quinta-feira, 4 de abril de 2013

Baixos níveis de Melatonina, o 'hormônio do sono', elevam o risco de diabetes tipo 2

Nova pesquisa observou que pessoas que têm a doença apresentam, durante a noite, menores quantidades do hormônio aumentando a chance para adquirir Diabetes tipo 2


Uma pesquisa feita no Hospital Brigham and Women, que pertence à Universidade Harvard, nos Estados Unidos, concluiu que a secreção menor de melatonina, hormônio produzido pelo cérebro que favorece o sono, está vinculada a um risco maior de diabetes tipo 2 em adultos. Segundo os autores do estudo, essa é a primeira vez em que a produção do hormônio é associada à doença.



O estudo selecionou 370 mulheres que desenvolveram diabetes tipo 2 no período de 2000 a 2012 e outras 370 voluntárias livres da doença. A equipe analisou os níveis de melatonina das participantes e relacionou essas informações com a prevalência do diabetes tipo 2

Após avaliar todas as participantes, os pesquisadores descobriram que as mulheres diabéticas tinham menores níveis de melatonina durante a noite em comparação com o grupo sadio
.
Segundo os autores do estudo, quantidades baixas do hormônio à noite dobram o risco de desenvolver diabetes em comparação com níveis elevados. "Além disso, mesmo entre pessoas livres de diabetes, baixos níveis noturnos de melatonina estão relacionados a um aumento da resistência à insulina", escreveram os autores no artigo.

 MELATONINA


A melatonina, produzida pela glândula pineal, localizada no cérebro, é fundamental para regular o nosso relógio biológico e, assim, regular sono, fome e diversas funções no organismo. Em países como os Estados Unidos e os da Europa, ela é amplamente comercializada como uma vitamina e, em lugares como Argentina e Chile, como remédio. No Brasil, porém, ela não pode ser comercializada pois não possui registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com o órgão, o último pedido para registro da substância foi feito em 2003 e foi indeferido por estar "em desacordo com a legislação vigente". Não houve um novo pedido desde então. No entanto, também não há uma proibição expressa do uso da substância, de forma que o paciente que desejar pode importá-la para uso próprio.

DIABETES TIPO 2


Enquanto a diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, na do tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causada por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida:
80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.

Os prejuízos de dormir pouco

Diminui a capacidade de o corpo queimar calorias

De acordo com uma pesquisa apresentada no encontro anual da Sociedade para Estudo de Comportamento Digestivo (SSIB, sigla em inglês), em julho de 2012, na Suíça, a restrição do sono faz com que um indivíduo consuma mais calorias e, além disso, reduz a capacidade do corpo de queimá-las. Isso ocorre porque dormir pouco aumenta os níveis de grelina, o ‘hormônio da fome’, conhecido assim por induzir a vontade de comer, na corrente sanguínea. Além disso, o hábito promove um maior cansaço, reduzindo a prática de atividades físicas e aumentando o tempo de sedentarismo.

Eleva o risco de câncer de mama agressivo



Um estudo publicado em agosto de 2012 no periódico Breast Cancer Research and Treatment sugeriu que dormir menos do que seis horas por dia eleva o risco de mulheres na pós-menopausa terem um tipo agressivo de câncer de mama e uma maior probabilidade de recorrência da doença.

 




Aumenta as chances de um derrame cerebral



Dormir menos do que seis horas por dia aumenta o risco de um acidente vacular cerebral (AVC) mesmo em pessoas com peso normal e sem histórico de doenças cardiovasculares, segundo um estudo apresentado em junho de 2012 no encontro anual das Sociedades de Sono Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de Boston.

Aumenta o apetite por comidas gordurosas


Dormir pouco ativa de maneira diferente os centros de recompensa do cérebro com a exposição a alimentos gordurosos em comparação com dormir adequadamente. Isso faz com que esses alimentos pareçam mais salientes e que a pessoa se sinta mais recompensada ao comer esse tipo de alimento. Essas descobertas foram apresentadas em junho deste ano no encontro anual das Sociedades de Sono Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de Boston. Além disso, uma pesquisa publicada em janeiro deste ano indicou que noites de sono mal dormidas ativam com mais intensidade uma área do cérebro responsável pela sensação de apetite.

 

Pode desencadear sintomas do TDAH


Segundo um estudo apresentado em junho de 2011 durante encontro das sociedades médicas para o sono, nos Estados Unidos, menos horas de sono podem desencadear problemas com hiperatividade e desatenção durante o começo da infância. Esses são sintomas comuns do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

 

Eleva o risco de impotência sexual

A 25ª Reunião Anual da FeSBE (Federação de Sociedades de Biologia Experimental), em agosto de 2010, trouxe uma pesquisa que relacionou a falta de sono e o problema sexual. De acordo com o trabalho, feito na Unifesp, além do maior risco de impotência, homens que dormem pouco têm maiores chances de desenvolver problemas cardiovasculares e de engordar.

Pode levar à obesidade

Um estudo apresentado em outrubro de 2011 no Encontro Anual do American College of Chest Physicians, mostrou que jovens que dormem menos de sete horas por dia têm índice de massa corporal (IMC) maior, e que isso pode estar relacionado diretamente com os hormônios grelina e leptina, que regulam as sensações de fome e saciedade.


"Espero que este estudo leve a outras pesquisas para examinar os efeitos da secreção de melatonina sobre o organismo e o papel desse hormônio no metabolismo da glicose e no risco de diabetes", diz Ciaran McMullan, que coordenou a pesquisa.

 "Mais estudos são necessários para determinar se, aumentando os níveis de melatonina, é possível elevar a sensibilidade à insulina e reduzir a incidência do diabetes tipo 2", escreveram os autores.




Fonte: Revista Veja

Att, Giselle Barrinuevo

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