sexta-feira, 6 de março de 2015

Excesso de proteína é prejudicial?

O consumo excessivo de proteína na dieta pode causar insuficiência renal em indivíduos saudáveis?   
    
O impacto do consumo excessivo de proteína alimentar na doença renal tem sido estudado há muitos anos, mas ainda não há evidências suficientes que comprovem que a alta ingestão de proteína possa causar danos renais em indivíduos saudáveis, e que, portanto, possuem um funcionamento normal dos rins.

Um indivíduo adulto com peso normal deve ingerir 0,8 g a1g de proteína por kg de peso corpóreo ao dia, ou 10 a 35% do valor calórico total da dieta sob a forma de proteína. Diversos estudos já mostraram que a alimentação do brasileiro tem proporção de proteínas mais alta do que o recomendado.

Algumas explicações para a possível relação entre alta ingestão de proteína e dano renal são de que, como os rins eliminam os produtos do metabolismo da proteína (como uréia, amônia, dentre outros resíduos nitrogenados), seu consumo elevado pode causar sobrecarga renal. Isso pode fazer com que a função renal seja prejudicada progressivamente. Além disso, também pode haver sobrecarga do fígado, por ser o órgão responsável pela metabolização de aminoácidos.

 Um bom exemplo é o que acontece com as gestantes, que precisam aumentar sua ingestão calórica total, com consequente aumento da proteína alimentar, e como consequência aumentam em 65% a taxa de filtração glomerular. Nem por isso elas estão em risco para desenvolverem doença renal.

Mas é importante lembrar que, mesmo não havendo comprovações científicas de danos renais com a ingestão elevada de proteína, podem ocorrer outros problemas. Por outro lado, ainda são poucos os estudos que analisam as possíveis alterações renais associadas à ingestão de dieta hiperprotéica, principalmente em relação à proteína animal. Desta forma, mais estudos são necessários para melhor elucidar os efeitos em longo prazo deste aumento de proteína na alimentação diária.

Por exemplo, quando há excesso de proteína na circulação sanguínea, esse nutriente será degradado e depois armazenado na forma de gordura, contribuindo para o desenvolvimento da aterosclerose e doenças cardíacas. Além disso, uma alimentação com altas concentrações de proteínas limita a ingestão de outros nutrientes essenciais, necessários para o organismo humano suprir a quantidade energética diária, pois, na maioria das vezes, a dieta deixa de ter variedade de alimentos. Outro agravante é que o consumo em excesso de proteína causa amento da excreção de cálcio e, portanto, diminui a utilização desse mineral.

Portanto, estudos em longo prazo precisam ser realizados para verificar essa relação, mas, até o momento, não é necessária a restrição na ingestão de proteína em indivíduos saudáveis. Já para indivíduos que têm a função renal debilitada, uma dieta restrita no consumo de proteína pode ser benéfica.

Efeitos adversos da alta ingestão de proteínas

O alto consumo de proteínas tem sido recomendado por alguns autores como estratégia a ser utilizada no tratamento da obesidade e na melhora da resistência insulínica. No entanto, tal medida não deve ser adotada sem que sejam consideradas as possíveis consequências cardiovasculares e renais associadas a este maior consumo protéico em longo prazo.

 O alto consumo de proteínas, principalmente animal, está em geral associado a uma maior ingestão de lipídios (gordura), principalmente saturados e colesterol e a uma menor ingestão de fibras, podendo aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Geralmente o maior consumo de proteínas se associa ao maior consumo de gordura saturada e colesterol, aumentando assim o risco de doenças cardiovasculares (DCV) e formação de cálculos renais e ácido úrico elevado na circulação..

Dieta da Proteína

A dieta hiperproteica (também conhecida como dieta da proteína) tem conquistado cada vez mais adeptos. Esse tipo de dieta proíbe ou restringe o consumo de alimentos fontes de carboidratos (como pão, arroz, massas, frutas), e é baseada apenas em alimentos fontes de proteínas (carnes, ovos, leite e derivados) e gorduras. Normalmente é feita como objetivo de ganho de massa muscular ou emagrecimento.

O consumo de uma dieta rica em proteínas pode ser importante no controle de peso, devido às proteínas aparentemente serem eficientes em enviar sinais de saciedade ao cérebro, contribuindo para diminuir a ingestão de alimentos. Porém, o consumo desequilibrado de macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras) a longo prazo pode levar à prejuízos no funcionamento cerebral e falta de concentração (pela diminuição do consumo de carboidratos), problemas no fígado e no coração (pelo alto consumo de gorduras, que muitas vezes acompanham os alimentos fonte de  proteínas).

A alimentação com altas concentrações de proteínas limita a ingestão de outros nutrientes importantes, necessários para que o corpo funcione de maneira adequada. 


De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico ou grupo deles isoladamente, é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários a uma boa nutrição e consequente manutenção da saúde. Por isso, a alimentação deve ser diversificada, que inclua alimentos que forneçam nutrientes como carboidratos, proteínas e gorduras; vitaminas, minerais, fibras e água, em equilíbrio.



Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo

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