sexta-feira, 3 de julho de 2020

A SAÚDE MENTAL EM MEIO À PANDEMIA COVID-19

A Pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-COV2, é um fenômeno mundial  de  características  ímpares,  no  sentido  de  sua  extensão,  velocidade  de crescimento,  impacto  geral  na  população  e  nos  serviços  de  saúde,  e  também  por ocorrer  em  um  contexto  de  acesso  a  muita  informação  em  tempo  bastante  curto. Alguns de seus impactos são semelhantes aos de outras epidemias, outros só estão sendo  vistos  no  presente  momento  e,  certamente,  no  futuro  a  percepção  desta pandemia ainda será modificada.





 Este documento reúne informações sobre possíveis impactos na saúde mental, traz dicas de gerenciamento de sintomas, rotina e orientações gerais que ajudam a enfrentar este momento de crise.

Todos  reagem  de  maneira  diferente  a  situações  estressantes.  Como  você responde à pandemia pode depender de sua formação, da sua história de vida, das suas características particulares, e da comunidade em que você vive. Os grupos que podem responder mais intensamente ao estresse de uma crise incluem: 
  •  Pessoas  idosas  ou  com  doenças  crônicas  que  apresentam  maior  risco  se tiverem COVID-19; 
  •  Profissionais de saúde que trabalham no atendimento à COVID-19;   
  •  Pessoas que têm transtornos mentais, incluindo problemas relacionados ao uso de substâncias. 
 Impactos possíveis

Devido  ao  período  de  distanciamento  social,  quarentena ou  isolamento,  a redução de estímulos, perda de renda pela impossibilidade de trabalhar e alterações significativas na rotina, algumas reações são comuns:  

  • Medo de ficar doente e morrer;  
  • Evitação de procurar um serviço de saúde por outros motivos, por receio de se contaminar; 
  • Preocupação  com  a  obtenção  de  alimentos,  remédios  ou  suprimentos pessoais;
  •  Medo de perder a fonte de renda, por não poder trabalhar, ou ser demitido;   
  • Alterações do sono, da concentração nas tarefas diárias, ou aparecimento de pensamentos intrusivos; 
  • Sentimentos   de  desesperança,   tédio,   solidão   e   depressão   devido   ao isolamento;  
  • Raiva,  frustração  ou  irritabilidade  pela  perda  de  autonomia  e  liberdade pessoal.   
  • Medo de ser socialmente excluído / estigmatizado por ter ficado doente;  
  • Sentir-se  impotente  em  proteger  as  pessoas  próximas,  ou  medo  de  ser separado de familiares por motivo de quarentena/isolamento;   
  • Preocupação   com   a   possibilidade   do   indivíduo   ou   membros   de   sua família contraírem a COVID-19, ou transmitirem a outros.   
  • Receio  pelas  crianças  em  casa  não  receberem  cuidados  adequados  em caso de necessidade de isolamento; 
  • Risco de deterioração de doenças clínicas e de transtornos mentais prévios, ou ainda do desencadeamento de transtornos mentais;   
  • Risco  de  adoecimento  de  profissionais  de  saúde  sem  ter  substituição adequada; 
  • Prejuízo em processos de luto caso haja restrições de rituais de despedida;  
  • Medo,  ansiedade  ou  outras  reações  de  estresse  ligadas  a  notícias  falsas, alarmistas   ou   sensacionalistas,   e   mesmo   ao   grande   volume   de   informações circulando. 
Os estressores à população durante a epidemia podem ter consequências de longo prazo nas comunidades e nas famílias:  
  •  Deterioração de redes sociais, dinâmicas sociais e economias;  
  •  Estresse ligado às questões financeiras, de emprego, moradia e em suprir necessidades básicas;
  • Estigma e rejeição em relação a pacientes sobreviventes;
  •  Raiva e agressividade voltadas ao governo ou a profissionais de saúde;   
  • Desconfiança de informações oferecidas pelas autoridades;  
  •  Desenvolvimento  ou  recaídas  de  transtornos  mentais  por  dificuldade  em acessar serviços de saúde mental.
Porém,   para   além   dos   desafios,   emergem,   em   meio   às   turbulências, consequências  positivas. 

Em  momento  críticos,  as  pessoas se  orgulham  por  terem encontrado alternativas para lidar com a situação e terem desenvolvido resiliência. Em desastres, os membros da comunidade frequentemente mostram altruísmo e cooperação,   e   as   pessoas   experimentam   um   sentimento de satisfação em  poder  ajudar os  outros.

 A  construção  de  um sentido para  o  que é vivenciado  também  traz  certo  alívio.  É inevitável pensar sobre  quais  são  as nossas prioridades na vida.


Algumas  dicas  que  podem  ajudar  a  aumentar  seu  bem-estar  neste período:  

  • Planeje  uma  rotina  mesmo  que  fique  dentro  de  casa:  
-mantenha  horários regulares  para  levantar  e  se  deitar; 
-mantenha  os  cuidados  usuais  e  rotinas  de alimentação;  
  •  Se  estiver  em  trabalho  remoto,  faça  pausas  e  se  movimente  durante  o período  de  trabalho.  Sugerimos  pausas  de  5  minutos  a  cada  1  hora  de  trabalho,  e preferencialmente que as pausas sejam ativas; 
  • Identifique pensamentos intrusivos, repetitivos e catastróficos que levam à ansiedade; 
  • aceite que eles existem, mas que não necessariamente correspondem à realidade, descubra o que funciona para seu alívio; 
  •  Evite  ler  ou  ouvir  demais  sobre  o  tema,  busque  se  informar  sobre outros assuntos,  e  evite  notícias  sensacionalistas  ou  que  tragam  ansiedade;  
  • use  as informações principalmente para planejar ações práticas; 
  • Busque fontes oficiais e seguras de informação, por exemplo, 
-Organização Mundial  de  Saúde,  Ministério  da  Saúde,  Secretarias  de  Saúde,  Universidades:             
                       informações falsas não contribuem para a prevenção.
  • Questione e verifique todas as notícias que receber, e não repasse o que não for oficialmente confirmado. Reserve um ou dois momentos do dia para se informar; 
  • Não discrimine alguém que esteja doente. Ajude-o com orientações para a prevenção de transmissão a outras pessoas;  
  • Não  procure  países  ou  etnias  responsáveis  pela  pandemia.  Discriminar pessoas por sua nacionalidade é xenofobia, e produz sofrimento psíquico; 
Crianças e Idosos 

Crianças
  • Proteja  suas  crianças,  sem  fomentar  nelas  o  medo  ou  o  pânico.  Ofereça espaços  para  que  elas  expressem  seus  medos  e  fantasias  em  relação  ao  tema.
  •  Ensine de forma lúdica e simples como ela pode se proteger;
    Idosos
  • Proteja seus idosos, informando-os sobre os cuidados necessários diante da pandemia. 
  •  Sugira  atividades  diárias  para  que  não  se  sintam  sozinhos.  
  • Mantenha contato virtual regular e, caso seja necessário contato presencial, inclua as devidas medidas preventivas. 
  • Acolha os medos e auxilie com as dúvidas que possam surgir;   
  • Foque em comportamentos preventivos que estão sob seu controle:
- lavar as mãos,
- manter  distanciamento  social, 
-seguir  rigorosamente as  recomendações  das autoridades de saúde;   
  • Mantenha o uso das suas medicações regulares, verifique se vai precisar de nova receita ou compra e se preciso, entre em contato com seu médico. Mesmo que seja necessário adiar consultas ou exames, não deixe de se cuidar; 
  •  Verifique   onde   pode   conseguir   auxílio   para   questões   práticas,   como atendimento médico, serviços de transporte, entrega de alimentos ou outras compras; 
  • acione seus contatos se precisar de ajuda; 
  • Evite o uso de álcool e outras drogas para relaxar;   
  • Faça atividades relaxantes, como meditação, escutar música, assistir filmes, ler  livros.  Vários  sites,  museus  e  serviços  de  streaming  disponibilizaram  acervos, gravações, shows e canais gratuitamente. 
  • Faça cursos online;   
  • Organize  armários,  separe  roupas  e  objetos  para  doação, faça  aqueles pequenos reparos em casa; arrume fotos, limpe caixas de e-mails, organize arquivos do celular;   
  •  Cultive os laços afetivos:
- aproveite a convivência familiar.
-Mantenha contato com  amigos  por  mensagens,  ligações  ou  vídeos. 
-Telefone  para  alguém  com  quem não conversa há muito tempo;  
  • Busque formas de ajudar a sua comunidade, incluindo familiares, vizinhos, trabalhadores. A solidariedade e a cooperação auxiliam os dois lados, e aumentam a satisfação e os vínculos sociais; 
  •  Encontre  oportunidades  para  conhecer  e  divulgar  histórias  positivas  e imagens de pessoas que se recuperaram da doença e querem dividir sua experiência;   
  • Lembre-se que as restrições impostas no momento são também para cuidar de você, de sua família e evitar contaminações;
↪Aceite o momento presente, mas lembre-se que vai passar;   
Reconheça  o  esforço  dos  profissionais  de  saúde,  segurança,  limpeza  e outros serviços essenciais que continuam trabalhando para que você fique bem.
↪Se estiver em sofrimento intenso, busque ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras: há profissionais e serviços disponíveis mesmo à distância.

Dr. Fernanda Benquerer Costa Médica Psiquiatra

Cartilha Psicovida: Para o enfrentamento do estresse em tempos de pandemia

link: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/04/Cartilha-Psicovida.pdf

Fonte:http://www.saude.df.gov.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário