No entanto, o papel dos remédios para perda de peso tem sido questionado devido a preocupações com a eficácia, segurança e a observação de que a maioria dos pacientes acaba por recuperar o seu peso quando as drogas são interrompidas.
Objetivos do tratamento medicamentoso para a perda de peso
Todo paciente submetido a tratamentos para perda de peso deve ser orientado pelo médico a ter um objetivo factível. O desfecho ideal do tratamento da obesidade é um retorno ao peso corporal normal, mas isso não é realista na maioria dos casos.
Em um estudo, a título de exemplo, indivíduos obesos foram questionados antes do início do tratamento sobre quantos quilos eles gostariam de perder. Meses depois, quando o objetivo sonhado foi comparado com a real perda de peso, nenhum dos participantes do estudo havia atingido o peso idealizado e poucos estavam contentes com a perda de peso que conseguiram.
Portanto, o médico e o paciente precisam chegar a um entendimento mútuo sobre as reais possibilidades de perda de peso para não haver frustrações ao final de alguns meses.
No tratamento medicamentoso da obesidade, perdas de 10 a 15% do peso corporal são considerados excelentes resultados, mesmo que o paciente ainda se encontre longe do peso sonhado. Na verdade, perdas acima de 5% do peso corporal já são suficientes para reduzir substancialmente o risco de diabetes e doenças cardiovasculares.
Existe uma diferença grande entre a perda de peso ideal para melhorar a saúde e a perda de peso necessária para se atingir o atual padrão de beleza imposta pela mídia.
Indicações para o uso de remédios para emagrecer
Todos os pacientes com excesso de peso devem, antes de iniciarem remédios, estabelecer uma dieta adequada, uma programação de exercícios físicos e mudanças nos hábitos de vida. No final das contas, perder peso é uma simples conta aritmética:
calorias gastas – calorias consumidas.
Se você ingere mais calorias do que gasta, não existe tratamento que o faça emagrecer. Não existe remédio milagroso e não existe perda de peso sem esforço. Não é boa prática médica indicar drogas para emagrecer para pacientes que não fazem dietas e/ou exercícios físicos.
Atualmente indica-se o uso de medicamentos para emagrecer em todos os pacientes que já estejam sob dieta, exercícios físicos e se encaixem nos seguintes critérios:
1. Indivíduos com IMC maior que 30 kg/m² .
2. Indivíduos com IMC maior que 27 kg/m² que também apresentem diabetes, hipertensão ou colesterol elevado*.
3. Indivíduos com IMC maior que 25 kg/m² que apresentem circunferência abdominal maior que 102 cm nos homens ou 88 cm nas mulheres.
Remédios para perder peso
1) Sibutramina
A sibutramina auxilia na perda de peso por agir diretamente sob neurotransmissores cerebrais responsáveis pela sensação de saciedade, entre eles, serotonina, dopamina e noradrenalina. A sibutramina faz com que esses neurotransmissores permaneçam mais tempo circulando no cérebro, fazendo com que o paciente consiga permanecer mais tempo sem ter vontade de comer. A Sibutramina é, portanto, um moderador do apetite.
Estudos mostram que, se associados a dieta e a exercícios físicos, a sibutramina ajuda a perder em média 10 kg após um ano de tratamento.
2) Orlistat
O Orlistat é um medicamento que age inibindo a absorção de gordura pelo intestino. O uso contínuo de Orlistat faz com pelo 1/3 das gorduras ingeridas não sejam absorvidas, sendo eliminadas pelas fezes.
Estudos mostram que, se associados a dieta e a exercícios físicos, o Orlistat ajuda a perder em média 9kg após um ano de tratamento.
O Orlistat apresenta também a vantagem de agir nos níveis de colesterol, podendo haver uma redução de até 10% nos valores do LDL, o colesterol ruim.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão:
- excesso de gases, cólicas abdominais, gotas de gordura nas fezes e incontinência fecal.
- Geralmente esses efeitos são piores se o paciente não estiver controlando a ingestão de gorduras.
- Uma dieta com no máximo 30% de gorduras não costuma causar esses efeitos adversos.
- Outros efeitos colaterais são a diminuição na absorção de algumas vitaminas, como as vitaminas A, D, E e K e um maior risco de desenvolver cálculos renais.
*O Orlistat não altera a absorção da maioria dos medicamentos, incluindo anticoncepcionais, anti-hipertensivos, anticoagulantes, antiepiléticos e digoxina, por exemplo.
3) Femproporex
O Femproporex é um derivado da anfetamina que age no sistema nervoso central, nomeadamente no hipotálamo, diminuindo a fome. É, portanto, uma droga inibidora do apetite.
O femproporex é proibido na maioria dos países, mas ainda é muito prescrito no Brasil como droga de tarja preta (assim como a Sibutramina). O medicamento é muito efetivo, entretanto, o fato de ter propriedades estimulantes, reduzindo o sono e aumentando a sensação de bem-estar, faz com que a mesma seja irresponsavelmente usada como droga recreativa (a famosa bolinha).
O Femproporex pode criar dependência, por isso, só deve ser utilizado por curtos períodos, geralmente no máximo quatro meses.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão: boca seca, insonia, tremores e irritabilidade. Os derivados da anfetamina também causam aumento da pressão arterial e aceleração dos batimentos cardíacos.
Se não houver reais mudanças nos hábitos de vida, o paciente costuma recuperar o peso perdido depois que a droga é suspensa. Uma vez que o efeito anorexígeno do Femproporex desaparece, o paciente volta a ter fome e passa a comer mais novamente.
4) Anfepramona (dietilpropiona)
A Anfepramona age de modo semelhante ao Femproporex, porém é um inibidor do apetite menos potente. Ao contrário do Femproporex, a Anfepramona é comercializada legalmente em outros países, como EUA, Canadá, Austrália e Suíça.
A Anfepramona apresenta efeitos colaterais muito parecidos com o Femproporex e também é usada inapropriadamente como droga recreativa. Devido ao risco de dependência, também só deve ser prescrita por curtos períodos.
5) Mazindol
O Mazindol é mais um medicamento anorexígeno com ação semelhante às anfetaminas (apesar de não ser derivado da anfetamina), estimulando o sistema nervoso central e agindo sobre a saciedade. Possui efeitos colaterais semelhantes às duas drogas descritas acima.
*Atualmente os dois medicamentos mais prescritos para redução do peso são a Sibutramina e o Orlistat.
Outros remédios que ajudam a perder peso
Os medicamentos de primeira e segunda linha para a perda de peso no Brasil são os 5 descritos anteriormente. Todavia, existem ainda alguns medicamentos, indicados para outras doenças que podem causar perda peso como efeito secundário.
Os medicamentos listados abaixo não devem ser prescritos unicamente para emagrecimento e não apresentam resultados tão satisfatórios como as drogas descritas acima:
– Antidepressivos: Sertralina, Fluoxetina e Bupropiona
– Antiepiléticos: Topiramato e Zonisamida.
– Antidiabéticos: Metformina, Pranlintida, Exenatida e Liraglutida.
– Hormônio tireoidiano: Levotiroxina
Suplementos alimentares para emagrecer
Não existem evidências científicas que comprovem a eficácia ou segurança dos inúmeros produtos vendidos como “opções naturais” para perda de peso. As substâncias listadas a seguir são frequentemente vendidas como opções para perder peso, porém não apresentam comprovação científica:
– Pholia magra
– Pholia negra
– Gymnema silvestre
– Ephedra
– Guar gum
– Chitosan
– Ginseng
– Erva-de-são-joão
– Chá-verde
– Hoodia gordonii
– Psyllium
– Ácido Hidroxicítrico
– Glucomannan
– L-carnitina
É preciso ter muito cuidado com produtos vendidos como milagrosos emagrecedores. Muitos deles contém escondidos em sua fórmulas medicamentos como anfetamina, diuréticos, hormônios tireoidianos, fluoxetina, ansiolíticos e efedrina.
Suplementos termogênicos
Suplementos termogênico são substâncias que ajudam a acelerar o metabolismo e a aumentar a temperatura corporal, auxiliando na queima de gorduras e na perda de peso. Historicamente os termogênicos eram produtos a base de anfetaminas e cafeína, porém, nos últimos anos as substâncias derivadas da anfetamina foram banidas do mercado.
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Conclusão sobre os remédios para emagrecer
Não existe droga milagrosa, assim como não existe perda de peso sem esforço. Qualquer tratamento que prometa redução do peso de modo rápido e fácil deve ser encarado como fraude. Além de gastar seu dinheiro, você ainda pode estar consumindo substâncias que façam mal.
O tratamento com remédios para perda de peso deve ser feito somente com orientação médica e nunca sem um programa nutricional e de exercícios físicos associados. Se o paciente não estiver disposto a controlar seu consumo de calorias e a aumentar seu gasto calórico através de atividades físicas, a chance de sucesso é muito reduzida.
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