A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, que resulta de uma interação complexa de fatores endócrino-metabólicos, genéticos, socioeconômicos, comportamentais, culturais e psicológicos. Pode levar à morte precocemente, induzir o aparecimento
de outras doenças e agravar doenças preexistentes. O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Quanto maior o grau de excesso de peso, maior a gravidade da doença
A obesidade tem alcançado proporções epidêmicas nas últimas décadas, sendo um dos principais problemas de saúde pública na atualidade. É um fator de risco para várias patologias, entre elas:
- doenças cardiovasculares (principalmente doença coronariana e acidente vascular cerebral), diabetes tipo 2, formação de cálculos biliares, infertilidade, doenças osteomusculares, doenças respiratórias, apnéia obstrutiva do sono e alguns tipos de câncer, tais como próstata, cólon e reto, no homem; endométrio, vesícula biliar, mama, colo do útero e ovário na mulher
- Também está associada à diminuição da qualidade de vida, visto que pacientes obesos costumam ter maiores taxas de depressão, menor produtividade, menores chances de trabalho e diminuição da autoestima.
Mesmo seguindo todos os passos previamente citados, o tratamento clínico pode não atingir a perda de peso e a melhora das comorbidades esperadas, ou não manter estes
resultados após a sua interrupção. É nessa situação que os indivíduos obesos mórbidos podem considerar a cirurgia bariátrica como opção terapêutica. Assim, a cirurgia é considerada a última abordagem na linha de cuidado da obesidade mórbida
No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) estabeleceram os seguintes critérios para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida:
• obesidade estável há pelo menos cinco anos;
• tratamento clínico prévio com acompanhamento regular e duração mínima de dois anos, sendo este
considerado não eficaz;
• Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 40Kg/m2 ou IMC entre 35 e 39,9 Kg/m com co-morbidades (orgânicas ou psicossociais) desencadeadas ou agravadas pela obesidade e que ameacem a vida.
Os pré–requisitos estabelecidos são:
• idade entre 18 e 65 anos;
• compreensão por parte do paciente e da família de todos os riscos e consequências do tratamento cirúrgico e pós-cirúrgico;
• suporte familiar constante.
O tratamento cirúrgico está contraindicado nos seguintes casos:
• pacientes com obesidade decorrente de doenças endócrinas;
• jovens cujas epífises dos ossos longos ainda não estão consolidadas;
• indivíduos com distúrbios psicóticos ou demenciais graves ou moderados;
• indivíduos com história recente de tentativa de suicídio;
• dependentes químicos (álcool e outras drogas)
A cirurgia bariátrica, somente deve ser indicado como última opção terapêutica para obesos mórbidos, estágio mais grave de obesidade. A cirurgia bariátrica tem como finalidades induzir e manter perda de peso corporal, assim como reduzir ou eliminar as comorbidades relacionadas à obesidade. Embora seja uma tecnologia amplamente difundida, ainda não há clareza com relação aos resultados em longo prazo, o que leva à necessidade de revisão das evidências disponíveis na literatura.
É importante destacar que a cirurgia não representa uma cura para o problema da obesidade, e que o indivíduo que opta por realizá-la deve ter o compromisso de adotar medidas de mudança de estilo de vida e de um acompanhamento clínico multidisciplinar pelo resto da vida. É fundamental que o candidato à cirurgia e sua família sejam adequadamente informados sobre os riscos e preparados para lidar com as consequências do procedimento
A cirurgia bariátrica é um procedimento de alta complexidade, indicado para o tratamento da obesidade mórbida, que é internacionalmente definida por um Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 40 Kg/m. A definição pode também incluir pacientes com IMC entre 35 e 40 Kg/m2 associado a comorbidades graves relacionadas à obesidade .
O IMC é calculado dividindo-se o peso corporal (P), em quilogramas, pelo quadrado da altura (A), em metros (IMC = P/A²).
Uma breve descrição dos principais grupos de técnicas é feita a seguir:
Técnicas restritivas são as que reduzem a capacidade gástrica, levando à sensação de saciedade com menor quantidade de alimento. Dentre elas, destacam-se:
Gastroplastia
inclui diversas técnicas cirúrgicas que reduzem o volume gástrico através de uma linha de grampeamento, que pode ser vertical ou horizontal. A parte do estômago excluída do trânsito alimentar não é amputada e permanece em seu sítio anatômico. A técnica de Mason corresponde à gastroplastia vertical com banda.
Banda gástrica ajustável
consiste na colocação de um anel restritivo em torno da parte inicial do estômago, criando um pequeno reservatório e uma estreita passagem para o restante do estômago. Esse anel pode ser insuflado através de um dispositivo implantado embaixo da pele, aumentando ou diminuindo o grau de restrição.
Técnicas mistas são as que combinam a redução da capacidade gástrica com a disabsorção intestinal.
A disabsorção é provocada ao se desviar a passagem do alimento de uma parte do intestino delgado, reduzindo a área de absorção dos alimentos.
As técnicas mistas subdividem-se em:
Técnica mista com maior componente restritivo: desvio gástrico ou bypass gástrico: na qual o estômago é amputado em mais de 90%, e o trânsito intestinal é reconstruído de modo a proporcionar uma pequena disabsorção.
A mais utilizada é a técnica de Fobi-Capella (desvio gástrico com reconstrução em Y-de-Roux).
A mais utilizada é a técnica de Fobi-Capella (desvio gástrico com reconstrução em Y-de-Roux).
Técnica mista com maior componente disabsortivo: derivação bilio-pancreática, na qual 60 a 70% do estômago é retirado e o trânsito intestinal é reconstruído de forma a proporcionar uma grande disabsorção intestinal.
Entre elas estão as técnicas de Scopinaro e a de “duodenal switch”.
Entre elas estão as técnicas de Scopinaro e a de “duodenal switch”.
As diferentes técnicas em cirurgia bariátrica podem ser realizadas por laparotomia (cirurgia aberta) ou por video laparoscopia.
As mais realizadas mundialmente são o desvio gástrico, a banda gástrica ajustável por videolaparoscopia e, em menor grau, a derivação bilio-pancreática
As mais realizadas mundialmente são o desvio gástrico, a banda gástrica ajustável por videolaparoscopia e, em menor grau, a derivação bilio-pancreática
Embora se possa utilizar medicamentos, dietas de valor calórico muito baixo e, às vezes, cirurgia nos
graus II e III, as mudanças de estilo de vida por meio de aumento do conhecimento e técnicas cognitivo-comportamentais são ainda fundamentais. A escolha do tratamento deve basear-se na gravidade do problema e na presença de complicações associadas.
DURAÇÃO DO TRATAMENTO
Considera-se sucesso no tratamento da obesidade a habilidade de atingir e manter uma perda de
peso clinicamente útil, que resulte em efeitos benéficos sobre doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia.
O sucesso em longo prazo depende de constante vigilância na adequação do nível de atividade física
e de ingestão de alimento, além de outros fatores, como apoio social, familiar e automonitorização
Obesidade é uma doença crônica que tende a recorrer após a perda de peso e pessoas obesas devem ter contato em longo prazo com profissionais de saúde e o apoio destes.
Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo
Video informativo sobre o assunto
Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo
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