segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Xilitol adoçante da vez

Xilitol (nome comercial) é um adoçante que foi descoberto há mais de 100 anos e vem sendo utilizado em grande escala pela indústria alimentícia por apresentar baixo poder calórico. Pode ser encontrado na natureza, como também no nosso organismo. Todavia, a quantidade em que é encontrado na natureza é muito baixa, o que inviabiliza sua obtenção por via natural.

Ao  empregar  adoçantes  na  produção  de  bebidas  e  alimentos,  as indústrias atualmente levam em conta a quantidade de calorias do edulcorante, a possibilidade de seu uso em dietas para redução ou
controle de peso e o grau de semelhança entre o seu sabor e o do açúcar. Nesse sentido, um produto que vem atraindo a atenção dos fabricantes  de  bebidas  e  alimentos  é  o  xilitol,  adoçante  que  se
destaca  das  demais  substâncias  do  gênero,  não  só  pelo  fato  de poder ser obtido por via biotecnológica, mas também por possuir importantes propriedades físico-químicas e fisiológicas.


Graças a essas propriedades, o xilitol tem um grande potencial de aplicação nas  áreas  odontológica  e  médica,  tendo-se  mostrado  eficaz  no combate às cáries dentárias e no tratamento de outros males como diabetes,  desordem  no  metabolismo  de  lipídios  e  lesões  renais  e parenterais.  Além  disso,  o  xilitol  previne  infecções  pulmonares, otite  e  osteoporose.  Por  todas  essas  razões,  a  incorporação  do xilitol  em  dietas  alimentares  representa  benefício  tanto  para  os que necessitam de uma dieta controlada quanto para aqueles que, embora  não  tendo  distúrbios  metabólicos,  preocupam-se  com  a saúde e com o bem-estar físico

Sendo o xilitol uma substância atóxica, classificada pela Food and Drug Administration (FDA) como um aditivo do tipo GRAS (Generally Regarded as Safe), sua incorporação em alimentos é legalmente permitida. De acordo com a literatura, o xilitol é extremamente bem tolerado, quando ingerido em doses espaçadas de no máximo 20 g cada uma, e desde que a quantidade consumida por dia não ultrapasse 60 g, já que a ingestão de doses mais elevadas produz efeito laxativo. Esse efeito é provavelmente levado em conta quando o xilitol é utilizado em alimentos normalmente ingeridos em grandes quantidades, como é o caso dos refrigerantes, por exemplo. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não estabeleceu um limite para a ingestão diária aceitável deste edulcorante e a FDA indica que seu consumo é permitido na quantidade necessária para atingir o adoçamento desejado

Composição química

O xilitol é um poliálcool obtido a partir de síntese metabólica ou por meio da reação de hidrogenação da xilose.

Esse composto orgânico apresenta átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Sua fórmula molecular é C5H12O5 e sua massa molar é de 152 g/mol.

O xilitol é uma substância cujas moléculas pertencem à função dos álcoois, pois apresentam em sua estrutura um grupo hidroxila (OH) ligado diretamente a um carbono saturado.

Fórmula estrutural do xilitol

Em vista do crescente número de pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio metabólico e necessitam,por isso, diminuir ou mesmo cessar seu consumo de açúcar, vários centros de pesquisa nacionais e estrangeiros têm tentado encontrar um substituto do açúcar que seja, ao mesmo tempo, nutritivo e benéfico para a saúde, atuando na cura ou na prevenção de doenças. O xilitol é um composto que satisfaz essas exigências, pois, além de ser um adoçante perfeitamente capaz de substituir a sacarose, é tolerado por diabéticos e tem várias aplicações clínicas.



Uma das vantagens do xilitol sobre a sacarose é que, em virtude de sua elevada estabilidade química e microbiológica, ele atua, mesmo em baixas concentrações, como conservante de produtos alimentícios, oferecendo resistência ao crescimento de microrganismos e prolongando a vida de prateleira desses produtos.


Características físico-químicas do xilitol

  •     Sólido em temperatura ambiente;
  •     Possui cor branca;
  •     Não possui aroma;
  •     Em água, forma uma solução densa;
  •     Quando submetido a um aquecimento superior a 120 oC, passa pelo processo de caramelização;
  •     Absorve a umidade do ar, ou seja, é higroscópico;
  •     Possui ponto de fusão de 96oC e ponto de ebulição de 216oC;
  •     É bastante solúvel em água.


Benefícios do uso do xilitol

  1.     É um produto com poder adoçante que pode ser equiparado ao da sacarose;
  2.     Apresenta baixo teor calórico;
  3.     Não eleva o nível de glicemia (pode ser consumido por um diabético);
  4.     Não deixa um sabor amargo ou desagradável na boca após a ingestão;
  5.     Estimula a salivação.

Formas de obtenção do xilitol

A substância xilose é um dos precursores utilizados para a produção do xilitol. É obtida a partir da hidrólise da madeira na presença de um catalisador denominado de níquel de Raney (uma liga metálica composta por alumínio e níquel)

Uma das formas mais comuns de obtenção do xilitol é a partir da redução e hidrogenação catalítica de uma molécula de xilose. Nessa reação, o grupo carbonila da molécula de xilose é reduzido a um grupo de álcool.

Além da forma descrita acima, o xilitol pode ser obtido também por meio da metabolização da xilose por ação de leveduras, como a Candida Tropicalis e a Saccharomyces Cerevisae.



Exemplos de produtos com xilitol


A pasta dental é um exemplo de produto que pode apresentar xilitol

A cada ano tem aumentado o número de produtos industrializados que utilizam o xilitol como adoçante. Veja alguns desses produtos:
  •     Perfumes
  •     Enxaguantes bucais
  •     Pastas ou géis dentais
  •     Balas
  •     Complexos vitamínicos
  •     Gomas de mascar
  •     Sucos
  •     Refrigerantes

O xilitol tem sido muito utilizado ainda na Medicina e na Odontologia por causa dos seus benefícios, a saber:


  •     Tratamento da osteoporose;
  •     Prevenção de otites (inflamação no ouvido);
  •     Tratamento de lesões nos rins;
  •     Prevenção de infecções pulmonares;
  •     Promoção da remineralização dos dentes;
  •     Diminuição da atividade bacteriana na região bucal, reduzindo o aparecimento de cáries.

CONCLUSÕES

Desde a sua aprovação, em 1963, o uso de xilitol em dietas alimentares vem sendo adotado por muitas nações. Também a partir daí, tiveram início muitas pesquisas buscando encontrar aplicações clínicas para esse composto.

Hoje, com um grande número de trabalhos já concluídos, sabe-se que o xilitol traz benefícios à saúde humana e pode ser utilizado na área médica para tratamento ou prevenção de doenças. Sua maior aplicação até hoje é na saúde bucal, uma vez que já foi comprovada sua eficiência na redução da incidência de cáries, na estabilização das cáries já formadas e na remineralização dos dentes.

 O xilitol também tem sido empregado com êxito no tratamento de otites médias agudas e infecções respiratórias, devido ao fato de as espécies bacterianas presentes na nasofaringe, assim como as espécies presentes na flora bucal, não possuírem as enzimas responsáveis pelo metabolismo do xilitol-5-fosfato (composto formado pela fosforilação do xilitol dentro da célula). O acúmulo deste composto dentro a célula é tóxico ao microrganismo, afetando seu crescimento e diminuindo seu tempo de sobrevivência.

Outra aplicação clínica de grande importância do xilitol é quanto ao seu uso por pessoas diabéticas, o que é possível devido a este não promover aumento significativo na concentração de glicose no sangue.

No que se refere aos processos de produção de xilitol, a via química convencional tem o inconveniente de exigir um grande aporte energético, fato esse que encarece o produto, tornando-o, em relação a outros adoçantes, pouco competitivo para aplicação nas indústrias de alimentos e de fármacos. Por essa razão, diversos centros de pesquisa vêm-se dedicando ao desenvolvimento do pro-
cesso de produção de xilitol por via biotecnológica, que requer um aporte menor de energia e pode, portanto, tornar o processo economicamente mais viável. Assim, espera-se que, em um futuro próximo, o xilitol seja mais amplamente comercializado no mercado, não somente como adoçante de alimentos, mas também como ingrediente de produtos farmacêuticos.

Fonte:http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v38n4/v38n4a03.pdf

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