segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Hiperidrose - Sudorese excessiva

Hiperidrose é um estado no qual o corpo produz um volume de suor desproporcional às necessidades fisiológicas para a regulação da temperatura corporal, ou seja, o paciente transpira demais e sem motivo.


O  termo hiperidrose  é utilizado  para  definir  essa  condição.  É  uma  doença benigna  relativamente  frequente,  com incidência  estimada  em  0,6  a  1%  da  população.  Trata-se  de  uma  doença extremamente desconfortável, com profundo embaraço social e transtornos psicológicos  e  de  relacionamento  social  no  portador,  que  frequentemente  é retraído e procura, na medida do possível, esconder o seu problema.
O que é o suor

O suor é um substância composta por água (99%) e pequenas quantidades de sais minerais (1%), basicamente cloreto de sódio e ureia. Outras substâncias presentes no sangue podem estar presentes no suor, tais como cálcio, magnésio, potássio, zinco e ferro. Estas, porém, costumam estar em concentrações muito reduzidas.

Ao contrário do que muitos pensam, o suor não é uma fonte de eliminação de toxinas e não serve para eliminar impurezas do seu organismo. Passar um tempo em uma sauna pode ser relaxante, mas não fará você eliminar nada em quantidades relevantes além de água e sal.
Anatomia da pele

O suor é produzido pelas glândulas sudoríparas, que são glândulas que se localizam nas camadas mais internas da pele (derme), comunicando-se com a camada mais superficial (epiderme) através de micro ductos que desembocam em poros na nossa pele, conforme pode-se ver na imagem ao lado.

O suor tem como função básica ajudar na regulação da nossa temperatura corporal. A produção de suor pelas glândulas sudoríparas é controlada pelo sistema nervoso central, nomeadamente pelo hipotálamo, onde os neurônios termossensíveis se encontram.

O sistema nervoso também pode estimular a sudorese em momentos de estresse emocional. Geralmente, a transpiração nestes casos se restringe a certas áreas do corpo, como mãos, pés, axilas e cabeça.

A  sudorese  excessiva  é  uma  situação  constrangedora  que  dificulta  as  atividades  do  dia a dia  e  interfere  no trabalho. Simples atitudes como apertar a mão de outra pessoa,  escrever,  segurar  papéis,  digitar,  e  outras atitudes   simples   podem   estar   muito   afetadas   na  hiperidrose.   Nos   casos   mais   graves,   pode   haver gotejamento   da   região   afetada   e,   até   mesmo,
macerações  e  fissuras  da  pele.  

Na  região  axilar  pode ocorrer  odor  fétido  (bromidrose),  consequência  da decomposição  do  suor  e  de  bactérias  e  fungos,  assim  como  nos  pés.  Andar descalço em piso liso pode tornar-se escorregadio e provocar acidentes. 

Qualquer  região  do  corpo  pode  ser  acometida,  sendo  mais  localizada:

  •  nas  palmas das mãos, plantas dos pés, axilas, dobras das mamas e face.
  • Uma  outra  manifestação  da  hiperatividade  simpática  é  o  rubor  facial.  Essa condição é especialmente desencadeada durante atividades sociais importantes ou contato com outras pessoas, o que pode ser extremamente embaraçoso.
A  hiperidrose  pode  ser  essencial,  de  causa  desconhecida,  ou  secundária  a  uma doença como:  
  • hipertiroidismo, distúrbios psiquiátricos, traumatismo raquimedular,  menopausa, obesidade e outras.
*Hiperidrose não é uma condição temporária. Muitas pessoas sofrem com a doença por anos consecutivos, normalmente desde a infância, mas a doença pode aparecer somente  na  adolescência  ou  na  idade  adulta.  Às  vezes,  existe  uma  tendência familiar. Em climas frios ou quentes a sudorese é constante, e pode ser agravada por:  ingestão  de  comidas  condimentadas,  ansiedade, aumento  da  temperatura  ambiente, febre e exercícios físicos.

O  tratamento

O tratamento  clínico  é  a  forma  clássica  de  minimizar  os  efeitos  da  sudorese excessiva,  porém  é  de  resultado  questionável  nas  formas  moderadas  e  graves  da enfermidade,  às  vezes  desconfortável  e  de  duração  indeterminada. 

 Diversos métodos,  produtos  e  medicamentos  são  utilizados,  tais  como:  
  • antiperspirantes  e adstringentes, talco ou amido de milho natural, banhos com sabonete desodorante, palmilhas  absorventes,  drogas  antidepressivas,  ansiolíticos,  anticolinérgicos, iontoforese, psicoterapia e injeções de toxina botulínica (Botox).

Recentemente, com a introdução da simpatectomia torácica por videotoracoscopia, ocorreu uma verdadeira revolução no manejo dessa enfermidade. Em pouco tempo tornou-se um método seguro, definitivo, pouco invasivo e de excelente eficácia no controle da doença. 


 O tratamento cirúrgico da simpatectomia torácica por videotoracoscopia tem-se tornado bastante popular pelos cirurgiões torácicos em todo o mundo e amplamente utilizado nos casos moderados e  graves. 

Por  meio  de  uma  pequena  incisão  de  meio  centímetro  na auréola mamária,  na  linha  submamária  ou  na  axila,  introduz-se  uma  câmera  de  vídeo  na  cavidade torácica por onde o cirurgião vai visualizar a cadeia de nervos simpáticos ao  lado  da  coluna  vertebral.  Uma  segunda incisão  de meio centímetro  é  realizada na axila, por onde se passam os instrumentos a serem utilizados para a secção do tronco  ou  do  gânglio  simpático.  O  procedimento  tem duração  de  cerca  de  10  minutos para cada lado, e os benefícios da cirurgia  são observados imediatamente após  o  ato  operatório,  com  resultados  considerados  bons  e  excelentes  em  quase  100% dos casos. 

Como  todo  procedimento  cirúrgico,  a  simpatectomia  torácica  não  é  isenta  de riscos,  mas,  de  uma  maneira  geral,  o  procedimento  é muito  seguro  e  que  pode trazer  outros  benefícios  para  o  paciente.  Assim,  observa-se  cura  em  quase  todos os  casos  de  sudorese  palmar,  redução  de  80%  da  intensidade  do  rubor  facial  na maioria  dos  casos,  cura  de  95%  dos  pacientes  com  hi
peridrose  facial,  eliminação da  sudorese  axilar,  leve  redução  na  frequência  cardíaca  que  transmite  uma sensação  de  calma,  diminuindo  substancialmente  as  palpitações  em  situações
estressantes como apresentações em público. Pacientes com enxaqueca  associada têm  observado  uma  redução  na  ocorrência  das  mesmas.

  Apesar  do  grande percentual  de  excelentes  resultados,  recidivas  podem  ocorrer  em  um  pequeno percentual de doentes.

A  hiperidrose  compensatória  é  relatada  por  cerca  de  50%  a  85%  dos  pacientes operados,  que  notam  uma  maior  produção  de  suor  no  tronco  e  pernas  durante estresse excessivo ou exercícios. Porém, na maioria dos pacientes, esses sintomas são  muito  leves  e  não  causam  transtornos.  Apenas  5%  dos  pacientes  sentem-se incomodados,  mas  não  desejam  reverter  para  a  situação  pré-cirúrgica.  Sintomas desconfortáveis persistentes raramente são relatados.

Os  efeitos  negativos  mais  relatados deste procedimento cirurgico são:  

Hiperidrose  compensatória,  sudorese relacionada a degustação de alguns alimentos, síndrome de Claude-Bernard-Horner (muito rara, atualmente), pneumotórax, sangramento e neuralgia intercostal.
  • A sudorese alimentar é uma complicação rara e bem tolerada que ocorre durante a ingestão de alguns alimentos.
  • A  síndrome  de  Claude-Bernard-Horner,  que  consiste  em  ptose  palpebral,  miose  e enoftalmia,  é  uma  complicação  extremamente  rara  em mãos  experientes  e  ocorre quando  há  lesão  do  gânglio  cervico-torácico  por  condução  elétrica  durante  a eletrocoagulação da cadeia simpática, sendo usualmente  transitória.
  • Pneumotórax acontece pela não evacuação total do ar residual ou quando há lesão da pleura visceral. Isto pode ocorrer durante introdução dos instrumentos na cavidade pleural, porém é uma complicação muito fácil de se resolver, devendo apenas ser observada até a reabsorção espontânea ou, em casos sintomáticos, utilizar um dreno torácico.
  • Hemorragias  normalmente  são  originárias  de  lesões  de  veias  intercostais,  no entanto  são facilmente  corrigíveis.  Em  casos  mais  graves  a  toracotomia  pode  ser necessária.
  • A nevralgia intercostal é uma dor de moderada a forte intensidade, decorrente de lesão térmica do nervo intercostal ou da compressão do mesmo pelo instrumental durante  o  ato  cirúrgico.  De  fácil  controle,  normalmente  desaparece  entre  três  e cinco semanas.
  • Pelo exposto, a simpatectomia torácica é um método extremamente eficaz e definitivo para tratamento da hiperidrose, com um mínimo de efeitos colaterais, desde que realizada por cirurgião torácico experiente.

Outras opções de tratamento para a hiperidrose, como:


1. Antitranspirantes (antiperspirantes)

Os desodorantes antitranspirantes são comercializados em farmácias e supermercados e vêm normalmente em apresentações roll-on, creme ou aerossol. São produtos que contêm sais de metais, normalmente sais de alumínio, que obstruem os poros das glândulas sudoríparas na pele. Esses produtos só funcionam em casos de hiperidrose branda.

Se os antitranspirantes comuns falharem, existem soluções mais potentes, como o cloreto de alumínio hexaidratado em concentrações que variam de 10 a 30%, que podem ser usados nas mãos, pés e axilas. Os resultados costumam aparecer dentro de uma semana, mas é comum o tratamento precisar ser suspenso por irritação da pele.

2. Remédios

Os anticolinérgicos são um grupo de drogas que agem inibindo os neurotransmissores que estimulam a secreção de suor pelas glândulas sudoríparas. Atualmente, é um tratamento pouco usado devido ao elevado índice de efeitos colaterais e a baixa eficácia. O glicopirrolato (60% de eficácia) e a oxibutinina (50% de taxa de eficácia) são os mais utilizados.

Nos pacientes que apresentam hiperidrose relacionada a estresse emocional, o uso do propranolol ou de ansiolíticos, podem aliviar os sintomas.

3. Iontoforese

A iontoforese é usada para tratar a hiperidrose palmar (mãos) e a hiperidrose plantar (pés). O tratamento consiste no bloqueio temporário das glândulas sudoríparas através de uma leve descarga elétrica emitida dentro de um recipiente de água. Os tratamentos duram por volta de 30 minutos e são geralmente aplicados em dias alternados, apresentando uma taxa de sucesso acima 85%. Os resultados são temporários e o tratamento precisa ser repetido constantemente.

Os efeitos adversos mais comuns são: a irritação e a pele seca. O aparelho pode ser adquirido e, após o devido treinamento, o paciente pode utilizá-lo em casa.

4. Aplicação de Botox

A toxina botulínica, comercializada sob a marca Botox, quando aplicada nas regiões que transpiram em excesso, agem bloqueando os neurônios que estimulam o funcionamento das glândulas sudoríparas, causando uma redução temporária da produção de suor nestes locais.

*O Botox pode ser aplicado nas mãos, pés, axilas e face, apresentando uma elevada taxa de sucesso, com efeitos que duram várias semanas.

As desvantagens das aplicações de Botox são as picadas de agulha e a necessidade de um médico com bastante treino para se evitar as complicações, como a fraqueza muscular.

5. Termólise por micro-ondas

Este tratamento é feito através de um aparelho que emite micro-ondas capazes de destruir as glândulas sudoríparas. O tratamento é feito, habitualmente, com 2 ou 3 sessões de 30 minutos, com intervalos de 3 meses. A taxa de sucesso é de 80 a 90%.

O efeito colateral mais comum da termólise é uma sensação estranha na pele no local da aplicação, que pode durar até cerca de 1 mês. O principal fator negativo da termólise é o seu atual alto custo.

Nunca se auto medicar sempre procurar profissionais especialista como dermatologistas neste caso,  para realizar o melhor tratamento para o caso.

Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo

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