domingo, 23 de fevereiro de 2014

Insônia

A insônia é uma palavra que tem origem no latim e significa ausência de sono.  O indivíduo que sofre de insônia, é aquele que apresenta imensa dificuldade em começar a dormir ou que não consegue manter-se dormindo por muito tempo. Em ambos os casos, o paciente sofre cronicamente de um sono não restaurador e apresenta-se incapaz de ser plenamente produtivo durante o dia.


A insônia é um distúrbio do sono que acomete até 10% das pessoas na sua forma crônica e até 40% na forma aguda.

Para ser caracterizado como insonia, o paciente precisa apresentar as seguintes características:


  • Dificuldade de pegar no sono ou dificuldade de se manter dormindo por uma quantidade de horas suficiente para ter um sono restaurador.
  • Apresentar as dificuldades descritas acima, mesmo havendo tempo suficiente e condições ideais para se conseguir dormir.
  •  A ausência de sono restaurador capaz de tornar o paciente improdutivo durante o dia.

Se o indivíduo não apresentar essas três características, ele provavelmente não tem insônia. Por exemplo, os indivíduos que dormem poucas horas por noite, mas mantém-se plenamente produtivos ao longo do dia não são insones.

Insônia

Também é importante distinguir a insônia da privação do sono. Pacientes com privação do sono são aqueles que querem dormir, mas não conseguem por motivos que variam desde um ambiente barulhento, desconfortável ou muito claro, até a impossibilidade de dormir por questões profissionais.

A principal diferença entre a insônia e a privação do sono é o fato de que, no segundo caso, o paciente consegue dormir caso lhe seja dada a oportunidade.

Outra situação que não é considerada insônia são os casos de algumas pessoas que têm o ritmo circadiano do (relógio natural) diferente do habitual, sendo produtivas durante a noite e sonolentas durante o dia. Estes indivíduos também não são insones, pois, durante a manhã e parte da tarde, eles conseguem dormir um sono restaurador a ponto de estarem novamente produtivos durante a noite.



Causas de insônia

Existem dezenas de causas para insônia. Em geral, elas costumam ser categorizadas em
insônia aguda e insônia crônica.
 
 Insônia aguda ou de curta duração

A insônia aguda, também chamada de insônia transitória ou de curta duração, é uma dificuldade para dormir que dura menos de 3 semanas e costuma estar associada a fatores de estresse, tais como:

  •  Mudanças súbitas no ambiente onde o indivíduo dorme. Questões como barulhos, temperatura, tipo de colchão, luminosidade, presença de outras pessoas no quarto, etc.,  podem causar insônia durante um curto período, até que o paciente se adapte ao novo ambiente.
  • Aumento ou redução repentina no consumo de determinadas substâncias, como cafeína, nicotina, álcool e drogas ilícitas.
  • Doenças agudas, principalmente aquelas que causam dor, desconforto ou impedem o paciente de dormir deitado.
  •  Estresses psicológicos, como divórcio, perda do emprego, falecimento de um familiar, discussões, pressões profissionais, etc.
  • Uso de certos medicamentos, como beta-bloqueadores, teofilina, corticoides, fluoxetina, bupropiona, venlafaxina, levotiroxina, broncodilatadores e anfetaminas.
  • Suspensão, após longo uso, de medicamentos que agem no sistema nervoso central, como antidepressivos ou ansiolíticos.
A insônia de curta duração costuma se resolver sozinha após algumas semanas. Em algumas situações, porém, o paciente só consegue voltar a ter um sono normal depois que o fator de estresse é eliminado. Caso o fator que esteja gerando a insônia não consiga ser contornado, a insônia aguda pode tornar-se crônica.
Causas de insônia crônica ou de longa duração

A insônia crônica ocorre quando o paciente tem dificuldade para dormir em, pelo menos, 3 dias da semana por mais de 4 semanas seguidas. Muitas vezes, o paciente fica vários dias sem conseguir dormir bem e depois apresenta uma noite isolada de bom sono.

As causas mais comuns para insônia crônica são:
  • Má higiene do sono: é um conjunto de ações ao longo do dia que prejudica  o início do sono à noite. 
  • Exemplos de má higiene do sono são: consumir cafeína à noite, praticar atividades físicas logo antes de dormir, não dormir na mesma hora todo dia, tirar vários cochilos durante o dia, principalmente após as 15 horas, jantar muito tarde à noite, ficar estudando ou trabalhando até tarde, etc.
  • Insônia psicofisiológica: também chamada de insônia primária, é aquela insônia que surge sem causa aparente. Os pacientes não conseguem relaxar na cama e apresentam grande atividade mental quando tentam adormecer, pensando em várias coisas seguidamente. Em dado momento da sua intensa atividade mental, o paciente se toca que já está há muito tempo na cama sem dormir e começa a ficar ansioso por conta disso, criando um ciclo vicioso que torna ainda mais difícil que ele relaxe e consiga cair no sono. Com o tempo, o paciente pode começar a associar a própria cama ou quarto com períodos de ansiedade. Alguns deles só conseguem voltar a dormir se mudarem de ambiente.
  • Doenças neurológicas, como doença de Parkinson e Alzheimer.
  • Insônia paradoxal: também chamada de hipocondria do sono, a insônia paradoxal é uma falsa sensação de insônia. O paciente acredita ser insone, mas quando estudado por polissonografia é possível descobrir que ele não só consegue dormir de forma relativamente rápida, como apresenta boas horas de sono de qualidade. Apesar disso, no dia seguinte, o paciente jura ter demorado a dormir e ter tido uma noite de pouco sono.
  • Desordens psiquiátricas: a insônia crônica é muito comum em pacientes que sofrem de problemas psiquiátricos, principalmente depressão, distúrbio de ansiedade, abuso de substâncias ou estresse pós-traumático.
Qualquer causa de insônia aguda pode levar à insônia crônica, caso o fator de estresse não consiga ser controlado.

Sintomas da insônia


O paciente insone costuma apresentar diversos sinais e sintomas ao longo do dia derivados da falta de um sono restaurador à noite. Entre os mais comuns podemos citar:

- Cansaço.
- Sonolência.
- Falta de concentração.
- Alterações da memória.
- Irritabilidade.
- Ansiedade.
- Dificuldade de executar tarefas.
- Aumento de acidentes.
- Dor de cabeça.
- Sintomas gastrointestinais.
- Problemas de relacionamento.

Tratamento da insônia

Inicialmente, o tratamento da insônia é feito com terapia comportamental, incluindo educação sobre higiene do sono e tecnicas de relaxamento.

 


Algumas dicas ajudam a melhorar a insônia:

- Conheça os hábitos de higiene do sono.
- Não vá para cama sem estar com sono.
- Use a cama apenas para dormir. Evite comer, mexer no computador ou ver TV na cama.
- Se após 20 minutos deitado, você não conseguir dormir, levante-se e vá fazer alguma atividade relaxante, como ler ou ouvir música calma.
- Se não estiver tendo sono, evite ficar na claridade. O excesso de luz dificulta a chegada do sono.
- Procure acordar todos os dias na mesma hora, mesmo nos finais de semana.
- Ao acordar, se já tiver amanhecido, levante-se da cama, mesmo que ainda esteja com sono. Isso facilitará o sono à noite.
- Não tire cochilos à tarde.
- Pratique atividades físicas ao longo do dia, porém evite esforços durante a noite.
- Encontre formas de relaxar à noite. Banho quente, massagens, leitura, meditação ou yoga podem ajudar. Alguns pacientes referem melhora com acupuntura.
- Não deixe relógios por perto, para que você não fique olhando para a hora o tempo todo.
- Entenda que a ansiedade por não conseguir dormir torna o ato de dormir ainda mais difícil.
- Não leve problemas não resolvidos ao longo do dia para cama.

É necessário salientar que algumas dessas dicas precisam ser implementadas durante vários dias antes que possa ser possível notar alguma melhora. Em alguns casos, o uso de medicamentos para induzir o sono faz-se necessário.

A melatonina e a valeriana são duas medicações vendidas sem prescrição médica que são muito utilizadas pelos pacientes para ajudar no sono, porém, há pouca evidência científica que suporte o seu uso para o tratamento da insônia.



Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo

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