quinta-feira, 13 de julho de 2017

Mau odor das axilas

O mau odor corporal é chamado pelos médicos de bromidrose (do grego: bromos= mau cheiro + hidros= suor). Popularmente conhecido como cê-cê, a bromidrose é um fenômeno relativamente comum nos homens após a puberdade. Sua origem costuma ser o suor das axilas e está relacionada a um tipo específico de glândula sudorípara (glândula produtora de suor).


Como surge o odor nas axilas (bromidrose)

Já falamos no post anterior de chulé odor nos pés, agora vamos falar de odor nas axilas. Será que o processo é parecido, vamos saber!

 O nosso suor é um líquido naturalmente sem odor, produzido pelas glândulas sudoríparas localizadas na pele. Existem dois tipos de glândulas sudoríparas: écrinas e apócrinas. Como já foi falado no caso do chulé são as mesmas glândulas.

A glândulas écrinas: são as mais comuns e estão distribuídas por toda a superfície da pele. O suor produzido por essas glândulas é composto por 99% de água e 1% de sais minerais, como cloreto de sódio (sal) e ureia.

  • A principal função das glândulas écrinas é controlar a temperatura do nosso corpo, por isso, transpiramos toda vez que está muito quente ou quando fazemos exercícios. O suor das glândulas écrinas serve para esfriar o nosso corpo, ajudando-o a se manter entre 36ºCe 37ºC.

As glândulas apócrinas: por sua vez, só estão presentes em algumas partes do corpo, como nas axilas, virilhas, região ao redor dos mamilos e do ânus. As glândulas apócrinas surgem entre os 8 e 14 anos de idade e produzem um tipo de suor completamente diferente, mais oleoso, que não evapora e não tem função de controlar a temperatura do corpo.

*Tanto as glândulas écrinas quanto as apócrinas produzem um suor inicialmente sem odor. Porém, devido à ação de bactérias presentes na pele, como a espécie Corynebacterium, as gorduras presentes no suor das glândulas apócrinas são digeridas e transformadas em ácidos voláteis, que apresentam odor forte e desagradável.


Fatores que favorecem o aparecimento do mau odor corporal

Todo mundo tem glândulas apócrinas e apresenta algum grau de odor nas axilas e nas virilhas. Algumas pessoas, porém, apresentam um mau odor corporal acima da média, difícil de ser controlado. Homens e jovens pós-puberais são o grupo com maior incidência de bromidrose.


*Estudos mostram que as pessoas com mau cheiro corporal são aquelas que apresentam um maior número de glândulas apócrinas. Nestes indivíduos, as glândulas também costumam ser maiores do que nas pessoas que não apresentam relevante mau cheiro nas axilas.

Além dos fatores genéticos, que determinam as caraterísticas das glândulas apócrinas, há também outras condições que podem contribuir para o mau cheiro corporal:

– O tipo e a quantidade de bactérias presentes na pele.
– Excesso de suor.
– Má higiene pessoal.
– Obesidade
– Diabetes mellitus
– Cigarro
– Micose nas axilas.
– Ingestão excessiva de alguns alimentos, tais como cebola, curry, alho ou pimenta.
– Ingestão excessiva de álcool
– Antibióticos, como a penicilina.

Como tratar o mau cheiro nas axilas

Existem diversas modalidades terapêuticas disponíveis para o tratamento do odor corporal. O tratamento escolhido deve considerar a causa do mau odor e o grau de comprometimento na qualidade de vida do paciente.

Em geral, o tratamento objetiva dois alvos:
  •  controlar a quantidade de suor 
  • e reduzir o número de bactérias na pele.

Abaixo, algumas opções simples para aliviar o mau cheiro das axilas:

– Lavar as axilas pelo menos duas vezes por dia com sabão antibacteriano.
– Usar desodorante antiperspirante para diminuir o suor nas axilas.
– Não repetir roupas, pois o suor seco é causa frequente de mau odor.
– Raspar os pelos da axila para retirar bactérias e suor seco que ficam aderidos aos mesmos.
– Atenção à dieta.
– Tratar problemas na pele que possam estar perpetuando o cheiro, como micoses.
– Tomar banho diariamente.

*Se o paciente apresentar hiperidrose (suor excessivo), o tratamento desta condição é necessário para controlar o mau cheiro. Opções incluem iontoforese, uso de toxina botulínica e até cirurgia para remoção das glândulas sudoríparas. Explicado logo abaixo.


Outras opções de tratamento para o mau cheiro das axilas incluem:

– Remoção definitiva dos pelos das axilas.
– Uso de antibióticos tópicos nas axilas, como clindamicina ou eritromicina.
– Lipossucção para remoção das glândulas apócrinas da axila.
– Tratamento a Laser das glândulas apócrinas.

Hiperidrose  


É um estado no qual o corpo produz um volume de suor desproporcional às necessidades fisiológicas para a regulação da temperatura corporal, ou seja, o paciente transpira demais e sem motivo.

A hiperidrose é normalmente uma condição primária, sem que haja uma causa aparente. Todavia, existem algumas doenças e alguns medicamentos que podem causar uma sudorese excessiva.

*Qualquer ponto do corpo pode ser afetado pela hiperidrose, porém, palmas das mãos, solas dos pés, face e axilas são os sítios mais comuns. Via de regra, a hiperidrose é uma sudorese focal, acometendo apenas uma área do corpo.

Atualmente, para o diagnóstico da hiperidrose usamos os seguintes critérios:

1. Sudorese focal excessiva com mais de 6 meses de duração e sem causa aparente.

Mais dois dos critérios listados abaixo:

2. Sudorese bilateral e simétrica (acomete ambas as mãos, pés e/ou axilas).
3. Sudorese que atrapalha as atividades diárias comuns.
4. Sudorese excessiva que ocorre pelo menos 1x por semana.
5. Início do quadro antes dos 25 anos de idade.
6. História familiar de hiperidrose.
7. Sudorese focal durante o sono.

  • Cerca de 2% da população apresenta critérios para o diagnóstico da hiperidrose. 
  • Pessoas de origem asiática, principalmente japoneses, têm um risco maior de apresentar a doença. 
  • A hiperidrose focal é mais comum em adolescentes e jovens; menos de 5% dos casos iniciam-se após a puberdade, o que faz com que todo adulto com quadro de sudorese excessiva de inicio recente seja investigado para doenças metabólicas ou uso de medicamentos.

*A hiperidrose costuma piorar em períodos de calor ou durante estresse emocional, mas muitos destes pacientes transpiram a todo momento, sem que haja fator desencadeante aparente.

  • Apesar de não ser uma doença grave, que traga maiores complicações, a hiperidrose pode ser incômoda e atrapalhar a vida social e profissional dos pacientes. 
  • O excesso de suor nas axilas pode manchar roupas e ser esteticamente indesejável, enquanto a transpiração nas mãos pode molhar papeis, tornar o manuseio de instrumentos uma tarefa difícil e causar constrangimento ao apertar as mãos de outras pessoas.
  • Além do constrangimento social, a hiperidrose favorece o aparecimento de algumas outras doenças de pele, tais como: eczemas, verrugas, dermatite atópica, infecção fúngica nas unhas, frieiras, foliculite e odores desagradáveis.


Causas de hiperidrose

<>A hiperidrose primária, ou seja, a hiperidrose sem causa aparente, costuma ser localizada, acometendo apenas mãos, pés ou axilas. Eventualmente, o excesso de suor na face e crânio pode fazer parte do quadro.

<>Quando a hiperidrose é difusa e/ou inicia-se após a idade adulta, é preciso pensar em causas secundárias, entre elas podemos citar:

– Neoplasias
– Linfoma .
– Diabetes
– Doenças da tireoide
– Tuberculose
– HIV
– Outras Infecções.
– Doenças Febris.
– Alcoolismo crônico
– Gota
– Menopausa
– Feocromocitoma.
– Medicamentos.

Entre os medicamentos que podem causar hiperidrose estão:

– Propranolol.
– Nifedipina.
– Fisiostigmina.
– Pilocarpina.
– Antidepressivos
– Insulina.
– Hipoglicemiantes orais.
– Tamoxifeno.
– Sildenafil.
– Omeprazol –Ciclosporina– Tramadol.

*Em geral, quando a hiperidrose está sendo provocada por alguma doença, o paciente já apresenta sinais e sintomas que ajudam a identificar a doença de base. Se o paciente apresenta febre, perda de peso, tosse, lesões na pele, etc., é fácil suspeitar que o surgimento de hiperidrose esteja relacionado a uma doença sistêmica e não seja um quadro primário. Uma hiperidrose que só surge durante o sono também sugere a presença de uma causa secundária.

Tratamento da hiperidrose

Existem várias opções de tratamento para a hiperidrose, desde desodorantes até cirurgias. A intensidade dos sintomas, o local que transpira em excesso e as expectativas dos pacientes devem ser levadas em conta na hora de decidir qual é o tratamento que melhor se aplica a cada caso.


1. Antitranspirantes (antiperspirantes)

Os desodorantes antitranspirantes são comercializados em farmácias e supermercados e vêm normalmente em apresentações roll-on, creme ou aerossol. São produtos que contêm sais de metais, normalmente sais de alumínio, que obstruem os poros das glândulas sudoríparas na pele. Esses produtos só funcionam em casos de hiperidrose branda.

Se os antitranspirantes comuns falharem, existem soluções mais potentes, como o cloreto de alumínio hexaidratado em concentrações que variam de 10 a 30%, que podem ser usados nas mãos, pés e axilas. Os resultados costumam aparecer dentro de uma semana, mas é comum o tratamento precisar ser suspenso por irritação da pele.

2. Remédios
  • Os anticolinérgicos são um grupo de drogas que agem inibindo os neurotransmissores que estimulam a secreção de suor pelas glândulas sudoríparas. Atualmente, é um tratamento pouco usado devido ao elevado índice de efeitos colaterais e a baixa eficácia. 
  • O glicopirrolato (60% de eficácia) 
  • a oxibutinina (50% de taxa de eficácia) são os mais utilizados.

Nos pacientes que apresentam hiperidrose relacionada a estresse emocional, o uso do propranolol ou de ansiolíticos, como o diazepam, podem aliviar os sintomas.

3. Iontoforese

A iontoforese é usada para tratar a hiperidrose palmar (mãos) e a hiperidrose plantar (pés). 

O tratamento consiste no bloqueio temporário das glândulas sudoríparas através de uma leve descarga elétrica emitida dentro de um recipiente de água. Os tratamentos duram por volta de 30 minutos e são geralmente aplicados em dias alternados, apresentando uma taxa de sucesso acima 85%. Os resultados são temporários e o tratamento precisa ser repetido constantemente.

Os efeitos adversos mais comuns são a irritação e a pele seca. O aparelho pode ser adquirido e, após o devido treinamento, o paciente pode utilizá-lo em casa.

4. Aplicação de Botox

A toxina botulínica, comercializada sob a marca Botox, quando aplicada nas regiões que transpiram em excesso, agem bloqueando os neurônios que estimulam o funcionamento das glândulas sudoríparas, causando uma redução temporária da produção de suor nestes locais.

O Botox pode ser aplicado nas mãos, pés, axilas e face, apresentando uma elevada taxa de sucesso, com efeitos que duram várias semanas.

As desvantagens das aplicações de Botox são as picadas de agulha e a necessidade de um médico com bastante treino para se evitar as complicações, como a fraqueza muscular.

5. Termólise por micro-ondas

Este tratamento é feito através de um aparelho que emite micro-ondas capazes de destruir as glândulas sudoríparas. O tratamento é feito, habitualmente, com 2 ou 3 sessões de 30 minutos, com intervalos de 3 meses. A taxa de sucesso é de 80 a 90%.

O efeito colateral mais comum da termólise é uma sensação estranha na pele no local da aplicação, que pode durar até cerca de 1 mês.

O principal fator negativo da termólise é o seu atual alto custo.

6. Cirurgia para hiperidrose

Se todos os tratamentos explicados acima falharem, a cirurgia torna-se uma opção.

São dois os tipos de cirurgias usadas no tratamento da hiperidrose:

  • Uma delas é a curetagem ou lipoaspiração da axila, que remove as glândulas sudoríparas. 
  • A outra opção é a simpatectomia torácica endoscópica (STE), que é uma cirurgia maior e envolve a remoção dos nervos da medula espinhal ao nível do tórax, responsáveis pela inervação das glândulas sudoríparas das axilas, mãos e face.

A STE é a última opção, pois é um procedimento mais complexo e que apresenta maiores riscos, sendo realizado sob anestesia geral. Nesta cirurgia, um endoscópio é inserido no tórax através da axila. Uns dos pulmões é desinflado para que o endoscópio possa chegar mais facilmente à coluna. O procedimento é realizado primeiro de uma lado e depois do outro.
 Apesar de ser um procedimento com altas taxas de sucesso, a STE apresenta um efeito adverso comum e inconveniente: a sudorese compensatória. Este efeito colateral consiste em um suor intenso e excessivo que ocorre em outras áreas do corpo, principalmente nas costas, abdômen e pernas. 

É um efeito colateral importante, que traz grande insatisfação, pois o suor pode ser tão intenso ou até pior que a transpiração original que levou à cirurgia. Por esse motivo, atualmente, a simpatectomia torácica endoscópica é raramente indicada

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