cooperativas autogestionárias: A ideia de rede é uma forma de fortalecer os grupos na busca de quantidade, qualidade e frequência que são algumas das imposições do mercado da reciclagem. Em rede os grupos podem vender por melhores preços por terem juntos maiores quantidades e aqueles que não tem prensa poderem enfardar o material.

Em rede os grupos também podem se organizar para otimizar a coleta e realizarem inclusive coleta de outros materiais como óleo de cozinha, alimentos entre outros.

E há também:

    Coopergatos: Grupos não autogestionários, que tem um dono, onde um manda e todos obedecem e funciona como uma empresa privada só que sem os benefícios sociais que uma empresa privada teria que dar.

    Cooperativas de Sucateiros: Alguns sucateiros que, nem sempre, mas frequentemente tem com catadores relações pra lá de exploratórias, percebendo vantagens junto a políticas públicas se regularizam legalmente como cooperativas mas funcionam como empresa privada, sob a fachada do cooperativismo. Infelizmente esse padrão é bastante frequente.

    Cooperativas de apoiadores: Grupos de catadores organizados por pessoas que não tem histórico na catação e se auto-declaram catadores (mas tem perfil de apoiador) para exercer uma liderança sem nenhum compromisso com o processo emancipatório dos catadores. Apoiadores só deveriam fazer parte de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis se fosse no conselho consultivo, sem direito a voto e sem direito a renda.

Catadores são vítimas de preconceito por parte da sociedade. São atores históricos da gestão dos resíduos nas cidades e da cadeia produtiva da reciclagem e merecem políticas públicas que fortaleçam seu perfil empreendedor e ecológico.

O estilo do apoio no Brasil é o do amparo, da tutela simbólica, que vê os atores históricos como incapazes, estilo cesta básica e assistencialismo. Será bom entender o que é apoio dentro de uma premissa emancipatória.



Você sabe exatamente quais são os materiais que são recicláveis e  não recicláveis?

 São considerados recicláveis aqueles resíduos que constituem interesse de transformação, que têm mercado ou operação que viabiliza sua transformação industrial. 

Para citar um exemplo: 

fraldas descartáveis são recicláveis, mas no Brasil não há essa tecnologia (ainda). Portanto não há destino alternativo aos lixões e aterros sanitários para fraldas descartáveis no Brasil. Logo, fraldas descartáveis não se configuram como materiais recicláveis no nosso contexto.

Este exemplo também é bom para demonstrar como não há “receita de bolo”  e a importância de o programa de coleta seletiva ter coerência com a realidade local, isto é, a realidade social, ambiental e econômica.

Na lista abaixo há materiais ditos não recicláveis que em certas regiões tem compradores, podendo ser considerados portanto recicláveis.



Papel
Recicláveis

Folhas e aparas de papel
Jornais
Revistas
Caixas
Papelão
Formulários de computador
Cartolinas
Cartões
Envelopes
Rascunhos escritos
Fotocópias
Folhetos
Impressos em geral
Tetra Pak
Não Recicláveis

Adesivos
Etiquetas
Fita Crepe
Papel carbono
Fotografias
Papel toalha
Papel higiênico
Papéis engordurados
Metalizados
Parafinados
Plastificados
Papel de fax

Cuidados especiais:
Devem estar secos, limpos (sem gordura, restos de comida, graxa), de preferência não amassados. As caixas de papelão devem estar desmontadas por uma questão de otimização do espaço no armazenamento.


Metal
Recicláveis

Latas de alumínio
Latas de aço: óleo, sardinha, molho de tomate.
Ferragens
Canos
Esquadrias
Arame
Não recicláveis

Clipes
Grampos
Esponja de aço
Latas de tinta ou veneno
Latas de combustível
Pilhas
Baterias
Cuidados especiais:
Devem estar limpos e, se possível, reduzidos a um menor volume (amassados)


Plástico
Recicláveis

Tampas
Potes de alimentos
PET
Garrafas de água mineral
Recipientes de Limpeza
Higiene
PVC
Sacos plásticos
Brinquedos
Baldes
Não recicláveis

Cabo de panela
Tomadas
Adesivos
Espuma
Teclados de computador
Acrílicos
Possivelmente recicláveis

Isopor tem reciclagem em algumas localidades
Cuidados especiais:
Potes e frascos limpos e sem resíduos para evitar animais transmissores de doenças próximo ao local de armazenamento .
  


Vidro
Recicláveis

Potes de vidro
Copos
Garrafas
Embalagens de molho
Frascos de vidro
Não recicláveis

Planos
Espelhos
Lâmpadas
Cerâmicas
Porcelanas
Cristal
Ampolas de medicamentos
Cuidados especiais:
Devem estar limpos e sem resíduos. Podem estar inteiros ou quebrados. Se quebrados devem ser embalados em papel grosso (jornal ou craft).


O Projeto de Reciclagem na minha cidade LONDRINA-PR é exemplo a ser seguido, veja como funciona


Coleta de Resíduos Recicláveis: Londrina recicla

O “Programa Londrina Recicla” foi instituído por meio do Decreto Municipal nº 829/2009 que passou a estimular a formação de cooperativas de trabalho, a qualificação e aprimoramento das práticas já existentes, assim como a humanização do trabalho realizado pelos catadores.

A partir de março de 2010, a CMTULD formaliza o primeiro contrato de prestação de serviços de coleta seletiva com a COOPER REGIÃO. A contratação foi realizada por meio de dispensa de licitação, conforme estabelece a Lei Federal de Licitação nº 8.666/1993, em seu Artigo nº 24, inciso XXVII. E assim sucessivamente formaram outras cooperativas de catadores que também foram contratadas e desde 2015 são sete cooperativas que atuam na coleta seletiva de Londrina.

Por meio do contrato as cooperativas recebem pela prestação do serviço de coleta; subsídios para apoio administrativos e técnicos, para compra de uniformes e Equipamentos de Proteção Individual (EPI); repasse para o recolhimento do INSS e repasse para pagamento de locação dos barracões de armazenamento e triagem dos materiais recicláveis recolhidos. A coleta seletiva no sistema porta a porta é realizada uma vez por semana em cada setor.



Atualmente, a coleta seletiva é realizada em 100% da área urbana, incluindo distritos, patrimônios e vilas rurais totalizando 230.095 domicílios, recolhendo em média 9.010.379 kg de material reciclável que é comercializado diretamente no mercado. 

Do total de domicílios da cidade, os serviços são distribuídos para as 7 cooperativas devidamente credenciadas que empregam 343 recicladores, divididos da seguinte forma: 

  • COOPER REGIÃO atende 39%; 
  • COOPEROESTE atende 14%; 
  • COOCEPEVE atende 11%; 
  • COOPERMUDANÇA Atende 10%; 
  • COOPERNORTH atende 10%; 
  • COOPER REFUM atende 9% 
  •  ECORECIN atende 8%. 
  •  O apoio da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina- CMTU às cooperativas custou R$ 5.544.545,26 em 2017.


Orientações

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), os consumidores são obrigados, sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva, a acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados, devendo disponibilizar os resíduos reutilizáveis e recicláveis para a coleta, de acordo com a metodologia e regras estabelecidas pelo titular do serviço público de limpeza urbana.

E, deixar de segregar resíduos sólidos para a coleta seletiva, passa a ser considerada infração ambiental. Os consumidores que descumprirem as respectivas obrigações da coleta seletiva estarão sujeitos às penalidades de advertência e no caso de reincidência, sujeitos à multa. Todos os geradores residenciais, comerciais e industriais, são obrigados a separar os materiais recicláveis dos demais resíduos, estes materiais deverão ser acondicionados em sacos plásticos ou recipientes distintos dos demais resíduos.

Fonte http://www.lixo.com.br/index.php
http://www.cmtuld.com.br/index.php/coleta-reciclavel.html

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