O que é gripe?
A gripe é uma infecção das vias respiratórias provocada por um vírus chamado Influenza, que provoca surtos praticamente todos os anos na época do inverno. Quanto mais frio é o inverno, mais comum costumam ser os surtos de gripe.
A gripe é uma doença benigna na imensa maioria dos casos, possuindo uma taxa de mortalidade abaixo de 1%. Porém, por ser altamente contagiosa, ela é capaz de infectar milhões de pessoas em relativamente pouco tempo, fazendo com que uma taxa próxima de 1% represente, em números absolutos, uma quantidade grande de vítimas. Por isso, a vacinação contra o vírus Influenza tornou-se uma importante medida de saúde pública nos últimos anos.
O que é a vacina da gripe?
No Brasil, a vacina contra a gripe é feita com vírus morto. Ela contém apenas algumas proteínas específicas do vírus Influenza, chamadas de antígenos, que são capazes de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos.
O vírus influenza
É famoso pela sua elevada frequência de mutação, o que compromete a capacidade do sistema imunológico de criar anticorpos que sejam eficazes a longo prazo. Você pode ter uma gripe hoje e criar anticorpos altamente efetivos contra o vírus Influenza. O problema é que, nos próximos anos, há uma grande chance do vírus circulante já ser diferente daquele que lhe contaminou. Os anticorpos que você criou agora já não serão efetivos, ou serão apenas parcialmente efetivos, contra a nova cepa mutante.
As grandes epidemias de gripe que surgem de tempos em tempos, como a pandemia do H1N1 (gripe suína) de 2009, ocorrem toda vez que o vírus Influenza sofre mutações tão relevantes, que o tornam praticamente um vírus novo aos olhos do sistema imunológico da maioria da população. O vírus é tão diferente daqueles Influenzas que as pessoas tiveram ao longo das suas vidas, que praticamente ninguém tem imunidade contra o mesmo. Milhões de pessoas adoecem em todo o mudo, e a gripe torna-se manchete de jornais durante semanas.
Contudo, passado o período de crise, a população cria os anticorpos necessários, e a cepa do Influenza que tanto assustou torna-se um micróbio pouco temido e incapaz de infectar grandes multidões (até uma nova mutação aparecer e iniciar o ciclo todo de novo).
Como consequência desta característica do Influenza, existem várias cepas diferentes do vírus circulando ao redor do mundo. Portanto, para que uma vacina seja efetiva, ela precisa ser eficaz contra mais de um tipo de Influenza e precisa ser frequentemente atualizada, de forma a estar sempre ativa contra as mutações mais recentes.
Por isso, novas vacinas são produzidas anualmente com o objetivo de cobrir as cepas do vírus Influenza que circularam mais recentemente. No mundo inteiro há pesquisas para que possamos saber exatamente quais são as cepas que estão circulando com mais intensidade, tanto no hemisfério norte quanto no hemisfério sul. São essas pesquisas que orientam a composição da vacina a cada ano.
Atualmente, a produção da vacinas leva, em média, seis meses a partir da seleção das cepas circulantes até o produto final disponível para distribuição. Como as campanhas de vacinação são feitas no outono, a vacina costuma ser elaborada nos meses anteriores, geralmente na primavera. Desta forma, excetuando-se casos de súbitas mutações de grande intensidade, raramente existem desemparelhamentos entre as cepas cobertas pela vacina e as cepas que circulam entre a população.
A escolha pelo outono deve-se pelo fato do sistema imunológico precisar de cerca de um mês para desenvolver de forma plena uma imunidade contra as cepas presentes na vacina. Como o pico de incidência da gripe ocorre no inverno, a população vacinada terá tempo suficiente para estar preparada contra o vírus.
⏩ É bom destacar que a vacina contra a gripe não contém todas as cepas conhecidas do Influenza, apenas aquelas que provavelmente estarão mais ativas no próximo inverno.
Vacinas da gripe em 2019
Sete vacinas contra gripe tiveram aprovação da Anvisa para uso no Brasil, em 2019. As vacinas autorizados estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). São elas:
Fluarix Tetra – GlaxoSmithKline Brasil Ltda.
FluQuadri – Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.
Influvac – Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.
Influvac Tetra – Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.
Vacina influenza trivalente (fragmentada e inativada) – Instituto Butantan.
Vacina Influenza Trivalente (subunitária, inativada) – Medstar Importação e Exportação Eireli.
Vaxigrip – Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.
As vacinas influenza trivalentes a serem usadas no país, neste ano, devem conter, obrigatoriamente, três tipos de cepas de vírus em combinação e devem observar as seguintes especificações:
Um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1) pdm09.
Um vírus similar ao vírus influenza A/Switzerland/8060/2017 (H3N2).
Um vírus similar ao vírus influenza B/Colorado/06/2017 (linhagem B/Victoria/2/87).
As vacinas influenza quadrivalentes, contendo dois tipos de cepas do vírus influenza B, deverão conter as 3 cepas listadas acima mais um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013 (linhagem B/Yamagata/16/88).
Quem deve tomar a vacina contra gripe?
Qualquer pessoa com mais de 6 meses de idade pode receber a vacina contra a gripe. Porém, há certos grupos que devem receber prioridade nas campanhas de vacinação, pois são eles que apresentam maior risco de desenvolverem complicações. No caso da gripe, o objetivo das campanhas de vacinação não é eliminar a circulação do vírus, mas sim reduzir a incidência de complicações e, consequentemente, o número de óbitos.
Por isso, o público-alvo destas campanhas são:
- profissionais de saúde, indivíduos com mais de 60 anos, crianças entre seis meses e cinco anos de idade, gestantes durante o período de surto de gripe, indígenas, presos, portadores de doenças crônicas e transplantados.
Se você não faz parte do grupo alvo das campanhas e ainda assim deseja se imunizar contra gripe, não há problema nenhum. A vacina praticamente não apresenta contraindicações. Procure o seu médico ou centro de saúde de saúde e informe-se.
Contraindicações à vacina contra gripe
Praticamente todas as pessoas com mais de 6 meses de vida podem ser vacinadas contra a gripe. Em alguns países existe a vacina contra gripe feita com vírus vivo atenuado. Esta vacina possui contraindicações próprias que não serão abordadas neste texto. Nós vamos nos ater apenas à vacina feita com vírus morto, que é a vacina habitualmente utilizada nas campanhas de vacinação.
*A principal contraindicação à vacinação contra a gripe é a alergia ao ovo. Como o preparo da vacina utiliza ovos de galinha, as pessoas alérgicas podem desenvolver reações. Se você for alérgico a ovo, não tome a vacina da gripe sem orientação médica.
*Também deve haver alguma precaução em relação às pessoas que já tiveram síndrome de Guillain-Barré (SBG). Na verdade, o risco de desenvolvimento desta doença após a vacina da gripe é extremamente baixo, cerca de 1 caso a cada 1 milhão de doses.
Isso significa que o risco de se ter uma complicação da gripe é bem mais alto que o risco de desenvolver Guillain-Barré após a vacinação. Se você já teve SGB e faz parte do grupo de risco da gripe, converse com o seu médico sobre os riscos e benefícios da vacina.
*Indivíduos com doenças febris agudas não devem tomar a vacina até estarem completamente recuperados.
Efeitos colaterais da vacina contra gripe
As vacinas contra a gripe compostas por vírus mortos são geralmente bem toleradas, sendo o efeito colateral mais comum a dor e a inflamação no local da injeção. Nos estudos clínicos, os eventos adversos graves foram muito raros.
Outros efeitos adversos que podem ocorrer, mas são incomuns e geralmente de curta duração, incluem:
- dor de cabeça, febre, náuseas, tosse, irritação no olhos e dor muscular.
- Existem casos descritos de desmaios entre adolescentes, mas estes parecem estar mais ligados ao medo de agulha do que à vacina em si.
Perguntas mais comuns
1. É possível pegar gripe através da vacina?
Não. A vacina é feita com fragmentos do vírus. Não há nenhuma possibilidade de alguém ficar gripado devido à vacinação.
2. A vacina da gripe também previne resfriados?
Não, apesar de terem sintomas parecidos, a gripe e o resfriado são infecções diferentes, causados por vírus diferentes.
3. Mesmo vacinado é possível ficar gripado?
Sim, a vacina cobre as principais cepas, mas não cobre todas. A taxa de sucesso é de cerca de 70 a 90%. Porém, a maioria das pessoas que refere ter ficado gripada mesmo tendo se vacinado, na verdade apresentam quadros de resfriado. Como a maioria da população não sabe distinguir uma gripe de um resfriado, essa confusão é frequente.
4. Grávidas podem receber a vacina da gripe?
Sim, não só podem como devem.
5. Pessoas imunossuprimidas, como portadores de HIV ou transplantados, podem ser vacinados.
Sim, não só podem como devem.
6. Posso tomar a vacina em qualquer altura do ano?
Até pode, mas como o pico de eficácia da vacina ocorre nos primeiros 3 meses, o ideal é tomá-la logo antes do inverno, que é a época que os surtos de gripe costumam surgir. Tomar a vacina muito antes da época de surto pode fazer com que a sua eficácia não seja a pretendida.
7. Se eu for viajar para o hemisfério norte, a vacina brasileira é eficaz?
Apenas parcialmente, pois as cepas selecionadas não são as mesmas. No ano de 2019, por exemplo, das 4 cepas escolhidas na vacina brasileira, somente 3 estavam presentes na vacina americana e europeia. Por outro lado, se a viagem for para outro país do hemisfério sul, a cobertura é total, pois a composição da vacina costuma ser a mesma.
8. A vacina da gripe interfere com alguma outra vacina?
Não, a vacina da gripe pode ser administrada no mesmo dia ou próxima de outras vacinas.
9. Quanto tempo demora para a vacina da gripe ter efeito?
Pelo menos 2 semanas são necessárias para que os anticorpos induzidos pela vacina possam ser produzidos.
10. É mesmo preciso se vacinar todos os anos?
Sim, a vacinação precisa ser reforçada todos os anos. A vacina que você tomou em 2016 não vai lhe proteger durante o surto de gripe do inverno de 2017.
11. Não faço parte do grupo de risco. Ainda assim preciso me vacinar?
Precisar não precisa, pois o risco de complicações da gripe no seu caso é muito baixo. Porém, como a taxa de efeitos adversos da vacina é muito baixa, você estará mais seguro se for vacinado. Na avaliação entre prós e contras, o prós saem vencedores com larga vantagem.
12. Como aliviar a dor e o inchaço no braço após a vacina?
Para reduzir o edema e a inflamação, compressas frias nas primeiras 24 a 48 horas são úteis. Após 48 horas, se ainda houver dor no local da vacina, as compressas quentes funcionam melhor. Se não houver contraindicações, o paciente pode tomar analgésicos comuns, como paracetamol ou dipirona (metamizol). Se houver intensa vermelhidão, dor e edema no local após 48 horas, entre em contato com o seu médico.
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