quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Intolerância à Lactose

A intolerância à lactose é a doença bem comum, provocada pela incapacidade de digerir lactose, um açúcar encontrado no leite e nos laticínios.

 
    A falta da lactase, enzima que digere a lactose, leva ao aparecimento de sintomas                 gastrointestinais sempre que um produto à base de leite é consumido.
A intolerância à lactose não costuma ser uma doença grave, mas os seus sintomas podem ser bastante incômodos.

A intolerância ao leite e aos produtos lácteos ocorre nos indivíduos que possuem níveis insuficientes da enzima lactase, responsável por digerir a lactose, o tipo de açúcar presente no leite. A lactose representa cerca de 5% do leite de vaca habitualmente comercializado.



Intolerância à lactose não é a mesma coisa que alergia ao leite. A intolerância à lactose ocorre por uma falha enzimática e nada tem a ver os processos alérgicos de quem tem alergia a alimentos.

O que é lactose?

A lactose é um dissacarídeo, uma molécula de açúcar grande, formada pela fusão de dois açúcares simples: a glicose e a galactose.

O nosso organismo não consegue absorver moléculas grandes de açúcar, por isso, nosso sistema digestivo possui enzimas especiais, que quebram açucares complexos em açucares simples (monossacarídeos), permitindo sua absorção nos intestinos.

O que é lactase?

A lactase é uma dessas enzimas, sendo produzida no intestino delgado. Sua ação consiste especificamente em quebrar a lactose em glicose e galactose, permitindo que os intestinos consigam absorver os açúcares presentes no leite.

Quando os níveis de lactase são insuficientes, a lactose não é digerida no intestino delgado e chega em grande quantidade ao cólon, porção do intestino rica em bactérias. Várias bactérias do nosso intestino grosso são capazes de fermentar a lactose, um processo que resulta na produção de gases de hidrogênio e ácidos. Além disso, a lactose é uma substância altamente osmótica, que “puxa” água e sais minerais da parede do cólon, aumentando o volume das fezes.

A deficiência de lactase pode ser primária, ou seja, o indivíduo já nasce com propensão a tê-la; ou secundária, quando a intolerância à lactose é adquirida ao longo da vida, devido a algum problema intestinal.

 A quantidade de lactase produzida no intestino delgado costuma ser elevada durante os primeiros anos de vida, mas vai reduzindo-se conforme a dieta se torna mais variada, menos dependente de leite e derivados. 

Em algumas etnias, como os asiáticos, uma leve a moderada intolerância à lactose costuma surgir a partir dos 5 anos de idade. Em afrodescendentes e latinos, a redução nos níveis de lactase costuma surgir ao redor dos 10 anos. Nos caucasianos (brancos) esta redução costuma só aparecer após a adolescência.

É importante destacar que nem toda redução na produção de lactase leva a sintomas de intolerância à lactose. Muitas vezes, a quantidade de lactase está reduzida, mas ainda é suficiente para não causar uma grande aporte de lactose para o cólon. 

*Conforme o indivíduo envelhece, a produção de lactase vai se tornando cada vez menor, ao ponto da intolerância à lactose ser extremamente comum na população mais velha, principalmente em negros, latinos e asiáticos.

A intolerância à lactose SECUNDÁRIA é aquela que surge por doenças ou após cirurgia do intestino.  

Exemplos de doenças que causam deficiência de lactase são:


    Doença celíaca  (Enteropatia por glúten)
    Doença de Crohn
    Diarreias causadas por gastroenterite viral
    Giardíase
    Diabetes mellitus avançado
    Quimioterapia.
    AIDS


Sintomas da intolerância à lactose

Os sinais e sintomas da intolerância à lactose geralmente começam entre 30 minutos a 2 horas depois de comer ou beber alimentos que contenham lactose.

Os sintomas mais comuns incluem:
  •  diarreia, cólicas abdominais, flatulência e abdômen distendido.
  •  Nos adolescentes, náuseas e vômitos também são comuns. 
  • A fermentação da lactose pelas bactérias produz ácidos, o que torna as fezes mais ácidas e pode causar irritação (assaduras) na região anal.

A gravidade dos sintomas de intolerância à lactose varia de pessoa para pessoa. Esta variabilidade depende da quantidade de lactose presente na dieta e do grau de insuficiência da enzima lactase de cada indivíduo.

-Pequenas quantidades de lactose podem causar fortes sintomas em pessoas com deficiência grave de lactase, e apenas sintomas leves ou nenhum sintoma em pessoas com deficiência leve a moderada

Os sintomas da intolerante à lactose são pouco específicos e podem ocorrer em uma variedade de doenças gastrointestinais, principalmente nas gastroenterites agudas. A dica para se pensar em intolerante à lactose é o aparecimento dos sintomas sempre que o paciente ingere alimentos com leite ou derivados, incluindo sorvetes, iogurtes, queijos, etc.
Se você se sentir mal toda vez que bebe leite (ou qualquer laticínio) a intolerância à lactose deve ser suspeitada.

Diagnóstico da intolerância à lactose

O diagnóstico da intolerância à lactose é geralmente feito clinicamente, baseado apenas na história clínica e nos sintomas do paciente. Raramente são necessários exames laboratoriais. Todavia, se o médico sentir necessidade de confirmar o diagnóstico com exames complementares, dois testes são os mais usados:

1- Teste respiratório para pesquisar a eliminação de hidrogênio

Em geral, eliminamos apenas pequenas quantidades de hidrogênio pelos pulmões. Já os pacientes com intolerância à lactose produzem grandes quantidades de hidrogênio no cólon, sendo parte desse gás reabsorvido para o sangue e eliminado pelos pulmões através da respiração. Este teste, portanto, consiste na pesquisa de hidrogênio no ar expirado após o consumo de lactose.

2- Teste de tolerância à lactose

Após a ingestão de lactose, medimos a glicose no sangue para saber se houve elevação dos seus níveis. Em pessoas sadias, a lactose é quebrada em glicose e galactose, sendo reabsorvida pelo intestino e lançada na corrente sanguínea. Nos pacientes com deficiência de lactase, a lactose não é digerida e a glicose contida nela não é absorvida. Logo, a elevação da glicose sanguínea é apenas discreta nestes pacientes.

Tratamento da intolerância à lactose




#Em geral, não é preciso nenhum tratamento medicamentoso para a intolerância à lactose. A redução do consumo de laticínios costuma ser suficiente na maioria dos casos. Alguns pacientes toleram queijos e margarinas e precisam suspender apenas o leite propriamente dito.

#Para os casos mais graves, já existem no mercado leite e outros produtos lácteos sem lactose, sendo está uma boa solução para que o paciente não deixe de consumir laticínios. Existem produtos com 0% de lactose e produtos com redução de 80 a 90% da lactose.

#Mesmo nos casos mais severos, quando o paciente precisa suspender totalmente o consumo de laticínios, essa interrupção pode ser apenas temporária. Depois de um tempo sem sintomas, o paciente pode reintroduzir gradualmente os laticínios na dieta. O organismo é capaz de se readaptar à falta da enzima lactase, e, se for “acostumado” de forma gradual, o paciente pode conseguir voltar a ingerir leite sem ter sintomas graves.

*Já existem no mercado medicamentos para repor a lactase. O paciente pode tomar a lactase (em pó, pílulas ou líquido) logo antes da refeição, permitindo uma melhor digestão dos laticínios


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