quinta-feira, 16 de abril de 2015

Hipertiroidismo

A tireoide produz dois hormônios chamados triiodotironina e tiroxina, mais conhecidos como T3 e T4. Esses hormônios controlam nosso metabolismo e são responsáveis, entre outros, pelo nosso gasto calórico, pela temperatura corporal, pelo nosso ganho de peso, etc.


•    A glândula  hipófise, é um órgão que se localiza na base do cérebro e controla o grau de funcionamento da tiroide através de um hormônio chamado TSH (em inglês, Hormônio Estimulador da Tireoide).
•    A presença do TSH no sangue estimula o funcionamento da tireoide;
•     A ausência de TSH a inibe..


Funcionamento da tireóide

O hipertireoidismo ocorre , portanto, quando há um excesso de T3 e T4 na circulação que não consegue ser corrigido pelos mecanismos normais. Isto pode ocorrer de 2 maneiras:

1- Um problema na hipófise fazendo com que esta se descontrole e produza muito hormônio TSH, que por sua vez, estimula a tireoide a produzir T3 e T4 indefinidamente.
Quando a causa do hipertireoidismo é central, ou seja, uma hipófise mal funcionante, teremos um TSH muito alto associado a um T4 também muito elevado.
2- A tireoide se torna um órgão independente, produzindo T3 e T4 ao seu bel prazer, ignorando os níveis de TSH sanguíneo.

Quando o problema está na própria tireoide, a primeira coisa que a hipófise faz quando detecta altos níveis de hormônios é suspender a produção de TSH. Portanto, teremos uma TSH muito baixo, porém, ainda assim, um T4 muito elevado.
Obs: na prática clínica dosamos o T4 livre (T4L) que é o fração do hormônio quimicamente ativa.

Sintomas do hipertireoidismo

Independentemente da causa, os sintomas do hipertireoidismo são sempre causados pelo excesso de T4L circulante, o que é uma consequência comum, seja por problema central ou na própria tireoide.

O excesso de hormônio tireoidiano pode causar:

•    Ansiedade e irritabilidade
•    Insônia
•    Perda de peso sem perda do apetite (às vezes há aumento do apetite)
•    Taquicardia = aumento da frequência cardíaca acima dos 100 batimentos por minuto
•    Arritmias cardíacas
•    Tremores nas mãos
•    Retração das pálpebras
•    Suores e calor excessivo
•    Perda de força muscular
•    Diarreia ou aumento do número de evacuações
•    Diminuição ou cessação da menstruação
•    Bócio

Bócio

O bócio, último sinal descrito acima, ocorre quando há aumento do tamanho da glândula tireóide. Este crescimento é comum quando há um estímulo permanente para produção de T3 e T4, podendo ser notado clinicamente como um abaulamento no pescoço.

Doença de Graves

A causa mais comum de hipertireoidismo é a doença de Graves. Esta doença é um processo auto imune onde o corpo inapropriadamente passa a produzir anticorpos contra a própria tireoide. Estes anticorpos atacam, na verdade, os receptores do TSH, fazendo com que a tireoide pense que há excesso de TSH na circulação sanguínea. O resultado final é uma liberação excessiva de hormônios tireoidianos.

A doença de graves é 8x mais comum em mulheres e costuma ocorrer entre os 20 e 40 anos de idade.
Além de todos os sinais e sintomas descritos anteriormente, o hipertireoidismo pelo Graves pode apresentar a chamada oftalmopatia de Graves.

Os anticorpos atacam não só a tireoide, mas também os músculos e o tecido gorduroso da região ao redor dos olhos. Essa agressão causa lesão e edema da musculatura extraocular, levando a uma protusão do olho, além de inchaço e inflamação ao seu redor (edema periorbital).

Oftalmopatia de Graves

O paciente com oftalmopatia de Graves pode também apresentar visão dupla, irritação constante nos olhos, dor ocular, visão borrado e, em casos mais graves, cegueira.

Algumas pessoas têm olhos naturalmente mais protuberantes. Além disso, o próprio excesso de hormônios tiroidianos pode levar a uma retração da pálpebra. Porém, na oftalmopatia de Graves a protusão é tão importante que é possível ver o branco dos olhos (esclera), acima e abaixo da íris, como exemplificado abaixo.

Uma manifestação mais rara da doença de Graves é a dermopatia, chamada de mixedema, que ocorre por infiltração da pele pelos auto anticorpos. A pele encontra-se inchada, dura, com nódulos em sua superfície e mais escurecida.


Tratamento do hipertireoidismo


Existem 3 modalidades diferentes de tratamento para o hipertireoidismo:
  •  drogas, radiação ou cirurgia.
  •  A escolha da mais adequada deve levar em conta dados individuais dos pacientes como idade, gravidade do quadro e causa do hipertireoidismo.

As duas principais drogas usadas no tratamento do hipertireoidismo são o metimazol e o propiltiuracil. Ambas agem impedindo a produção de hormônios pela tireoide. O seu efeito demora em média 3 semanas, já que essas drogas apenas impedem a síntese de novos hormônios, não tendo efeito sobre aqueles já produzidos e circulantes.

Para um controle rápido dos sintomas, pode-se usar drogas beta-bloqueadoras como os famosos propranolol ou atenolol.

Cerca de 30% dos doentes conseguem, após 2 anos, suspender definitivamente o medicamento sem apresentarem retorno do hipertireoidismo. Porém, a maioria permanece dependente dessas drogas.

Como os efeitos colaterais são comuns e, às vezes, graves, outras modalidades terapêuticas são necessárias.

A destruição da tireoide por radiação é uma opção de tratamento definitivo para o hipertireoidismo. O tratamento consiste na ingestão de cápsulas com iodo radioativo. Como a tireoide utiliza o iodo da alimentação para produzir o T3 e T4, ela passa a concentrar toda a radiação ingerida, sendo destruída pela mesma ao longo de 6 a 18 semanas.

A radiação deste tratamento é muito pequena e praticamente restrita a tireoide, não sendo capaz de causar câncer em outros pontos do organismo. Porém, recomenda-se distância de mulheres grávidas nos primeiros 7 dias de tratamento, já que sempre existe alguma chance de exposição a radiação.

A cirurgia para retirada da tireoide é a 3º opção de tratamento. É a menos usada devido aos riscos de complicações operatórias. Sua grande indicação está nos casos em que a tireoide encontra-se muito aumentada, com grande bócio e risco de obstrução das vias aéreas.

Tanto a cirurgia, quanto o iodo radioativo curam o hipertireoidismo, mas ao destruírem a tiroide, levam ao hipotireoidismo. Portanto, a reposição com T4 é indicada.

Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo

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