quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Estresse: Fator de Risco para Doenças

A preocupação com o estresse se deve ao fato de ele afetar  90%  da  população  mundial  e  estar  fortemente  relacionado  às doenças do aparelho circulatório, que estão entre as primeiras causas de óbitos no Brasil. 


Ao estudarmos a natureza de  um  evento  estressor,  podemos  defini-lo  como  quaisquer   circunstâncias que ameaçam, ou são percebidas como ameaçadoras, ao bem-estar do indivíduo. Tais ameaças podem ser relacionadas à segurança física imediata, à segurança em longo prazo, à autoestima, à reputação e demais comportamentos e ações que a pessoa valorize.
O estresse é uma resposta do organismo (física ou mental) a um evento de esforço extremo ou importante, geralmente quando se sente ameaçado ou sob pressão. Essa resposta libera uma série de reações químicas no seu organismo, o que provoca reações fisiológicas.

O organismo passa por diversos tipos de alterações durante nosso dia a dia; isso acontece sempre que o cérebro entende alguma atividade como ameaçadora ou que cause pressão, denominada Síndrome Geral de Adaptação ao Estresse.

 Qualquer situação, seja ela boa ou ruim, quando causa alterações no organismo, é uma fonte de estresse. Os estímulos que causam o estresse são chamados de fatores de estresse ou estressores.

Esses estressores podem ser classificados de diversas formas diferentes:



Estressores críticos

São gerados por acontecimentos, bons ou ruins, que exigem reestruturação profunda na vida do indivíduo, causando reações afetivo-emocionais de longa duração. Exemplos desses acontecimentos são casamentos, nascimento de filhos, acidentes, mudança repentina no estilo de vida ou rotina, entre outros.

Estressores traumáticos

Causados por acontecimentos que ultrapassam a capacidade do indivíduo de adaptação, ocasionando traumas, como choques emocionais e problemas sociais.

Estressores cotidianos

São acontecimentos do dia a dia, como problemas de saúde, problemas de aceitação, nervosismo passageiro, problemas do trabalho em geral, problemas de relacionamento, problemas de sono, entre outros.

Estressores crônicos

São desenvolvidos por acontecimentos que se estendem por um longo período, causando experiências repetidas de estresse como desemprego ou excesso de trabalho, ou situações pontuais com consequências duradouras, como estresse decorrente por problemas do divórcio, doenças psíquicas e doenças crônicas como lúpus, diabetes, hipertensão, colesterol, e certos tipos de cânceres.
Doenças
 
O estresse também pode estar relacionado a algumas doenças como:
  • Transtorno obsessivo compulsivo (TOC);
  • Síndrome do pânico;
  • Transtorno por estresse pós-traumático (TEPT);
  • Depressão.

Sintomas do estresse
O estresse, apesar de não ser o causador de problemas graves, desencadeia alguns destes problemas, pois quando a redução do sistema imunológico do organismo afeta um indivíduo mais vulnerável, sintomas podem surgir, como:

Sensação de desgaste constante;
Alteração de sono (dormir muito ou pouco);
Tensão muscular;
Formigamento;
Mudança de apetite;
Alterações de humor;
Falta de interesse pelas coisas;
Problemas de concentração, atenção e memória;
Julgamento fraco;
Pensamentos acelerados;
Preocupações excessivas e constantes;
Dores;
Constipação ou diarreia;
Náuseas e tonturas;
Dor no peito;
Perda de libido;
Procrastinação;
Consumir álcool, cigarros ou drogas para relaxar;
Hábitos nervosos, como roer as unhas.

O estresse também pode desencadear algumas doenças, como:


Problemas de pele;
Problemas cardíacos;
Problemas gastrointestinais;
Hipertensão;
Ansiedade;
Depressão;
Resfriados frequentes;
Alergias;
Asma;
Enxaqueca;
Queda anormal de cabelo;
Infecções;
Úlcera;
Infarte;
Derrame;
Vitiligo;
Psoríase;
Herpes;
Crises de pânico.

Quando o indivíduo que sofre de estresse não está emocionalmente saudável, um ciclo vicioso de desequilíbrio se mantém, ou seja, o indivíduo não consegue voltar ao seu estado normal, permanecendo estressado. Nesses casos, o indivíduo pode passar por sintomas como:

Insatisfação com a vida;
Isolamento social;
Cansaço;
Ganho ou perda de peso;
Dores de cabeça;
Agitação;
Febre;
Tristeza;
Mau humor;
Insônia;
Falhas de concentração;
Angústia;
Baixa produtividade;
Irritação;
Medo;
Dificuldade de tomar decisões;
Esquecimento;
Sensação de perda de controle.

Diagnóstico
Se você estiver com algum dos sintomas citados acima, procure a ajuda de um médico para um diagnóstico completo, pois esses sintomas também podem ser causados por outros problemas médicos e psicológicos.

Chegar a uma consulta com as informações certas, pode facilitar o diagnóstico.  Se possível, leve um acompanhante à consulta.

Tratamento para estresse
O tratamento para o estresse se concentra em três abordagens:

Administrar os estressores

Essa abordagem requer identificar os estressores que mais pesam sobre o paciente, para que, então, seja possível eliminar, administrar ou deixar para depois, respeitando os limites de cada indivíduo.

Para que a abordagem seja eficaz, é necessário aprender a dizer não, negociar e priorizar a saúde, pois se não descansarmos direito nossas capacidades serão afetadas.

Aumentar a resistência aos estressores

Nesse caso, é necessário manter nosso organismo saudável e em maiores condições de enfrentar os desafios. Para isso é necessário:

Dormir bem;
Cuidar da saúde;
Alimentar-se de forma saudável;
Fazer atividades físicas;
Permitir-se ter momentos de prazer e relaxamento;
Evitar estimulantes e substâncias tóxicas.

Mudar a forma como enfrenta o estressor

Isso ocorre quando não se pode mudar o estressor ou eliminá-lo. Assim, é necessário que o paciente se adapte a eles. Por exemplo, em caso de estressores externos, se o problema for o trânsito, tente rotas alternativas, saia mais cedo ou tente relaxar com uma música.

Já quando os estressores são internos, é necessário mais trabalho e a melhor forma para lidar com eles é através da psicoterapia. Um psicólogo pode ser o especialista melhor indicado para lhe ajudar. 

Alguns tipos de tratamento eficazes. Os mais comuns são:

Psicoterapia;
Práticas de relaxamento;
Exercícios físicos;
Reestruturação de aspectos emocionais;
Boa alimentação;
Terapias alternativas;
Tratamentos médicos.

Convivendo
Estresse é algo normal e pelo qual todo mundo passa. Ele pode até ser benéfico, pois é o que nos faz ir atrás do que queremos e precisamos com algum grau de satisfação. Porém, quando ele permanece por um longo período, ou se torna excessivo, torna-se prejudicial.

Portanto, podemos compreender que conviver com o estresse só se torna um problema a partir do momento em que ele é excessivo e, com os tratamentos certos, a convivência em sociedade pode voltar a ser normal.

Para aliviar o estresse, o paciente pode tentar algumas dessas dicas:
  • Exercite-se! Tente começar com uma caminhada, é a melhor forma de aliviar o estresse;
  • Escrever o que lhe incomoda pode ajudar a se sentir mais aliviado;
  • Expressar os sentimentos, mantê-los para si quase nunca é benéfico;
  • Encontrar um hobby, fazer algo que gosta pode te ajudar a relaxar;
  • Aprender como relaxar o corpo, pode incluir exercícios de respiração, massagem, yoga, entre outros métodos;
  • Focar-se no agora, isto pode ocorrer com meditação, hipnose, ouvir músicas calmas e até mesmo rir.

Prevenção do estresse

As prevenções para o estresse estão inteiramente relacionadas com os tratamentos. Mudar pequenos hábitos, como a respiração e mudanças no dia a dia, podem ajudar a evitar o estresse excessivo.

Alguns fatores que podem ajudar a evitar o estresse são:

Alimentar-se de forma balanceada;
Praticar atividades físicas;
Mudar a maneira que nos posicionamos no dia a dia (uma postura melhor);
Procurar rir mais;
Fazer sexo;
Dormir melhor;
Respirar direito;
Auto incentivar-se;
Usar menos o celular;
Aprender novas maneiras de aproveitar seu tempo;
Cuidar de si mesmo;
Mudar algumas formas de pensar;
Falar sobre suas necessidades e preocupações;


A  resposta  corporal  ao  estresse  pode  ser  apresentada  em  três  estágios,  sendo  eles: 
  •  alarme, defesa  ou  resistência,  exaustão  ou  esgotamento

Sendo  assim,  quanto  mais  adiantada  é  a  fase  do  estresse,  maior  a  intensidade  e  a  gravidade  dos  sintomas  físicos  e psicológicos apresentados; ao mesmo tempo, maior é a probabilidade  do  surgimento  de  doenças,  notadamente  as  cardiovasculares, muito associadas ao estresse e aos hábitos de vida. Ou  seja,  o  estresse relacionado ao trabalho pode promover um aumento para  risco  de  doenças cardiovasculares (DCV) e acidentes vasculares cerebrais-AVCs.



Os  processos  de  reestruturação  produtiva  e  globalização  da  economia  de  mercado  têm  acarretado  mudanças  significativas  na  organização  e  gestão do trabalho. O  estresse  ocupacional  tornou-se  uma  das principais causas de adoecimento, constituindo-se  importante  risco  ao bem-estar  psicossocial  dos trabalhadores.



ESTRESSE NO TRABALHO

Na economia, o impacto negativo dessa variável tem sido estimado com base na suposição e nos achados de que trabalhadores estressados diminuem seu desempenho e aumentam os custos das organizações com problemas de saúde, com o aumento do absenteísmo, da rotatividade e do número de acidentes no local de trabalho.

As transformações econômicas, tecnológicas e institucionais que vêm ocorrendo, principalmente nas três últimas décadas, têm impactado profundamente a forma de gerir as organizações, inclusive no que diz respeito à gestão de pessoas. Tais mudanças têm gerado repercussões diferenciadas na saúde e na integridade do trabalhador.


Para sobreviver, as organizações desenvolvem um novo patamar organizacional coerente com o seu novo ambiente, que se caracteriza por ser cada vez menos previsível e por apresentar crescente instabilidade; além disso, alteram sua organização do trabalho para uma estrutura que privilegia a integração e a flexibilidade, incentivando o dinamismo, a participação do trabalhador, o trabalho cooperativo e em equipe, o incremento da velocidade, a polivalência e a rotação de tarefas. Tais práticas visam, promover a evolução tecnológica e obter competitividade.
No Brasil, dados do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS – referentes à concessão de benefícios previdenciários de auxílio-doença, por incapacidade para o trabalho superiores a 15 dias e de aposentadoria por invalidez ou incapacidade definitiva para o trabalho, demonstram que os transtornos mentais ocupam o terceiro lugar entre as causas dessas ocorrências

Com base em dados como esses, o Ministério da Saúde, sugeriu atenção para as condições de insegurança no emprego, subemprego e segmentação crescente do mercado de trabalho, pois entende que o surgimento de novas formas de adoecimento mal caracterizadas como o estresse, a fadiga física e mental e outras manifestações de sofrimento relacionadas ao trabalho tem forte relação com os processos internos de reestruturação da produção, com o enxugamento de quadro de funcionários e com a incorporação tecnológica. 

 Sempre que as exigências de vida ultrapassam a possibilidade de ter sucesso no lidar com elas estamos perante uma situação negativa. Neste  caso  o stresse é um fator de risco cardiovascular.

Considere 3 situações:

1. Stresse  agudo – Mortes súbitas por falência cardíaca e AVCs  crescem no caso de desastres naturais (terramotos, furacões, incêndios) e nas tragédias que excedem a tolerância do atingido. Se há alarme há imediatas alterações físicas: liberta-se adrenalina,  o coração bate mais depressa, irregular, baixa o fluxo de sangue para o coração, altera-se a coagulação e pode sentir dores no peito;

2. Stresse crônico – Este ainda faz mais estragos do que o stresse agudo. Uma vida penosa, imprevisível, exigente, apressada, sem lugar ao relaxamento, sem apoios está repleta de tensão física e de ansiedade. Se aliar a falta de controle e de resiliência do sujeito,  então tudo se conjuga para ocorrer  doença coronária e vascular.  Aumenta a TA,  libera-se hormônios que desgastam as artérias, predispõem à obesidade, arritmias, doenças físicas e emocionais;

3. Você e o seu comportamento – Pessoas rígidas, altamente exigentes, competitivas, com dificuldades em delegar, gerir o tempo, relaxar são as candidatas ideais ao stresse negativo. Outros, que não sendo assim, mas que sufocados em vidas estressantes enveredam por comportamentos nocivos estão em risco. Aqueles que fumam, bebem ou comem mal “para relaxar”, os que se tornam sedentários, depressivos, ou seja, a conduta vai criar um estilo de vida propício ao risco cardiovascular.

Estresse é o 4º maior fator de risco para infarto no país

Dados do Ministério da Saúde revelam que a doença fez 17,5 milhões de vítimas no mundo, no Brasil ela atingiu cerca de 30% da população

Você anda muito estressado? 


Cuidado! O estresse pode envelhecer o cérebro, pode afetar (negativamente) sua aparência e pode matar! Quase 200 mil pessoas já morreram esse ano no Brasil decorrentes de doenças cardiovasculares e o estresse é apontado como uma das principais causas. 

Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que durante esse ano quase 200 mil pessoas morreram por causa de doenças cardiovasculares no Brasil, uma morte a cada 1 segundo e meio. Estimativas feitas pelo Ministério da Saúde avaliam que 30% das mortes no país são causadas pela doença. E o estresse é apontado como uma das principais causas de infarto e Acidente Vascular Cerebral.

 Na pesquisa que descobriu pela primeira vez a ligação entre o estresse e as doenças cardíacas, os cientistas concluíram que a produção excessiva de células brancas (leucócitos) é a causa do problema. 

De acordo com os pesquisadores da Escola Médica de Harvard em Boston, a produção excessiva de leucócitos é estimulada por altas cargas emocionais que bloqueiam as artérias e outras partes do sistema cardiovascular, impedindo a circulação regular do sangue. Segundo o estudo, o estresse ativa as células-tronco da medula óssea, que por sua vez geram em excesso as células brancas. os pesquisadores descobriram que a ligação entre estresse e o sistema imunológico estaria, exatamente, na produção excessiva de células brancas
O estresse é o 4º maior fator de risco para infarto no país, perdendo apenas para o colesterol alto, cigarro e hipertensão. E o problema ainda é mais grave entre as mulheres, o Brasil tem a maior taxa de mortalidade por cardiopatias em mulheres da América Latina e os números não param de crescer.


 "A mulher está mais presente no mercado de trabalho, mas continua tendo a maior parte da responsabilidade sobre as tarefas de casa. Ela vive pressionada e ansiosa para dar conta de tantas atividades e isso tem reflexo direto na sua saúde. Se ela já traz um histórico de cardiopatia, a tendência é que esses fatores externos agravem o quadro clínico", explica o cardiologista Paulo Frange. 

O número de homens também é elevado, 60% das vítimas da doença são homens, com média de 56 anos de idade. O Ministério da Saúde, a partir de dados do IBGE, concluiu que os homens cuidam menos da saúde do que as mulheres, o que no caso do coração, ajuda a explicar a alta taxa de mortalidade masculina. 


Há vários tipos de doenças cardiovasculares, variando desde a causa até o grau de agressividade. Elas podem ser causadas por fatores genéticos ou ambientais. Mas o risco de desenvolver a doença é muito maior em pessoas com colesterol alto, diabetes, pressão alta e com hábitos de vida pouco saudáveis, como o sedentarismo, a obesidade ou pessoas com níveis elevados de estresse. 

Para o cardiologista Paulo Frange só a adoção de medidas preventivas pode ajudar a conter esse número alarmante de mortes causadas por doenças do coração. "A população precisa se conscientizar da necessidade de adotar hábitos de vida saudáveis. Quando maus hábitos alimentares se unem ao estresse diário e ao sedentarismo, as chances de a pessoa ter um problema cardíaco aumentam consideravelmente”, conclui o especialista.

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