Diante desse quadro, o relatório prevê um “grande aumento” de casos de infarto, de acidente vascular encefálico (derrame) e diabetes. E uma das principais causas do problema é o maior consumo de açúcar, de gordura animal e alimentos industrializados na dieta diária.
Obesidade: epidemia crescente e fora de controle
Segundo dados da Federação Mundial da Obesidade (IASO, na sigla em inglês), mais de 42 milhões de crianças menores de cinco anos estão acima do peso no mundo, das quais 35 milhões estão em países em desenvolvimento e 92 milhões correm risco de sobrepeso e obesidade.
A epidemia global de obesidade motivou a adoção pela Federação Mundial da Obesidade de uma data oficial, 11 de outubro, para alertar sobre a doença, cuja prevalência vem crescendo em quase todo o mundo. Quem coordena o movimento é o endocrinologista brasileiro Walmir Coutinho, presidente da entidade, que alerta: “A epidemia é crescente e está fora de controle. É preciso agir agora. Não se pode esperar mais para tomar as medidas necessárias”.
Para ter uma ideia, cada brasileiro consome 51 quilos de açúcar por ano, o que dá uma média de 4kg por mês, como mostra o documentário "Muito além do peso" (video abaixo). Muitas crianças brasileiras hoje não sabem diferenciar um pimentão de um rabanete, uma manga de um melão, e só querem saber de fast-food e produtos semiprontos e industrializados, pobres em nutrientes essenciais e ricos em açúcar, sódio e calorias vazias. Daí a necessidade urgente de mudança de hábitos, especialmente no que diz respeito à alimentação.
Açúcar, mais peso e mais gordura
A ingesta de alimentos doces é um fator determinante no peso e na gordura corporal.O consumo exagerado de alimentos doces e bebidas açucaradas se associa claramente com o aumento de peso e o aumento de gordura no corpo.
A obesidade é a doença crônica de maior impacto nos países desenvolvidos e no Brasil está aumentando cada dia mais.Científicos buscam a causa fundamental desse problema. Segundo a OMS os açúcares simples são todos monossacarídeos e dissacarídeos colocados nos alimentos durante seu processo de fabricação, preparação ou na mesa.
Em termos gerais, o conteúdo de açúcar de muitos alimentos processados, doces ou açucarados, é alto, em particular aos alimentos destinados as crianças. É difícil que as crianças, com a grande disponibilidade de alimentos que têm ao seu alcance consuma de forma habitual só 10% da sua dieta de açúcares simples, que é o máximo recomendado.
O excesso de consumo de açúcar tem suas consequências maléficas ao organismo. A glucose é responsável de dar energia ao corpo, porém, o excesso de glucose não utilizada pela atividade orgânica se acumula em forma de gordura. O problema com as dietas ricas em açúcares é que provocam picos de insulina seguidos de uma rápida caída da glicemia, que conduz á necessidade de comer mais doce. Essa conduta mantida por muito tempo pode conduzir a problemas como resistência a insulina e obesidade abdominal.
Relação entre açúcar e sobrepeso
Estudos afirmam que a ingesta elevada de açúcar simples pode estar associada com um maior risco de diversas doenças, desde obesidade e doenças cardiovasculares, até diabetes ou ter o fígado gorduroso. Para atualizar as recomendações sobre o consumo de açúcares a OMS fez uma revisão sistemática da literatura científica e medica, buscando evidencias que provavam que era importante reduzir a ingesta de açúcares simples a não mais que o 10%da energia total diária.
Nos ensaios realizados, a redução na ingesta de açúcares da dieta em pessoas adultas se associou com uma redução importante do peso corporal. Em crianças, a evidencia mais real confirma a relação entre o consumo de bebidas açucaradas e o risco de ter sobrepeso.
Dúvidas relacionadas a obesidade infantil
Como lidar com crianças que selecionam alimentos ou se recusam a comer?
Essa queixa dos pais é mais frequente a partir dos 2 anos. Os comedores seletivos ou picky eaters (na expressão em inglês) passam a excluir determinados alimentos, como, por exemplo, frutas, legumes e verduras; separam qualquer novidade no cantinho do prato, cospem e evitam refeições.
A prevenção para esse comportamento é cuidado e paciência ao oferecer a alimentação complementar, a partir dos 6 meses de vida. A criança está acostumada com o leite materno. É normal que estranhe os primeiros alimentos oferecidos. É preciso apresentar um alimento novo de oito a dez vezes, pelo menos, e de formas diferentes e atraentes. O comportamento seletivo também pode ser decorrente da perspicácia infantil. Ao perceber que os pais dão muito valor ao que ela come (e ao que ela não come), a criança passa a usar a recusa como estratégia de barganha.
Os pais precisam controlar a ansiedade em relação à alimentação. Converse com o pediatra para saber a melhor estratégia em cada caso.
Fonte: pediatra Walter Taam Filho, membro do Comitê de Nutrologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj).
Quando a criança deve iniciar a prática de esportes?
A partir dos 5 anos, quando as crianças começam a aprender as habilidades especificas de cada prática, elas se beneficiam dos esportes coletivos, da ginástica artística e das danças em geral. Se for para brincar, até as corridas de rua estão liberadas para maiores de 10 anos: A maturação física e psicológica deve ser o principal critério na escolha das atividades físicas ou um de esporte.
Até 7 anos deve-se oferecer opções para a criança exercitar as habilidades básicas: correr, saltar, arremessar, segurar, chutar. Natação, corrida, salto, futebol, capoeira, surfe e danças são boas sugestões.
De 7 a 10 anos ela pode fazer atividades com velocidade e combinação das habilidades anteriores. E a partir dos 11 deve-se escolher a modalidade levando em conta o tipo e a carga do exercício físico.
Como regra geral, as atividades físicas recreativas são indicadas após os 7 anos de idade, e as competições, após os 13.
Fonte: pediatra Ricardo Barros, especialista em medicina do esporte pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e diretor adjunto assistencial do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ).
O aleitamento materno previne a obesidade na infância?
A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida e continuada até dois anos ou mais é um fator de proteção contra a obesidade. E um dos fatores envolvidos nessa proteção é a presença do hormônio leptina no leite materno. Ele inibe o apetite, e, assim, o bebê fica mais saciado.
Outras pesquisas mostram que, para cada mês de atraso na oferta de alimentação complementar, há diminuição de 6% a 10% no risco de excesso de peso na vida adulta. Quanto mais tempo a mulher puder amamentar, menor o risco de obesidade na criança por toda a vida.
Portanto, o aleitamento materno deve ser incentivado por todos os benefícios que oferece ao crescimento e ao desenvolvimento saudável, e também na prevenção da obesidade infantil.
Fonte: médico Marcus Renato de Carvalho, especialista em Medicina Preventiva e Social pelo IMS/UERJ, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ e editor do site www.aleitamento.com.
Documentário brasileiro sobre Obesidade Infantil
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