Além da gastrite bacteriana, causada pela infecção da bactéria Helicobacter pylori, outros motivos podem levar a irritação ou inflamação da mucosa gástrica, que passa a não suportar mais um elevado conteúdo de ácido.
Fatores de risco para gastrite
- Estresse;
- Substâncias irritantes (como medicamentos);
- Drogas (como a cocaína);
- Fumo;
- Álcool;
- Substâncias corrosivas (como produtos de limpeza);
- Elevados níveis de radiação (na radioterapia, por exemplo);
- Algumas doenças auto-imunes;
- Algumas doenças digestivas, como doença de Crohn;
- Certas espécies de vírus, parasitas e outras bactérias.
Existe uma dieta especial para os diferentes tipos de gastrites ou todos os alimentos têm o mesmo efeito em todos os casos?
De maneira geral, a dieta segue o mesmo padrão:
- o fracionamento de cinco a seis refeições diárias e devem ser evitados os alimentos irritantes e estimulantes de secreção gástrica.
Portanto, nas diferentes fases da doença a dieta recebe as mesmas orientações, mas com diferentes enfoques. Por exemplo, na gastrite aguda, a dietoterapia consiste em recuperar a mucosa gástrica. Já na gastrite crônica, a dietoterapia consiste em evitar o avanço das lesões e proteger a mucosa gástrica.
Somente em casos de gastrites crônicas com hipersecreção, a dieta deve conter um pouco mais de gorduras, que provocam uma maior liberação de enterogastrona no intestino (hormônio que inibe o peristaltismo estomacal) e, consequentemente, reduz-se a secreção e o tônus do estômago.
Quais alimentos ajudam a controlar os sintomas da gastrite e quais alimentos acentuam o desconforto?
Estão separados em duas listas os alimentos que contribuem para controlar os sintomas da doença e outros que devem ser evitados, pois aumentariam o desconforto. Seguem abaixo:
Alimentos que contribuem para controlar os sintomas da gastrite:
Água, chá de frutas e ervas, suco de frutas diluído;
Frutas, gelatina, mingaus;
Leite (combinado a outro alimento) e iogurte desnatado ou light;
Queijos brancos;
Carnes brancas e magras (peixe, frango, perú);
Purês, batata, mandioquinha, suflês, vegetais cozidos;
Geleias, mel, margarina light em quantidade moderada;
Sopas de vegetais e carne.
Alimentos que devem ser evitados:
Condimentos (pimenta-do-reino e a vermelha);
Álcool;
Alimentos estimulantes, como café, chá mate, chá preto, chocolate;
Temperos industrializados, como caldo de carne, maionese, molho tártaro, Extrato ou molho de tomate, molho de soja (shoyo), molho inglês, molho de salada;
Refrigerantes;
Frutas ácidas e tomate;
Carne processadas: presunto, mortadela, copa, lombo, salsicha, linguiça, salame;
Alimentos gordurosos em geral;
Goma de mascar.
Todos estes alimentos são proibidos para não aumentarem a secreção gástrica. Se necessário, faz-se uma suplementação nutricional para evitar deficiências de micronutrientes e não prejudicar a cicatrização tecidual. De qualquer maneira, é importante testar os alimentos que causam desconforto gástrico e assim retirá-los da alimentação.
Recomenda-se evitar somente o consumo de frutas ácidas?
Sim. As únicas frutas que devem ser evitadas são aquelas mais ácidas (como laranja, limão, mexerica, entre outras) e frutas que não estejam maduras. É importante lembrar que cada organismo reage diferentemente aos alimentos, então não existe uma lista estabelecida de frutas a serem evitadas, e sim aquelas que causem desconforto ao paciente. Deve-se evitar também a ingestão de sucos ácidos concentrados (limão, laranja). O ideal é diluí-los.
O consumo de outras frutas é recomendado, pois são de fácil digestão, ricas em fibras alimentares, ajudam a manter a hidratação e fornecem vitaminas importantes para manutenção da saúde do indivíduo.
Quais dicas nutricionais são importantes para estes pacientes?
Paciente com gastrite está com a mucosa gástrica fragilizada, por isso deve-se poupá-la de maiores esforços. Assim, além da dieta específica, o paciente deve se alimentar em ambientes calmos e mastigar bem o alimento antes de engolir, para facilitar a digestão.
Refeições com grandes volumes de alimentos também vão exigir trabalho extra do sistema digestório. Por isso, recomenda-se uma alimentação fracionada, em que o paciente deve comer mais vezes no dia, em menores quantidades. Esta recomendação também visa diminuir o tempo de jejum, que acidificaria o meio estomacal, aumentando as crises de gastrite. A refeição à noite deve ser leve e de fácil digestão.
Os alimentos devem ser mais abrandados, ou seja, bem cozidos e ingeridos em temperatura morna para que proporcionem uma digestão mais facilitada e recuperação da mucosa gástrica.
Quais alimentos possuem propriedades nutricionais especiais que podem aliviar o desconforto da gastrite?
Ovo: Estudos descrevem a importância dos ovos como fonte de uma imunoglobulina específica, a “IgY”, capaz de reduzir a inflamação gástrica causada pela bactéria H. pylori.
Brócolis e broto de brócolis: estudos demonstraram que o Sulforaphane, substância abundante nos brócolis e broto de brócolis, inibe a infecção causada pela bactéria H. pylori, devido ao potencial efeito bactericida desta substância.
Cenoura: estudos relatam relação inversa entre concentração de beta-caroteno, substância presente na cenoura, e risco de gastrite. Ou seja, a ingestão frequente de cenoura pode ajudar a minimizar os riscos de desenvolvimento de gastrite.
Água de coco: esta bebida possui propriedades antioxidantes, além de conter proteínas, gorduras e minerais, como sódio, potássio, magnésio e cálcio. Por isso, a água de coco além de ser excelente bebida hidratante, ainda protege o organismo contra a ação dos radicais livres. Estudo científico verificou diversas propriedades funcionais na associação de água de coco com caju, como prevenção do câncer, prevenção da Helicobacter pylori causadora da gastrite aguda e propriedades antioxidantes.
Iogurte: devido à fermentação, o iogurte tem fácil digestão (seis vezes mais digerível que o leite). A caseína, proteína do leite e derivados, é facilmente degradada em aminoácidos pelo suco gástrico e disponível para a absorção.
O que comer na hora da crise? Como obter esse alívio instantâneo?
Para alívio imediato o tratamento mais utilizado é o uso de antiácidos. O chá de espinheira-santa verdadeira, planta nativa da região do sul do Brasil, também é utilizada principalmente para o tratamento de gastrites e úlceras estomacais.
Após o alívio da dor, o paciente deve seguir com dieta específica para gastrite, conforme descrita anteriormente.
O leite não deve ser consumido nesse momento, pois produz uma sensação de alívio imediato, mas é acompanhado de um “efeito rebote” que aumenta a secreção gástrica.
Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo
Fonte: Nutritotal
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