Transgênicos recebem transplantes de genes de outras espécies para favorecer alguma característica comercialmente desejável. Uma espécie transgênica não ocorre na natureza, só ocorre mediante intervenção tecnológica – e portanto pode ser patenteada pelo inventor, a indústria.
Um alface, um tomate, um milho de ocorrência natural são de domínio público, ou seja, qualquer um pode plantar alface, tomate, milho em sua terra.
Já um alface, tomate ou milho transgênico é um produto patenteado, cujo dono (a indústria) controla se, quando e quanto pode ser plantado.
Ruim para o produtor e para o consumidor
A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia, e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores. O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na biodiversidade agrícola e que não se utilize de produtos tóxicos, por entender que só assim teremos agricultura para sempre.
*Os transgênicos, ou organismos geneticamente modificados, são produtos de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza, como, por exemplo, arroz com bactéria.
Por meio de um ramo de pesquisa relativamente novo (a engenharia genética), fabricantes de agroquímicos criam sementes resistentes a seus próprios agrotóxicos, ou mesmo sementes que produzem plantas inseticidas. As empresas ganham com isso, mas nós pagamos um preço alto: riscos à nossa saúde e ao ambiente onde vivemos.
Nesse cenário, os transgênicos representam um duplo risco
Primeiro por serem resistentes a agrotóxicos, ou possuírem propriedades inseticidas, o uso contínuo de sementes transgênicas leva à resistência de ervas daninhas e insetos, o que por sua vez leva o agricultor a aumentar a dose de agrotóxicos ano a ano. Não por acaso o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos em 2008 – depois de cerca de dez anos de plantio de transgênicos – sendo mais da metade deles destinados à soja, primeira lavoura transgênica a ser inserida no País.
Além disso, o uso de transgênicos representa um alto risco de perda de biodiversidade, tanto pelo aumento no uso de agroquímicos (que tem efeitos sobre a vida no solo e ao redor das lavouras), quanto pela contaminação de sementes naturais por transgênicas. Neste caso, um bom exemplo de alimento importante, que hoje se encontra em ameaça, é o nosso bom e tradicional arroz.
A diversidade do arroz brasileiro congrega desde o arroz branco plantado no Rio Grande do Sul, que é adaptado a temperaturas amenas, àquele plantado no interior do nordeste, vermelho, resistente a climas quentes e secos. Ambos são necessários, sem seus respectivos climas e solos, para garantir que o cidadão brasileiro tenha sempre arroz em seu prato, em qualquer região do país.
Transgênicos são estéreis, não podem ser replantados; você precisa comprar as sementes do fabricante (dono) a cada nova safra.
*Transgênicos suportam quantidades muito maiores de agrotóxicos que qualquer outra planta natural ao redor (e isso é, ainda por cima, considerado uma vantagem!). Esses agrotóxicos contaminam plantações vizinhas, lençóis de água e o planeta.
O pólen da planta transgênica causa dano à vida dos importantes organismos polinizadores (ex: borboletas). Desses organismos polinizadores depende, nada mais, nada menos, que a vida na Terra como nós a conhecemos.
O vento leva o pólen transgênico, provocando fluxo genético para as plantas selvagens de terras vizinhas, o que pode gerar processos judiciais da indústria perante o agricultor dono dessas terras onde agora se encontram plantas com os genes patenteados. É basicamente a indústria querendo controlar até as forças da natureza.
As autoridades não parecem se preocupar com a questão ética do homem brincando de Deus para “melhorar” a Natureza. No Brasil, foi aprovado em 27 de abril de 2015 projeto de lei para tirar a obrigatoriedade de rotular de Transgênicos os alimentos transgênicos.
Ao mesmo tempo, foi dificultada a rotulagem e identificação de “isentos de transgênicos” em alimentos que de fato não são transgênicos. Agora para conseguir informar a população, no rótulo, de que o seu alimento não é transgênico, é necessário submetê-lo a testes tão caros a ponto de inviabilizar sua realização para a maioria dos pequenos produtores.
PANORAMA DO USO DE TRANSGÊNICOS NO BRASIL
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de Transgênicos do planeta, tendo como transgênicos cerca de 94,2% da soja e 84,6% do milho cultivados em seu território (fonte).
A introdução de transgênicos na natureza ameaça seriamente a nossa biodiversidade, já que este modelo privilegia a monocultura, que carrega impactos como a pouca variedade de fauna e flora e a consequente degradação do solo, dentre diversos outros problemas. Além disso, as alterações no patrimônio genético das nossas plantas e sementes estão diretamente ligadas ao aumento do uso de agrotóxicos: muitas sementes são modificadas para que sejam resistentes a estes produtos químicos, que passam a ser usados indiscriminadamente nas plantações.
Dessa forma, a agricultura e os agricultores tornam-se reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia, e a saúde de agricultores e consumidores é colocada em risco. Assim, enquanto produtores de orgânicos precisam passar por um rigoroso processo de fiscalização para provarem a qualidade dos alimentos, produtores convencionais têm seus produtos circulando com facilidade no mercado.
Cerveja tem até 45% de milho transgênico
As cervejas brasileiras mais consumidas contêm até 45% de milho transgênico em sua composição, de acordo com estudo publicado em 2013 no Journal of Food Composition and Analysis, vol. 29, págs. 52 a 57.
Cerveja, como a imaginamos, deveria ter cevada e não milho. Mas a indústria brasileira das principais marcas de cerveja parece pensar diferente, substituindo cevada por até 45% de milho. E o milho predominantemente no Brasil é transgênico.
Repense seus hábitos. Busque produtores artesanais fora das prateleiras das redes de supermercados e eleja-os como seus fornecedores.
Saia da zona de conforto não só pelo bem de sua saúde e seu paladar, mas para comunicar ao mercado que é um consumidor consciente não quer se deixar enganar. Celebre seu direito de consumidor mudando seus hábitos, informando-se mais e melhor sobre o que consome, e divulgando seu conhecimento para seu círculo de influência.
A rotulagem de alimentos transgênicos está ameaçada. Diga não a esse ataque ao direito à informação!
No dia 19/09, os senadores da CRA (Comissão de Agricultura e Reforma Agrária) aprovaram o PLC (Projeto de Lei da Câmara) 34/2015, que retira o símbolo T de produtos que contenham transgênicos em sua composição.
A aprovação do Projeto foi feita a partir de uma manobra conhecida como “extrapauta”: o relator do PLC na Comissão, senador Cidinho Santos (PR/MT), com apoio de outros parlamentares, incluiu o assunto nas discussões do dia sem que o mesmo estivesse presente na pauta oficial, que precisa ser divulgada com dois dias de antecedência.
Com a aprovação na Comissão de Agricultura, o PLC 34/2015 será encaminhado para a Comissão de Assuntos Sociais, atualmente presidida pela Senadora Marta Suplicy (PMDB/SP).
Além disso, segundo uma notícia veiculada no dia 26/08, pelo jornal O Globo, o presidente Michel Temer pode assinar, a qualquer momento, um decreto, inspirado no PLC 34/2015, preparado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para retirar a obrigação de uso do símbolo T no rótulo dos alimentos e rações animais.
Para o Idec, essas ações contra os consolidados direitos básicos dos consumidores, assim como outras medidas obscuras e violadoras da democracia, precisam ser rejeitadas pelas demais comissões do Senado Federal.
A aprovação do PLC, ou do decreto, representam um grave retrocesso e uma afronta aos direitos dos consumidores, pois impede a informação clara e precisa sobre o uso de ingredientes transgênicos nos produtos alimentícios.
Como defender a rotulagem dos transgênicos?
Utilize o formulário ao lado para pedir que a Comissão de Assuntos Sociais não aprove o Projeto e que o presidente Michel Temer não assine o decreto.
Cada pessoa pode, e deve, enviar mensagens quantas vezes quiser, assim como divulgar esta página em todas as suas redes sociais! (coloquei o link abaixo).
O Projeto de Lei
O PLC 34/2015, de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze (PP/RS), altera a Lei de Biossegurança para que sejam rotulados apenas alimentos que contenham 1% ou mais de transgênicos em sua composição. E mais: o uso de transgenia teria de ser comprovadamente detectada por meio de análise em laboratório.
O problema é que DNAs transgênicos não são detectáveis em alimentos processados e ultraprocessados. Ou seja, a rotulagem passa a depender de um teste que não identifica muitos dos produtos que levam transgênicos.
Assim, corremos o risco de passar a consumir alimentos transgênicos sem saber e, com isso, perderemos o poder de escolher por um produto sem qualquer presença desses organismos.
Mobilização Social
Além da resistência no Senado e no Poder Executivo, há bastante mobilização e pressão da sociedade para que a proposta que reduz a exigência para a rotulagem de transgênicos não seja aprovada.
O Idec mantém esta campanha desde 2008, quando o PLC foi proposto, e já coletou mais de 94 mil assinaturas contra o fim da rotulagem de transgênicos.
Além disso, mais de 15 mil pessoas já se manifestaram no portal do Senado e mais de 20 moções de repúdio foram oficialmente enviadas aos senadores defendendo a rejeição do PLC 34/2015.
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