Para crianças: nada de suco!
A mudança mais impactante no que diz respeito a alimentação infantil nos últimos anos foi a retirada do suco natural da alimentação de bebês e crianças.
A mudança mais impactante no que diz respeito a alimentação infantil nos últimos anos foi a retirada do suco natural da alimentação de bebês e crianças.
Historicamente o suco de frutas natural foi utilizado como alimento de escolha na introdução alimentar de bebês desde muito cedo. O suco era considerado fonte de vitamina C, fonte extra de água e até como enganosa fonte de fibras aos bebês. Entretanto, recentemente, o suco natural passou de mocinho a vilão graças às evidências científicas sobre seus malefícios.
*Estudos recentes revelaram que o alto teor de glicose presente no suco natural pode estar relacionado a alterações metabólicas, cáries dentárias e obesidade no futuro.
- A prática clínica mostra ainda que a introdução do suco prejudica a aceitação da fruta in natura, uma vez que a criança “prefere” a facilidade do suco.
- Além disso, a chance de o suco natural ser substituído por “suco de caixinha” no futuro é muito grande e esse sim é considerado proibido para crianças por ser riquíssimo em açúcar e corantes e um dos principais alimentos relacionados a atual prevalência de obesidade em muitos países.
O excesso de suco de frutas pode ainda prejudicar a aceitação das principais refeições levando à subnutrição e até é desnutrição em casos graves.
A recente e mais rigorosa recomendação da Academia Americana de Pediatria no que diz respeito ao suco na alimentação infantil não apenas desaconselha a introdução de suco natural para bebês até um ano, como limita e muito o consumo de qualquer bebida açucarada incluindo o suco natural até a adolescência.
Resumindo: Mais frutas in natura, mais água e nada de suco. Nem natural.
*Por Denise Lellis, pediatra do Departamento de Obesidade Infantil da Abeso
O que deve nos preocupar nos sucos de frutas?
O principal motivo de preocupação em relação a esse alimento é o açúcar, já que, pelo que sabemos, o gosto agradável que as crianças veem nesse produto é seu gosto adocicado. Apesar de podermos afirmar que os doces só oferecem riscos se forem consumidos em excesso, o mesmo acontece quando damos bebidas doces, mesmo que sejam de origem natural.
Por isso, acredita-se que o açúcar natural das frutas não faz tão mal quanto o de sucos processados. Sendo assim, esse elemento também pode ser prejudicial quando exagerado. Por exemplo, esse produto pode ocasionar um desequilíbrio dietético ou provocar diarreia.
*Uma potencial má nutrição é uma consequência temida pelos pediatras caso a criança consuma muito suco de frutas. Esse resultado é possível já que o consumo de suco pode fazer com que o apetite das crianças diminua. Os pais podem achar que a criança está alimentada. Mas, na verdade, ela está deixando de consumir os nutrientes necessários para complementar sua dieta.
**Além disso, as características particulares de cada suco não permitem que as crianças tenham todos os elementos essenciais para uma boa nutrição. Isso porque irão faltar a quantidade necessária de gordura, proteínas, a maioria das vitaminas e, no caso dos sucos artificiais também carecem de fibras.
suco de frutas
Outro fator relevante é que os carboidratos encontrados em forma de açúcar podem ser os causadores tanto da má nutrição quanto de outras doenças, como por exemplo:
Sobrepeso
Diarreia
Flatulências
Dores abdominais
Cáries
Consumo estimado por idade
O consumo desse alimento natural é regulado de acordo com a quantidade, mas tudo depende da idade da criança. Sendo assim, a Academia Americana de Pediatria recomenda que se estabeleça limites na administração de suco de acordo com as necessidades nutricionais, o peso da criança e outras características relacionadas à idade.
Consequentemente, de acordo com o regulamento proposto por especialistas, as crianças deveriam consumir suco de furtas de acordo com os seguintes critérios:
- É contraindicado o consumo sucos por crianças menores de seis meses. Isso porque o leite materno é o único alimento que deve constar nessa etapa. Por isso, é um erro oferecer a um bebê uma mamadeira com suco para saciar sua sede ou fome.
- Os pequeninos que se encontram entre doze meses e seis anos de idade não devem beber mais de um copo de suco por dia. Ou seja, é considerado excessivo dar à criança mais de 200 mililitros de suco por dia.
- Depois dos sete anos, as crianças podem beber dois copos de suco por dia. Mas beber mais do que isso pode ser considerado um excesso.
- Também não é recomendado que se administre suco de frutas antes de dormir ou como tratamento nos casos de desidratação.
- Sempre dar preferência para fruta in natura
Alimentos Processados e Ultraprocessados
Os alimentos processados
São produzidos basicamente adicionando-se sal, açúcar, óleo ou vinagre aos alimentos in natura ou minimamente processados. Cozimento, secagem, fermentação, defumação, entre outros, integram as técnicas de processamento.
Entre os exemplos de alimentos processados, temos:
- conservas de alimentos em salmoura, frutas preservadas em açúcar, carnes salgadas ou defumadas, queijos e pães.
- Um dos objetivos do processamento é o aumento do prazo de validade dos alimentos.
Alimentos ultraprocessados
São produzidos com a adição de muitos ingredientes como sal, açúcar, óleos, gorduras, proteínas de soja, do leite, extratos de carne, além de substâncias sintetizadas em laboratório a partir de alimentos e de outras fontes orgânicas como petróleo e carvão.
Assim, tais alimentos têm prazo de validade maior, alteração de cor, sabor, aroma e textura. São exemplos de ultraprocessados:
- biscoitos recheados, salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo”.
Como alguns ingredientes e métodos do processamento alteram desfavoravelmente a composição nutricional dos alimentos, como por exemplo, aumentando o conteúdo de sódio do alimento, ou a quantidade de calorias, o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda que tais alimentos sejam consumidos em pequenas quantidades. No caso de alimentos ultraprocessados, por serem nutricionalmente desbalanceados, a recomendação é evitá-los.
*Renata Bressan é nutricionista do Departamento de Nutrição da Abeso
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