quarta-feira, 11 de março de 2015

Litíase Urinária – Pedra nos Rins – Cálculo Renal

Vários fatores de risco contribuem para a formação de cálculos renais, que incluem a história familiar, sendo 2,5 vezes maior em indivíduos com antecedentes de casos na família; a idade; a raça; elevação de ácido úrico; índice de massa corporal (IMC) >30Kg/m, a presença de diabetes mellitus; síndrome metabólica e hábitos alimentares inadequados.



A litíase urinária afeta a população numa proporção de três homens para cada mulher, principalmente na faixa entre 20 e 50 anos de idade. Os países industrializados e de clima tropical têm maior incidência de cálculo urinário quando comparados aos países em desenvolvimento, fato decorrente das diferenças entre o tipo de alimentação e da perda hídrica pelo suor.


A história familiar de litíase urinária aumenta em cerca de duas vezes a probabilidade de um indivíduo apresentar a doença.

Os fatores dietéticos podem ser modificados, especificamente a alimentação, pois a composição da urina está diretamente relacionada com a mesma.


A terapia nutricional deve incluir:

  •  medidas de adequação do peso corporal, perda de peso em caso de sobrepeso e obesidade,
  •  a implementação  de recomendações de hábitos de vida saudáveis, incluindo atividade física e a mudança de hábitos alimentares inadequados,
  •  visando à redução do consumo de sódio, gordura saturada e alimentos calóricos e, principalmente, o aumento do consumo de líquidos.

Tipos de formação de cálculos


Cálculos de oxalato de cálcio

É o tipo mais comum de cálculo renal, isolado ou associado a fosfato, correspondendo a mais de 65% de todos os cálculos renais. A causa mais comum de cálculos de oxalato de cálcio é a hipercalciúria idiopática (aumento dos níveis de cálcio urinário sem aumento do cálcio sérico). Os mecanismos envolvidos na hipercalciúria estão relacionados a um aumento na absorção intestinal de cálcio (hipercalciúria absorti-va), perda renal de cálcio ou aumento da desmineralização óssea.


Outras causas de hipercalciúria (excesso de cálcio na circulação) incluem:

• hiperparatireoidismo primário,
• doenças granulomatosas,
• feocromocitoma,
• uso de glicocorticóides,
• hipertireoidismo,
• hipocitratúria,
• hiperuricosúria e
• hiperoxalúria.


Além de dieta com baixo teor de cálcio e oxalato, o uso de diuréticos tiazídicos pode estar indicado. Pode-se acrescentar citrato de potássio em pacientes com hipocitratúria associada.
Para pacientes com hipercalciúria reabsortiva (em consequência de hiperparatireoidismo) a paratireoidectomia é o melhor tratamento.

Cálculos de estruvita

Os cálculos compostos de estruvita (fosfato amônio- magnesiano) são relacionados à infecção urinária por germes produtores de urease, principalmente Proteus mirabilis e Klebsiella .Este fato provoca aumento do pH urinário e deposição dos cristais de estruvita.


Seu tratamento é direcionado para manutenção de uma urina estéril. Assim, cultura urinária de rotina, tratamento rápido e eficaz das infecções urinárias, acidificação da urina e profilaxia com antibióticos, quando indicada, fazem parte do tratamento clínico desta forma de litíase.

Cálculos de ácido úrico

A litíase de ácido úrico está relacionada a pH urinário baixo, pouca ingestão de líquidos e hiperuricemia, geralmente secundária a dieta rica em purinas ou a distúrbios metabólicos, como gota. Quando não estão associados a oxalato de cálcio, os cálculos de ácido úrico são radiotransparentes.

Cálculos de ácido úrico podem ser dissolvidos por tratamento clínico antes de se instituir terapia com LEOC ou cirurgia. O tratamento fundamenta-se em dois pontos principais: alcalinizar a urina e diminuir a quantidade de ácido úrico na urina. A alcalinização eficaz pode ser conseguida com a
administração de citrato de potássio ou bicarbonato de sódio, sempre associados ao aumento da ingesta hídrica. A redução da produção de ácido úrico pode ser feita por dieta pobre em purina (evitando-se peixes e crustáceos, carnes vermelhas e bebidas alcoólicas) ou através da administração de inibidores da xantina-oxidase (alopurinol).

Cálculos de cistina

Ocorrem em pacientes com cistinúria, que é uma doença autossômica recessiva relacionada ao transporte intestinal e renal da cistina

Cálculos de sulfato de indinavir

Desenvolvem-se durante o tratamento de pacientes portadores do vírus tipo I da imunodeficiência (HIV-1), em tratamento com o inibidor da protease denominado sulfato de indinavir. A incidência de nefrolitíase e sintomas do trato urináro.


Cálculos de sulfato de indinavir- precipitam em pH urinário fisiológico, aumentando sua solubilidade em mais de três mil vezes, com pH abaixo de 3,5. Entretanto, do ponto de vista clínico, é inviável alcançar este pH tão baixo


Alimentação na Prevenção de Cálculos Renais-Orientação aos pacientes

O cálculo renal é muito comum de acontecer. Cerca de 8% das mulheres e 15% dos homens vão apresentar cálculo renal em algum momento da vida.
Além disso, as chances de uma pessoa que já teve cálculo renal vir a ter novamente é de cerca de 50% em cinco anos. Por isso, após o tratamento, é muito importante a prevenção da formação de novos cálculos. Para isso, as orientações nutricionais são muito importantes.

A formação de cálculos renais pode aumentar em função de alguns fatores nutricionais, tais como:

  •  ganho de peso e obesidade, excesso de sal na comida e o consumo reduzido de líquidos, dentre outros.

  Desta forma, alguns cuidados na alimentação devem ser tomados para evitar a sua formação:

 Procure ingerir no mínimo 2 a 3 litros de líquidos por dia:

Tome água, limonada com adoçante e chás de ervas (camomila, erva-doce, cidreira, hortelã) ao natural ou com adoçante. Consuma quente ou gelado e de preferência, adicionado de limão. Evite adoçar com açúcar, mel ou açúcar mascavo, pois aumenta a quantidade de calorias da bebida. Evite refrigerantes ou sucos em pó e artificiais, pois aumentam os riscos de cálculos. Prefira os sucos naturais e sem adição de açúcar.


Grande parte dos pacientes portadores de litíase pode ser tratada de forma conservadora. O simples aumento da ingesta hídrica pode diminuir em até 60% a taxa de formação de cálculo. Todos os pacientes devem ser orientados a manter um débito urinário de, no mínimo, 2,5 a 3 litros por dia. Além disso, todas as drogas que podem levar à formação de cálculo devem ter seu uso interrompido.


Lembre-se: para avaliar se a quantidade de líquidos consumida está adequada, observe a urina, que sempre deve estar clara e límpida. Caso contrário, a quantidade de líquidos ingerida deverá ser aumentada.

 Cuidado com o sal!
Use o mínimo de sal possível no preparo dos alimentos e não adicione sal na comida.

 Evite:
  • -Azeitonas, bacalhau, salgadinhos, queijos amarelos, temperos e molhos prontos (catchup, mostarda, shoyu, caldos concentrados, molho inglês, sopas de pacote, cubos de caldos de carne e outros), 
  • produtos com glutamato monossódico (alimentos prontos),
  •  embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, salame, paio, carne seca);
  • - Conservas (picles, azeitona, aspargo, palmito, milho, patês, algas, chucrutes, maionese pronta);
  • - Enlatados (extrato de tomate, milho, ervilha, seleta de legumes e outros)
  • - Carnes salgadas (charque, camarão seco, defumados);
  • - Salgadinhos para aperitivos (batata frita, amendoim salgado, castanhas, chips);
  • - Bolachas salgadas, recheadas, margarina ou manteiga com sal, requeijão normal ou light.

Prefira temperos naturais de ervas para dar sabor e aroma: orégano, salsinha, cebolinha, limão, coentro, salsão ou outros de sua preferência 

Procure ler os rótulos, pois muitos alimentos industrializados possuem sódio ou glutamato monossódico na composição e não devem ser consumidos.

 Frutas: Consuma pelo menos 3 a 4 ao dia: Dê preferência à laranja, tangerina e melão. Consuma limonada e laranjada preparadas com a fruta natural, pois o ácido cítrico contido nestas frutas pode auxiliar a evitar a formação dos cálculos. Não use sucos artificiais ou refrigerantes.
Frutas vermelhas ou sucos de cranberry, framboesa e morango possuem alta concentração de protetores contra infecções.

Legumes cozidos ou crus e verduras de folha devem fazer parte das duas refeições principais (almoço e jantar), pois contém vitaminas, minerais e fibras, auxiliando no bom funcionamento intestinal, na prevenção de doenças e no aumento da resistência do organismo.

Não deixe de consumir leite e seus derivados: No geral, não há necessidade de restringir o consumo de cálcio, um tabu que ainda é muito difundido. Consuma pelo menos três copos ao dia, desde que sejam desnatados: iogurte light, ao natural, coalhada, queijo branco magro com pouco sal, ricota ou leite desnatado em pó. Somente reduza a quantidade de leite se for orientado pelo seu médico ou da nutricionista.

Prefira os alimentos integrais aos refinados, pois contém fibras que auxiliam no funcionamento intestinal: arroz e macarrão integral, biscoitos e pão integral light (sem adição de açúcar e gordura). No entanto, a quantidade destes alimentos deve ser controlada caso necessite perder peso, seguindo a orientação do nutricionista.

Prepare os alimentos sempre grelhados, assados ou cozidos. Evite frituras e empanados, pois são muito calóricos.

Consuma uma porção de carne ou substitutos (peixe, frango sem pele ou ovo), no almoço e jantar, evitando excessos. Prefira as carnes magras. Evite churrascos, pois contém muita gordura e excesso de sal. Não utilize suplementos de vitaminas ou minerais, sobretudo a vitamina C sem a prescrição do médico, pois podem propiciar a formação de cálculos.

Evite café, bebidas achocolatadas e chocolate, chá preto, mate ou verde, espinafre, nozes, mariscos e frutos do mar. Estes alimentos contribuem na formação de cálculos, pois são ricos em oxalato. Portanto, use com moderação.

                                                                                                                     
                    



 Tratamentos


O aparecimento de técnicas mais modernas de tratamento de cálculo fez com que a cirurgia aberta ficasse reservada para casos bastante complexos. Atualmente, a maior parte dos cálculos pode ser tratada de forma não-invasiva através de litotripsia extracorpórea por ondas de choque, dispensando a necessidade de anestesia

A cirurgia renal percutânea é a forma menos agressiva de tratamento para cálculos renais grandes e que não podem ser tratados adequadamente pela fragmentação com os aparelhos de litotripsia extracorpórea (LECO).

No passado, o tratamento cirúrgico dos cálculos renais era realizado por grandes incisões, com longos períodos de recuperação. Hoje, a cirurgia percutânea é realizada através incisão de 1 cm na pele da região dorsal, com recuperação muito mais rápida.


Cirurgia

A cirurgia é realizada em centro cirúrgico, sob anestesia geral. Inicialmente é colocado um cateter no ureter, utilizando um instrumento chamado cistoscópio. A função deste cateter é a injeção de contraste no rim, o que permitirá identificação do cálculo renal e também a anatomia do órgão.
Outra forma muito comum de drenagem é a sonda de nefrostomia, que é introduzida dentro do rim na área operada, através do pequeno orifício que é feito na região lombar para a realização da cirurgia. Esta sonda é mantida para drenagem de urina, geralmente sanguinolenta nos primeiros dias. Outra sonda é utilizada para drenagem de urina da bexiga.


Ureteroscopia

Esta cirurgia, denominada ureteroscopia ou, na denominação mais completa, ureterolitotripsia, tem como objetivo a fragmentação e retirada do cálculo do ureter ou pequenos cálculos, por método endoscópico. Não há necessidade de incisões ou cortes, pois o procedimento é realizado pelo orifício da uretra, permitindo então acessar as vias urinárias com menor agressividade.

Esta cirurgia endoscópica é realizada em centro cirúrgico sob anestesia, que pode ser geral ou regional, dependendo da escolha do anestesista para cada caso.

Litotripsia Extracorpórea para Ondas de Choque (LEOC ou LECO)


 Quando certos produtos químicos da urina se agregam formando cristais, uma massa endurecida chamada “cálculo” (ou pedra) se forma. A maioria das pedras começa a se formar nos rins e algumas podem se deslocar para outras partes das vias urinárias, incluindo o ureter ou a bexiga.

A litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LEOC ou LECO) revolucionou a terapêutica dos cálculos (pedras) das vias urinárias, transformando-se rapidamente na maior inovação tecnológica para o tratamento desta doença.

A LECO é um procedimento terapêutico que não necessita de incisões e é destinado a fragmentar (quebrar) cálculos das vias urinárias por meio de ondas mecânicas de acordo com o tipo de equipamento. O paciente é colocado deitado em posição dorsal ou ventral (barriga para cima ou para baixo), com a região anatômica onde se encontra o cálculo sobre uma bolha recoberta com gel, por onde as ondas de choque se propagam. Com ajuda da fluo­roscopia (RX em tempo real) ou ultrassonografia, o cálculo é posicionado no chamado ponto focal (“mira”). Iniciam-se então os disparos das ondas que se convergem para este foco, levando à fragmentação do cálculo em pedaços menores, passíveis de eliminação espontânea.



Não tome álcool para eliminar as pedras. Apesar dele realmente ser diurético, ele possui muita glicose, e, como resultado, só agrava os seus sintomas.

Seguindo estas orientações, as chances de formação de novos cálculos diminuem de 20 a 70%. Isso é muito importante, pois quem teve cálculo sabe a dor e sofrimento que isto pode causar!

Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia

Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo

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