segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Método para desmame do bebê BLW-Baby Led Weaning

Método BLW Baby-led Weaning, em que o bebê pega os alimentos em pedaços e leva até a boca sozinho, tem ganhado popularidade. Ganhou notoriedade no mundo todo com a agente de saúde britânica Gill Rapley, quando publicou Desmame guiado pelo bebê: como ajudar seu filho a amar boa comida. O livro foi criado como uma espécie de guia, pensado para orientar os pais em uma fase que os nutricionistas chamam de “introdução alimentar”.


A Sociedade Brasileira de Pediatria lançou recentemente um guia sobre alimentação complementar, que traz alguns estudos e orientações particulares sobre o método BLW (Baby-led Weaning), no qual o bebê deve levar sozinho os alimentos à boca. Entre as orientações básicas do BLW estão:
  • oferecer os alimentos preferencialmente in natura em vez de preparar papinhas, 
  • oferecer alimentos variados, 
  • sempre colocar a criança sentada e interagir com ela na hora das refeições.

Inicialmente, o documento ressalta algumas orientações dadas pela SBP sobre a alimentação complementar publicadas no Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia e atualizadas em 2012. São elas:

  • A evolução da consistência deve ser gradual: os alimentos devem ser oferecidos inicialmente em forma de papas e só depois em pedaços mais firmes;
  • Todos os grupos alimentares devem ser oferecidos a partir da primeira papa principal;
  • A refeição deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificar;
  • O ritmo da criança deve ser respeitado, de acordo com o desenvolvimento neuropsicomotor;
  • Recomenda-se o uso do nome papa principal e não papa salgada.”
Em seguida, o texto traz alguns estudos e orientações sobre o BLW, que tem sido buscado por muitas famílias como alternativa a formas mais tradicionais de alimentação. Só que, de acordo com o guia, “profissionais de saúde e sociedades da Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos não recomendam oficialmente o BLW”.

É citado um estudo que comparou bebês que se alimentavam pelo BLW e bebês que se alimentavam pelos métodos tradicionais de colher, com a conclusão dos especialistas de que:
  • “Embora não haja diferença estatisticamente significante, grande número de crianças consome alimentos que representam risco de asfixia.
  •  Crianças do grupo BLW foram mais propensas a comer com a família no almoço e jantar; tiveram maior ingestão de gordura e gordura saturada; e menor ingestão de ferro, zinco e vitamina B12 que crianças do outro grupo. Os dois grupos tiveram a ingestão de energia similar.”

De acordo com o pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a diferença nutricional pode acontecer porque, com o método BLW, a criança pode mais brincar com a comida do que comer, o que diminui o volume de alimentos ingeridos e, consequentemente, de nutrientes.O que nós não recomendamos é a utilização única do BLW. Indicamos a alimentação mista: deixar que as crianças explorem os alimentos, as texturas, mas garantir que os pais alimentem os bebês”, explica.

Fisberg ressalta que, mesmo a partir dos 6 meses, fim do período de amamentação exclusiva, é importante seguir com o aleitamento complementar, recomendado pela Organização Mundial da Saúde até os 2 anos.

A questão

A agente de saúde britânica Gill Rapley ganhou notoriedade entre pais e mães do mundo inteiro quando, em 2008, aconselhou deixar que as crianças se alimentassem sozinhas, já a partir dos 6 meses de vida. Naquele ano, Gill publicou Desmame guiado pelo bebê: como ajudar seu filho a amar boa comida. O livro foi criado como uma espécie de guia, pensado para orientar os pais em uma fase que os nutricionistas chamam de “introdução alimentar”.


-Até o sexto mês de vida, a Organização Mundial da Saúde recomenda que a criança seja alimentada exclusivamente com leite materno.
- A partir dessa idade, o bebê ganha habilidades: aprende a sentar sozinho, sustentar a própria cabeça e mastigar. Mudam, também, suas necessidades nutricionais. É quando a introdução de outros alimentos se torna benéfica – a partir dessa idade, a criança vai precisar de zinco e ferro em quantidades que o leite materno pode não ser capaz de prover.


É onde entra o método de Gill.

Ela ensina os pais a alimentar os rebentos seguindo as escolhas do bebê:
  • em lugar de servir comida na forma de papinhas, a colheradas, a britânica defende que a criança deve receber alimentos sólidos, os mesmos servidos ao restante da família, cortados em pedaços. Posta sobre a mesa, ou na tampa do cadeirão, a comida fica à disposição da criança, que come com as próprias mãos e decide quais alimentos (e quanto) comer.

 Segundo o BLW, as crianças podem começar a se servir de alimentos sólidos a partir dos sexto mês de vida (Foto: FreeImages)

Em 2008, o desmame guiado pelo bebê – ou BLW, na sigla em inglês – já não era uma ideia assim tão nova. A própria Gill afirmou, em mais de um ocasião, que gerações de pais e mães antes dela alimentaram os filhos segundo princípios parecidos. Mas Gill carrega o mérito de dar nome e popularizar a técnica. Livros sobre o tema foram publicados em mais de 15 idiomas. Em maio, a Sociedade Brasileira de Pediatria chegou a publicar um documento sobre o método – motivado pelo crescente interesse dos pais.

O defensores do desmame guiado pelo bebê advogam que o método é uma boa forma de prevenir o sobrepeso. Como a criança tem o controle sobre quanto comer – já que é ela quem leva o alimento à boca –, ela respeita os limites do próprio corpo e consome somente o suficiente. Mas essa é uma crença sobre a qual há pouco conhecimento científico.

Uma pesquisa conduzida por duas cientistas neozelandesas na revista científica Jama, investigou a questão. E concluiu que esse pretenso benefício não passa de mito.


O que a ciência diz


As pesquisadoras Rachel Taylor e Anne-Louise Heath, professoras do departamento de nutrição da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, queriam verificar a validade de uma ideia muito propagada. “Queríamos saber se isso era verdade: se o bebê controlar quanta comida consome, suas chances de sobrepeso serão mesmo menores?”, diz Anne-Louise. 

Em 2012, as duas começaram a acompanhar um grupo de 206 crianças nascidas na maternidade da cidade de Dunedin. O experimento durou dois anos, durante os quais metade dos pais foi orientada a alimentar os filhos segundo os princípios do BLW. A outra metade alimentou os filhos da forma tradicional, com a introdução de papinhas a partir do quarto ou sexto mês de vida. A ideia era comparar a trajetória dos bebês.

O estudo das duas é o mais ambicioso feito sobre o assunto até hoje. Antes dele, outros trabalhos tinham abordado a questão, mas de maneira pouco conclusiva. O maior deles foi publicado em 2013, por um time da Universidade de Swansea, no Reino Unido. Foram entrevistadas 298 mães, com filhos entre 18 e 24 meses, sobre como as crianças eram alimentadas e quanto pesavam. A conclusão, na ocasião, foi que as crianças que decidiam quanto comer tinham menores chances de sofrer com sobrepeso.


O trabalho britânico foi pioneiro, mas, na visão das duas pesquisadoras da Nova Zelândia, tinha falhas: era possível que os pais informassem o peso da criança com erro. E a abordagem também não levava em conta diferenças sociais entre as famílias envolvidas.  Alguns trabalhos defendem que as mães que deixam o desmame ser conduzido pela criança são mais escolarizadas, o que pode interferir no tipo de alimento oferecido ao bebê – e em quanto ele pesa.

Rachel e Anne-Louise tentaram evitar esses deslizes. Dividiram os pais que toparam participar da pesquisa de maneira aleatória, e antes que eles decidissem qual método de desmame seguir. Sua equipe também se encarregou de pesar as crianças periodicamente e de questionar os pais, em entrevistas presenciais, sobre o comportamento dos filhos em relação à comida.

Os resultados podem desapontar os defensores do BLW. Segundo o trabalho, as chances de uma criança alimentada pelo método desenvolver sobrepeso é a mesma que aquela de uma criança alimentada a colheradas: ao final dos 24 meses de pesquisa, o Índice de Massa Corporal das crianças nos dois grupos era, em média, de 16. As pesquisadoras notaram, inclusive, uma tendência maior ao sobrepeso no grupo do BLW – 10% das crianças nesse grupo desenvolveram sobrepeso, contra 6% no grupo da alimentação tradicional.

Há, ainda assim, algumas boas notícias. O comportamento das crianças em relação à comida foi avaliado por meio de um questionário que media sua receptividade a novos alimentos e sabores. As crianças do BLW foram mais receptivas a alimentos diferentes e demonstraram maior prazer ao comer.

Quanto à tendência maior ao sobrepeso entre as crianças que se alimentam sozinhas, Anne-Louise faz uma ressalva: “Nós testamos uma forma de BLW modificada”, afirma. Existe o temor de que deixar as crianças no controle pode resultar no consumo de nutrientes em quantidades menores que as recomendadas. Por isso, as crianças do estudo foram alimentadas com comida rica em ferro. “Vamos continuar as pesquisas. Dessa vez, para avaliar os impactos na saúde do BLW sem modificações.”

A OMS e o Ministério da Saúde brasileiro

Sugerem que a introdução da criança no mundo dos alimentos sólidos deve ser gradual – primeiro com papinhas e mais tarde com alimentos cortados em tamanhos que não ofereçam risco de engasgo.

 É uma abordagem ligeiramente diferente do BLW. Como a ciência não sabe se uma das abordagens é superior à outra, talvez o melhor para os pais seja seguir o conselho do guia recém-publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e seguir aquelas recomendações comuns às duas:
  •  oferecer alimentos variados e respeitar os limites do apetite da criança – para evitar alimentá-la mais que o necessário. 
  • O leite materno, além disso, deve ser mantido até os 2 anos ou mais. De resto, até onde a ciência sabe, a escolha é livre.


Como Iniciar o BLW na Alimentação Infantil?

O método BLW dispensa papinhas ou alimentos amassados para bebês acima de seis meses de vida,  então o que fazer? 

Basta escolher alimentos mais moles e bem cozidos para a criança. Tanto pela facilidade que ela terá em comer (já que não tem dentes) mas também pela facilidade de digestão posteriormente. O alimento deve ser de um tamanho que o bebê possa e consiga pegar com facilidade ou seja, grande.

Crianças que são introduzidas só BLW podem resistir inicialmente a pegar o alimento, mas com o passar do tempo vai aceitando e se tornando uma rotina. Não se preocupe tanto com a bagunça que a hora das refeições podem fazer, pois o BLW é um método em que a criança se suja mesmo, é normal!



O método BLW funciona de forma que:
  •  a mastigação é incentivada, 
  • a coordenação motora é trabalhada 
  • e o psicológico do bebê também. 
  • Ali ele passa a ter consciência que consegue se alimentar sozinho quando oferecidos os alimentos mesmo que em forma não tradicional.

O ideal do método é deixar que a criança se acostume aos poucos. A mãe pode ajudar inicialmente claro, porém se surgir vontade da própria criança em se alimentar sozinha, a mãe não deve interferir.
Um ponto importante e muito cogitado nesse método de introdução alimentar infantil é a questão do engasgue. Quando eu ouvi falar pela primeira vez logo me veio a cabeça os engasgues.

Será que com esse método a criança não estaria mais exposta?

Crianças que praticam  BLW devem ser constantemente monitoradas porém o corpo humano tem artifícios para evitar o engasgo em bebês. O corpo tem um sistema de anti engasgue que com o tempo se aperfeiçoa e os reflexos iniciais do bebê ajudam bastante. Se tem um pedaço maior, o próprio bebê o tira a boca, o contrario também deve ser evitado, alimentos pequenos demais são arriscados para o bebê então prefira os que o bebê conseguira mastigar para engolir. Os alimentos mais indicados para a essa fase de introdução da alimentação infantil são:

    Batatas
    Pepinos
    Cenouras
    Mangas
    Maçãs
    Bananas
    Mamão

Esses são os que os bebês mais gostam mas tudo pode ser oferecido, com exceção de carne até que o medico pediatra libere. O tempero dos alimentos deve ser acrescido ainda no cozimento e deve ser o normal do dia a dia da família com exceção de pimentas e familiares em picância. Na dúvida sobre o método BLW, ninguém melhor do que o pediatra e especialistas para tranquilizar a mamãe e o papai sobre os riscos x benefícios dessa modalidade de alimentação infantil.

VÍDEO SOBRE O ASSUNTO
Fonte: Revista Época
-Sociedade Brasileira de Pediatria

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