terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pesquisa aponta que alimentação da mãe serve de exemplo para o filho

Mudanças na dieta das mães são necessárias para prevenção e controle da obesidade infantil. Em artigo publicado na revista Appetite (junho, 2012), Wroten e colaboradores determinaram a correlação entre a ingestão de “snacks” (biscoitos e salgadinhos), doces, frutas, hortaliças e calorias de 650 pares de mães e filhos.

 A amostra foi proveniente de populações de baixa renda do Texas e do Alabama, Estados Unidos. A análise foi realizada a partir da coleta durante uma semana de recordatórios de 24 horas das mães, com idade média de 31,8 anos, e das crianças, que tinham em média 4,4 anos. A prevalência de sobrepeso e de obesidade entre as mães foi de 26,4% e de 51,3%, respectivamente. Entre as crianças, encontrou-se prevalência de sobrepeso e de obesidade iguais a 13,9% e 26,0%, respectivamente.

Os resultados mostraram correlação estatisticamente significante entre a ingestão das mães e dos filhos para doces, frutas, hortaliças e calorias. Além disso, observou-se associação positiva entre a estimativa do total consumido em gramas e o total de calorias consumidas pelos pares de mães e filhos. Embora seja intuitivo pensar que as dietas de mães e filhos são similares, as evidências disponíveis até a condução desta pesquisa não eram consideradas consistentes, por apresentarem limitações relacionadas às populações estudadas e ao tamanho pequeno das amostras, dentre outros.



As mães influenciam o consumo de seus filhos por tomarem decisões sobre a aquisição de alimentos e também por serem modelos de comportamento para as crianças; portanto, devem compreender que desempenham um papel de grande valor. Na amostra estudada, chamou atenção a prevalência de obesidade muito elevada entre as mães, que pode ter impacto na obesidade entre as crianças, uma vez que houve correlação entre a ingestão de calorias de mães e filhos. Uma relação causal, todavia, não pode ser estabelecida.



Assim, é importante que ações de educação nutricional com foco na promoção do consumo de frutas e hortaliças e redução da ingestão de alimentos de alta densidade energética abordem também as mães, como parte da estratégia para o controle da obesidade e melhora da qualidade da dieta das crianças.

O comportamento alimentar ocupa atualmente um papel central na prevenção e no tratamento de doenças. A alimentação durante a infância, ao mesmo tempo em que é importante para o crescimento e desenvolvimento, pode também representar um dos principais fatores de prevenção de algumas doenças na fase adulta. Freqüentemente a família, os fatores sociais e os ambientais podem influenciar o padrão alimentar das crianças.

Outros fatores, como a escola, a rede social, as condições socioeconômicas e culturais, são potencialmente modificáveis e influenciam no processo de construção dos hábitos alimentares da criança e, conseqüentemente, do indivíduo adulto. Uma vez que a alimentação pode exercer influência nos processos de saúde e doença no contexto familiar, o conhecimento acerca do comportamento alimentar das crianças é de grande relevância.


Referência:

Wroten KC, O'Neil CE, Stuff JE, et al. Resemblance of dietary intakes of snacks, sweets, fruit, and vegetables among mother-child dyads from low income families. Appetite 2012  [Epub ahead of print].

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