quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Coronavírus e síndromes respiratórias agudas graves (MERS e SARS)




Coronavírus e síndromes respiratórias agudas graves (MERS e SARS)

Coronavírus são vírus de RNA envelopados.

Infecções por coronavírus em seres humanos mais frequentemente causam sintomas de resfriado comum. 
  • Os coronavírus 229E e OC43 causam resfriado comum; 
  • dois novos sorótipos, NL63 e HUK1, também foram associados ao resfriado comum.

Dois coronavírus, MERS-CoV e SARS-CoV, causam infecções respiratórias muito mais graves em humanos do que os outros coronavírus. Em 2012, o coronavírus Mers-CoV foi identificado como a causa da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, do inglês MiddLe East Respiratory Syndrome). No final de 2002, o SARS-CoV foi identificado como a causa de um surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome).


Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS)

A síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) é uma doença respiratória aguda grave causada pelo coronavírus MERS (MERS-CoV).

A infecção por MERS-CoV foi inicialmente descrita em setembro de 2012 na Arábia Saudita, mas um surto em abril de 2012 na Jordânia foi confirmado retrospectivamente. Em 2018, em todo o mundo, foram notificados 2.144 casos de infecção por MERS-CoV (com pelo menos 750 mortes relacionadas) foram relatados em 27 países; todos os casos de MERS foram vinculados a viagens ou residência em países na e próximos da Península Arábica, com > 80% na Arábia Saudita. 

O maior surto conhecido de MERS fora da Península Arábica ocorreu na República da Coreia em 2015. O surto foi associado a um viajante que retornava da Península Arábica. Casos também foram confirmados na França, Alemanha, Itália, Tunísia e Reino Unido em pacientes que foram transferidos para esses países para tratamento ou adoeceram após retornar do Oriente Médio.


A mediana da idade dos pacientes com MERS-CoV é de 56 anos, e a proporção homem:mulher é cerca de 1,6:1. A infecção tende a ser mais grave nos idosos e naqueles com doença preexistente como diabetes, doença cardíaca crônica ou doença renal crônica.

Transmissão do MERS-CoV

O MERS-CoV pode ser transmitido de pessoa para pessoa por meio de contato direto, gotículas respiratórias (partículas > 5 μm) ou aerossóis (partículas < 5 μm). A transmissão interpessoal foi comprovada pela ocorrência da infecção em pessoas cujo único risco foi o contato próximo com pessoas que tinham MERS.

Acredita-se que o reservatório do MERS-CoV sejam os dromedários, mas o mecanismo de transmissão desses animais para os humanos é desconhecido. A maioria dos casos descritos foi por transmissão direta entre humanos em unidades de saúde. Se um paciente tiver suspeita de MERS, deve-se iniciar as medidas de controle de infecção prontamente para evitar a transmissão nas unidades de saúde.

Sinais e sintomas

O período de incubação de MERS-CoV é cerca de 5 dias.

A maioria dos casos relatados foi de doença respiratória grave exigindo hospitalização, com letalidade de cerca de 35%; mas pelo menos 21% dos pacientes tiveram sintomas leves ou foram assintomáticos. Febre, calafrios, mialgia e tosse são comuns. 

Sintomas GI (e. ex., diarreia, vômito, dor abdominal) ocorrem em cerca de um terço dos pacientes. As manifestações podem ser suficientemente graves para exigir tratamento em uma UTI.

Diagnóstico

    Testes de reação em cadeia da polimerase da transcriptase reversa em tempo real (PCR-TR) das secreções do trato respiratório inferior e superior e do sangue

Suspeitar de MERS nos pacientes com infecção aguda inexplicada do trato inferior respiratório e que apresentaram algum dos seguintes em 14 dias após o início dos sintomas:
  •     Viagens ou residência em uma área onde a MERS foi descrita recentemente ou onde a transmissão pode ter ocorrido
  •     Entrar em contato com a unidade de saúde na qual houve a trasmissão da MERS
  •     Contato próximo com um paciente que estava enfermo com suspeita de MERS

Também deve-se suspeitar da MERS nos pacientes que tiveram contato próximo com um paciente com suspeita de MERS e apresentam febre, independentemente de terem ou não sintomas respiratórios.

Os testes devem conter ensaios em tempo real por PCR-TR das secreções do trato respiratório inferior e superior, idealmente coletadas de diferentes locais e em diferentes momentos. O soro deve ser obtido de pacientes e de todos, mesmo contatos próximos assintomáticos, incluindo profissionais de saúde (para ajudar a identificar MERS leve ou assintomática). O soro é obtido imediatamente após suspeita de MERS ou depois de os contatos serem expostos (soro de fase aguda) e 3 a 4 semanas mais tarde (soro de fase convalescente). Os testes são feitos nos departamentos de saúde estaduais ou nos CDC.

Em todos os pacientes, radiografia de tórax detecta alterações, que podem ser discretas ou extensas, unilaterais ou bilaterais. Em alguns pacientes, os níveis de LDH e AST são altos e/ou os níveis de plaquetas e linfócitos são baixos. Alguns pacientes têm lesão renal aguda. Coagulação intravascular disseminada e hemólise podem se desenvolver.

Tratamento
   
Tratamento de suporte

O tratamento da MERS é de suporte. Para ajudar a prevenir a propagação de casos suspeitos, os profissionais de saúde devem usar precauções universais de contato e de transmissão respiratória.

Não há vacina.

Síndrome respiratória aguda grave (SARS)

A síndrome respiratória aguda grave (SARS) é uma doença respiratória aguda grave causada pelo coronavírus SARS (SARS-CoV).

*SARS é muito mais grave do que outras infecções por coronavírus. SARS é uma doença semelhante à influenza que, ocasionalmente, provoca insuficiência respiratória progressiva grave.

SARS-CoV foi inicialmente detectado na província de Guangdong, China, em novembro de 2002 e, subsequentemente, disseminou-se para > 30 países. Nesse surto, foram notificados > 8.000 casos em todo o mundo, com 774 mortes (letalidade de aproximadamente 10%). O surto de SARS-CoV foi a primeira vez em que o CDC desaconselhou viajar para uma região. 

*Esse surto diminuiu e não era mais  identificados novos casos desde 2004. Presumiu-se que a fonte imediata tenha sido as civetas, que foram infectadas por contato com morcegos antes de serem vendidas em um mercado de animais vivos. Morcegos são frequentes hospedeiros portadores do coronavírus.

A SARS-CoV é transmitida de pessoa para pessoa por contato pessoal próximo. Acredita-se que seja transmitida mais prontamente por gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra.

O diagnóstico da SARS é clínico e o tratamento é de suporte. A coordenação de práticas de controle de infecção imediatas e rígidas ajudou a controlar rapidamente o surto de 2002.

Embora nenhum caso novo tenha sido relatado desde 2004, não se deve considerar a SARS eliminada porque o vírus causador tem um reservatório animal do qual é possível ressurgir. É exatamente esse que voltou na China em 2020.

Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-graves-mers-e-sars?sccamp=sccamp

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