quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Retenção de líquido pelo organismo

A  retenção   hídrica,   ou   seja,   a   acumulação  excessiva  de  água  no  organismo,  resulta  do
excesso  da  produção,  da  retenção  exagerada  ou  da  insuficiente  drenagem  do  líquido
intersticial   (existente   entre   as   células),   causando  o   edema   (inchaço).   



A   área   afetada   pode   ser  pequena,  como  também  pode  atingir  a  totalidade  dos membros, tronco, ou da face, ou mesmo o corpo todo.  São  vários  os  fatores  envolvidos  na  retenção
hídrica:  
  • aumento  da  pressão  hidrostática  no  capilar  (aumento  da  pressão  arterial), 
  •  alterações  hormonais (insuficiência da tiróide), utilização de corticóides, etc..
*Não  obstante,  a  utilização  excessiva  do  sal  (ou  seja, sódio)  na  alimentação  assume-se  como  um  fator determinante,  uma  vez  que,  com  o  intuito  de  manter a homeostase, o organismo vai absorver mais água (a chamada retenção exagerada).


 Água no organismo
A água representa cerca de 70% do peso do corpo de um adulto. De notar  que  esse  valor  varia  muito  de  acordo  com  o  peso  do  indivíduo  (os  obesos  têm  uma  %  inferior),  e  com  o  sexo  (superior  nos  homens).  Grande  parte da água (cerca de 60%) encontra-se no interior das células (compartimento intracelular),  enquanto  que  30-35%  preenche  o  espaço  intersticial,  e  uma  quantidade   inferior   (aproximadamente   8%),   encontra-se   na   corrente  sanguínea. 


O volume de água na corrente sanguínea é muito importante e  deve ser constante. A água que se encontra fora da corrente sanguínea atua  como um depósito para repor ou absorver o excesso de água do sangue de  acordo com as necessidades. A água entra no corpo principalmente através  da absorção do trato gastrointestinal, deixando o corpo principalmente sob  a forma de urina excretada pelos rins.

A  água  circula  para  dentro  e  para  fora  das  células  através  das  suas  membranas.  Tendo  em  consideração  que  as  membranas  celulares  são  permeáveis  à  água,  esta  move-se  livremente  entre  o  interior  e  o  exterior  daquelas. Por exemplo, se o volume de sangue diminui, a água move-se do  meio  intracelular  e  do  líquido  intersticial  para  a  corrente  sanguínea  para  aumentar o volume perdido.

O  organismo  controla  a  quantidade  de  água  em  cada  compartimento  principalmente controlando as concentrações de eletrólitos. As  membranas  celulares  são  constituídas  por  lípidos  e  proteínas.  Estas  atuam como canais através dos quais a água se pode mover. Adicionalmente,  as membranas são muito seletivas para os eletrólitos e outras substâncias, regulando criteriosamente os seus movimentos para dentro ou para fora das  células.  

*Por exemplo, há uma proteína específica que regula a entrada e  saída  de  sódio  (Na+)  e  potássio  (K+)  na  célula,  que  se  designa  por  bomba sódio-potássio.

HOmEOsTAsE

O rim é o órgão determinante para o equilíbrio hídrico, uma vez que pode  excretar  vários  litros  de  urina  por  dia  ou  conservar  a  água  (excretando  menos de meio litro por dia). Diariamente, pela evaporação através da pele  e  dos  pulmões,  são  eliminados  cerca  de  750  ml  de  água  (em  climas  mais  quentes ou após exercício físico, esse volume pode ser muito aumentado). 

Em  condições  normais,  o  sistema  gastrointestinal  é  capaz  de  reter  água.  Não obstante, em casos de vômitos ou de diarreia, a perda diária pode ser  de até 4 litros ou mais. Quando o consumo de água compensa a quantidade  perdida, a água do corpo encontra-se em equilíbrio.
Para  manter  o  equilíbrio  hídrico,  ou  seja,  a  homeostase,  os  indivíduos  saudáveis   com   uma   função   renal   normal   e   que   não   transpiram  excessivamente  devem  ingerir  pelo  menos  um  litro  de  líquido  por  dia.  No  entanto, é recomendada a ingestão de 1.5 a 2 litros por dia para proteger-se  contra a desidratação e também contra a formação de cálculos renais.
O equilíbrio hídrico do organismo é conseguido, sobretudo, através de dois  mecanismos:
  • Um dos mais importantes é o mecanismo da sede. Os centros nervosos localizados  no  cérebro  são  estimulados  quando  o  corpo  necessita  de  mais  água,  acarretando  a  sensação  de  sede.  A  sensação  torna-se  mais  forte à medida que a necessidade de água pelo corpo aumenta, levando o  indivíduo a beber e a repor a água necessária.
  • Um  outro  mecanismo  envolve  a  secreção  da  hormônio  antidiurético  por parte da hipófise. Esta hormônio estimula os rins a reter a maior quantidade  de água possível.
A  desidratação  surge  quando  o  organismo  é  incapaz  de  ingerir  uma  quantidade  suficiente  de  água  para  compensar  a  perda  excessiva.  A  quantidade  de  água  presente  no  organismo  está  intimamente  relacionada  à  quantidade  de  eletrólitos.  A  concentração  de  sódio  no  sangue  é  um  bom  indicador  da  quantidade  de  água  existente  no  organismo.  Quando  a  concentração  de  sódio  encontra-se  demasiadamente  alta,  o  corpo  retém  água para diluir o excesso de sódio. O indivíduo sente sede e produz menos  urina.  Quando  a  concentração  de  sódio  diminui  excessivamente,  os  rins  excretam  mais  água  para  fazer  com  que  a  concentração  de  sódio  retorne ao equilíbrio.



Assim,  a  desidratação  é  frequentemente  acompanhada  de  uma  deficiência de electrólitos, tendo como consequência:
  • Diminuição do volume de água no sangue, podendo haver diminuição da tensão arterial; Tonturas e perda de consciência; Choque   com   lesões   graves   de   órgãos   internos   (rins,   fígado   e cérebro).
hipernatriémia,  ou  seja,  a  concentração  sérica  elevada  de  sódio,  resulta do excesso de sódio associado a um reduzido volume relativo  de água. Está muito associada à 3ª idade, pois a sensação da sede está  diminuída  nessas  idades.  Pode  ocorrer  em  indivíduos  com  disfunção  renal, diarreia, febre ou sudorese excessiva. As alterações da quantidade total de sódio estão intimamente ligadas  às alterações no volume de água no sangue. De tal forma que o volume  sanguíneo  pode  aumentar  quando  existe  um  excesso  de  sódio  no  corpo. O líquido extra acumula-se no espaço que circunda as células e  acarreta uma condição denominada edema (retenção hídrica).
A preocupação com o sal é bastante pertinente, uma vez que o seu  consumo excessivo está relacionado com o desenvolvimento de várias  doenças, a saber: Hipertensão  Arterial:

  • é  a  doença  mais  diretamente  relacionada com o abuso do sal. O excesso de sódio vai provocar o aumento do  volume dos fluidos, o que implica um aumento do débito cardíaco e,  consequentemente, um agravamento da hipertensão arterial;
  • Aumento  do  Risco  de  doenças  cardiovasculares:  naturalmente resultantes   do   aumento   da   tensão   arterial,   como   o   AVC   e   a insuficiência cardíaca;
  • Aumento  do  Risco  do cancro  do estômago:  uma  das  principais causas de morte em Portugal;
  • Osteoporose: o verdadeiro mecanismo através do qual o excesso de  sódio leva a uma diminuição da massa óssea ainda não foi claramente demonstrado,  mas  aprece  envolver  o  equilíbrio  relativo  com  outros eletrólitos (cálcio, magnésio, fósforo, potássio, entre outros);
  • Aumento do Risco de doenças que Provocam a Retenção hídrica: como é o caso da insuficiência cardíaca ou renal e alguns tipos de cirrose do fígado.
*No Brasil consome em média 12 a 17 gramas de  sódio por dia. Valores muito acima do recomendado pela Organização  Mundial  da  Saúde  (OMS),  que  determina  uma  quantidade  máxima  de sal de 6 gramas diários.

Apesar das preocupantes doenças que estão associadas ao excesso  de  sódio,  uma  das  principais  queixas  ainda  é  a  retenção  hídrica  que implica,  pois  o  inchaço  que  acarreta  acaba  por  tornar
o   quadro   mais   evidente,   com   maior   visibilidade.   A  acumulação  excessiva  de  água  no  organismo  é  uma  resposta fisiológica, no sentido de diluir o sal presente.
As principais fontes alimentares de sal são:
  • Pão;
  • Sal  adicionado  durante  a  confecção  dos  alimentos  e  à mesa;
  • Enlatados;
  • Batatas fritas;Fiambre, presunto e enchidos.

sOluÇõEs  NATuRAis
  

A  OMS,  tendo  em  conta  o  impacto  que  o  excesso  de  sódio  pode  ter  na  manutenção  da  homeostase, recomenda vivamente que se reduza  o seu consumo.

Os  Diuréticos  são  um  grupo  de  fármacos  que  atuam no rim, aumentando o volume e o grau de
diluição  da  urina.  São  consideradas  substâncias  dopantes, pois são utilizadas para reduzir o peso,
bem como para mascarar outros agentes dopantes.

Nesse  sentido,  tenha  em  consideração  os  seguintes conselhos:
  • Reduza o consumo de sal (6 g por dia,segundo a OMS); 
  • Para diminuir a retenção de líquidos, dê preferência a frutas, verduras e legumes  (melancia, morango, agrião, abóbora, beterraba, cenoura, tomate, pepino, entre outros); 
  • Evite o consumo excessivo de bebidas com gás;
  • Diminua o consumo de enbutidos. Além de conterem gordura, têm também grandes teores de sódio; 
  • Inclua na dieta chás de ervas, pois são eficientes diuréticos. Entre eles: gengibre, canela, chá verde, entre outros; 
  • Sumos de frutas cítricas, como limão e laranja, são muito bem vindos. Ricos em potássio, são óptimos diuréticos; 
  • Modere os condimentos e temperos; 
  • Beba bastante água. Ela ajudará a diminuir a retenção hídrica e favorece o funcionamento intestinal; 
  • Pratique esporte regularmente. Dessa forma, eliminará líquidos e gorduras.

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