de conservação, atribuir ou realçar algumas características próprias de alguns alimentos. Entretanto, com o advento da vida moderna, cada vez mais aditivos têm sido empregados. Atualmente é quase impossível encontrar um alimento sem aditivos.
As indústrias dispõem de um grande número de técnicas para conservação e aprimoramento de alimentos, que garantem a disponibilidade destes, além da inovação de produtos e adequação ao paladar das pessoas. O FDA (Food and Drug Administration) já autorizou nos Estados Unidos o uso de mais de 3.000 aditivos alimentares.
No entanto, por se tratarem de substâncias químicas intencionalmente adicionadas aos alimentos, torna-se fundamental conhecer suas propriedades, de maneira a garantir seu uso adequado e seguro. Apesar de sua ampla utilização, são substâncias capazes de desencadear reações adversas
como qualquer outra droga. Há uma controvérsia em relação à prevalência, manifestações clínicas e mecanismos de ação das reações provocadas pelos aditivos alimentares
O conhecimento científico dos processos químicos e biológicos envolvidos nesse processo foi elucidado com as pesquisas de Louis Pasteur, com a descoberta de que seres microscópicos transformavam a uva em vinho. Desde então, sabe-se da existência de micro-organismos capazes de deteriorar alimentos, os quais devem ser controlados.
*Assim sendo, a conservação pode ser definida como um método de tratamento empregado aos
alimentos com o objetivo de aumentar sua durabilidade, mantendo a qualidade. As técnicas de conservação vêm sendo aperfeiçoadas pelo homem até os dias de hoje.
Classificação
Os aditivos alimentares são sustâncias químicas que formam um grupo bastante heterogêneo de substâncias que se classificam, de acordo com sua função em:
- agentes conservantes (antioxidantes ou antimicrobianos),
- acidulantes,
- emulsificantes,
- estabilizantes
- espessantes,
- umectantes,
- antiumectantes,
- corantes,
- flavorizantes (realçadores de sabor) e
- adoçantes
Legislação
A portaria nº 540 - SVS/MS de 27 de outubro de 1997 publicada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) define o termo aditivo alimentar como "qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparo, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento".
Ao agregar-se poderá resultar em que o próprio aditivo ou seus derivados se convertam em um componente de tal alimento. A definição não inclui os contaminantes ou substâncias nutritivas que sejam incorporadas ao alimento para manter ou melhorar suas propriedades nutricionais.
Quais são os critérios e exigências para permissão de uso de aditivos nos alimentos?
A segurança dos aditivos alimentares é primordial. Antes de ser autorizado o uso de um aditivo em alimentos, este deve ser submetido a uma adequada avaliação toxicológica, em que se deve levar em conta, dentre outros aspectos, qualquer efeito acumulativo, sinérgico e de proteção, decorrente do seu uso. Estas substâncias devem ser reavaliadas quando necessário, à luz do conhecimento científico disponível e caso se modifiquem suas condições de uso.
Além disso, o uso dos aditivos deve ser limitado a alimentos específicos, em condições específicas e ao menor nível para alcançar o efeito desejado para que a ingestão do aditivo não supere os valores de ingestão diária aceitável (IDA).
É proibido o uso de aditivos em alimentos quando:
- Houver evidências de que o mesmo não é seguro para consumo pelo homem;
- Se interferir sensível e desfavoravelmente no valor nutritivo do alimento;
- Servir para encobrir falhas no processamento e/ou nas técnicas de manipulação;
- Encobrir alteração ou adulteração da matéria-prima ou do produto já elaborado;
- Induzir o consumidor a erro, engano ou confusão;
- Quando não estiver autorizado por legislação específica.
Principais razões para a utilização de aditivos alimentares
- •Manter a consistência dos produtos (ex: molhos para saladas manterem-se macios e consistentes). Aditivos com emulsionantes e estabilizadores permitem manter a textura e outras características dos alimentos.
- • Aumentar o valor nutricional dos alimentos que são inexistentes em alguns alimentos ou perdem-se durante o processamento. Exemplo: cereais, margarinas, leitos enriquecidos com aditivos como vitamina A, vitamina D, ferro, ácido ascórbico, ácido fólico, etc.
- • Para manter o paladar e a qualidade os alimentos perdem sabor e frescura devido ao envelhecimento e exposição a elementos naturais como a umidade, o ar, as bactérias e os fungos
- Aditivos como o ácido ascórbico, o ácido sórbico, o nitrito de sódio e o nitrito de potássio são usados em alimentos como antioxidantes e conservantes
- Para controlar a acidez ou a basicidade– alguns aditivos são adicionados para melhorar o seu sabor, o aroma, e a cor.
- • Para melhorar o sabor ou transmitir uma certa cor especiarias e compostos naturais ou sintéticos são adicionados aos alimentos para melhorar o seu sabor e a aparência, tornando-os mais apetecíveis para o consumidor.
Conservantes
- Dentre os agentes conservantes antioxidantes encontram-se os sintéticos, tais como o BHA (butil-hidroxianisol) e BHT (butil-hidroxitolueno), ambos derivados do fenol e utilizados para conservação de alimentos ricos em gordura, além de alimentos secos, como os cereais.
A intolerância ao BHA/BHT foi encontrada em pacientes com asma, rinite e urticária. Foi demonstrado que ambos podem atuar como fator desencadeante de exacerbação de urticária crônica. As reações cutâneas como dermatite de contato, vasculite urticariforme e urticária de contato foram relatadas em raros casos na literatura
.
- Cloreto de sódio ou o sal de cozinha é provavelmente o exemplo mais antigo de conservante antimicrobiano. Também pertencem a este grupo os nitratos e nitritos, que atuam inibindo o crescimento da bactéria Clostridium botulinum em alimentos que contém carne crua. Algumas reações adversas têm sido relacionadas aos nitritos.
- Sulfito termo utilizado para descrever o dióxido de enxofre e outros sulfitos inorgânicos. Estes são utilizados para controlar o crescimento de micro-organismos em diversos alimentos e bebidas fermentadas, tais como o vinho.
.
- O ácido benzoico e o benzoato sódico apresentam atividade antimicótica e antibacteriana em alimentos e bebidas.
- Os conservantes são muito utilizados em alimentos, bebidas, medicamentos e cosméticos.
Suspeitam-se da ocorrência de reações cruzadas em pessoas previamente sensibilizadas à aspirina,
tartrazina e outras substâncias. Todavia, os trabalhos mais recentes não têm confirmado estas reações
- Acidulantes
Os acidulantes são substâncias que aumentam a acidez ou conferem um sabor ácido aos alimentos e bebidas. Também influem na conservação microbiológica dos alimentos. Dentre os diversos acidulantes no processamento de alimentos são usados ácidos orgânicos tais como ácido cítrico e inorgânicos como ácido fosfórico e outros.
São adicionados, também, os sais desses ácidos, principalmente os sais de sódio para controle de pH (acidez ativa) e do gosto, assim como outras propriedades desejáveis no produto manufaturado.
Os ácidos utilizados em tecnologia alimentar podem ser encontrados in natura , obtidos a partir de certos processos de fermentações ou por sínteses. No primeiro caso, podemos citar o ácido cítrico e ácido tartárico, por fermentação são obtidos os ácidos cítricos, lático, acético e fumárico. Por meio de síntese, são fabricados os ácido málico, ácido acético e o ácido fosfórico
- Emulsificantes
Os emulsificantes são utilizados para manter uma dispersão uniforme de um líquido em outro, tal como óleo e água e assim torna possível a formação ou manutenção de uma mistura uniforme de duas ou mais fases imiscíveis no alimento.
As lecitinas e os polisorbatos são muito usados principalmente nos chocolates, margarinas e alguns salgadinhos.
- Estabilizantes
*conservas, doces, sobremesas, laticínios, sopas, caldos concentrados, panificação, massas, alimentos processados, biscoitos, sorvetes, achocolatados e sucos.
- Espessantes
Os espessantes são substâncias que aumentam a viscosidade de um alimento sem alterar significantemente suas outras propriedades, como por exemplo:
*agar-agar, pectina, Musgo-Irlandes, alginatos (algas), carragenano, gelatina, goma-arábica, etc.
*Os alimentos que podem conter espessantes são: geleias, gelatinas, sorvetes, pudins, maionese e leite achocolatado.
- Umectantes
Os umectantes mantêm a umidade dos alimentos, protegendo os alimentos da perda de umidade em ambiente de baixa umidade relativa ou que facilita a dissolução de uma substância seca em meio aquoso, por exemplo: glicerol, sorbitol, lactato de sódio, etc.
* São adicionados em: balas, recheios de bolos e bolachas, chocolates, etc.
- Antiumectantes
Os antiumectantes são empregados nos alimentos que obrigatoriamente têm que ser mantidos secos, tais como o leite e temperos em pó. Estes são substâncias capazes de reduzir as características higroscópicas dos alimentos e diminuir a tendência de adesão, umas às outras, das partículas
individuais, por exemplo: carbonato de cálcio, carbonato de magnésio, silicato de cálcio, etc.
- Corantes
* tartrazina é um corante artificial pertencente ao grupo dos azocorantes ou azoicos, que são derivados pirazolônicos portadores do anel benzeno. Está relacionada à ocorrência de urticária, angioedema, ao agravamento do eczema atópico e possivelmente, da hiperreatividade brônquica em crianças asmáticas.
No entanto, seu papel nessas doenças ainda não é bem estabelecido. Acredita-se que, assim como as reações ao ácido benzoico, ocorram em casos bem mais raros e isolados do que se imaginava anteriormente. Há relatos de reações comuns com outros não azocorantes e com o ácido benzoico. Estuda-se uma possível reação cruzada em pacientes asmáticos sensíveis ao ácido acetilsalisílico ou antiinflamatórios não-hormonais, porém, esta questão ainda permanece controversa. Foi observado que indivíduos sensibilizados ao ácido acetilsalisílico, não tem um aumento na prevalência de reações adversas a tartrazina
Outros exemplos de azocorantes são: o ponceau e o amarelo crepúsculo.
Foi descrito um único caso de vasculite leucocitoclástica relacionada à ingestão de ponceau , confirmada através de provocação oral com 50 mg deste corante.
O grupo dos não-azocorante inclui: a eritrosina, o anato (urucum) e o carmim.
O primeiro é um corante derivado do iodo, que pode desencadear lesões cutâneas de fotossensibilidade, eritrodermia e descamação. O anato é um pigmento amarelo natural extraído das sementes da árvore tropical Bixaorellana e tem sido associado a ocasionais casos de reação anafilática, além de urticária ou angioedema.
O carmim é um corante vermelho, proveniente do inseto Dactylopius coccus, muito utilizado em cosméticos, alimentos e bebidas. Está relacionada a vários casos de anafilaxia, asma ocupacional, além de alguns casos de reações dermatológicas.
O açafrão é outro corante amarelo extraído da flor Crocus sativa que é descrito como causador de anafilaxia num único paciente.
- Flavorizantes
O primeiro flavorizante a ser vendido comercialmente foi amino-ácido L-glutâmico ou o glutamato monossódico, que vem sendo utilizado há séculos para proporcionar o sabor característico aos pratos orientais.
Durante muito tempo foi associado à Síndrome do Restaurante Chinês, que se caracteriza por eritema facial, sudorese, opressão torácica e eventualmente náuseas e broncoespasmo. Acredita-se que ocorra flushing e cefaleia devido à atividade neuroexitatória do glutamato monossódico nas terminações nervosas.
Diversos estudos tentaram comprovar a existência desta síndrome através de provocação oral, porém não foi demonstrada diferença estatisticamente significante em relação ao placebo. Alguns pacientes apresentaram sintomas subjetivos após a ingestão de altas doses, em torno de três gramas.
Suspeita-se que o glutamato monossódico seja um fator desencadeante de asma, porém os estudos são controversos e este mecanismo permanece indefinido
Baunilha e o bálsamo do Peru são exemplos de flavorizantes que podem provocar dermatite de contato ou agravar a dermatite atópica. Também o grupo das pimentas tem demonstrado capacidade de desencadear de diversas reações adversas e cada vez mais o seu potencial alergênico tem sido estudado.
- Adoçantes
Os edulcorantes ou adoçantes têm por finalidade substituir o açúcar. A sacarina e o aspartame foram referidos como causadores de urticária, enxaqueca e sintomas respiratórios, porém não houve comprovação nos trabalhos recentes.
A sacarina é um derivado sulfonamídico que pode causar reações dermatológicas por reação cruzada com as sulfonamidas. O aspartame pode desencadear casos de paniculite granulomatosa. Os ciclamatos de sódio e potássio são capazes de produzir fotorreações. As reações adversas ao ciclamato estão relacionadas ao radical sulfa presente no ciclamato, por reação cruzada com grupos sulfa. Podem ocorrer principalmente alterações cutâneas como urticária, fotossensibilidade e eritema nodoso
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