A composição corpórea é dividida em dois grupos: massa magra (livre de gordura e constituída por proteínas, água intra e extracelular e conteúdo mineral ósseo) e massa gorda (gordura corpórea). Dessa forma, a análise da composição corporal possibilita compreender as modificações resultantes de alterações metabólicas e identificar riscos à saúde.
Gordura Corporal Total – A gordura corporal total é a soma de gordura armazenada e da essência.
Gordura essencial: é a gordura necessária ao funcionamento de certas estruturas corporais, como cérebro, tecido nervoso, medula óssea, tecido cardíaco e membranas celulares e, em adultos do sexo masculino, representa cerca de 3% do corpo.
As mulheres adultas também tem gordura essencial adicional associada a seus processos reprodutivos. Esse adicional de 9% a 12% da gordura específica de cada sexo lhes dá um total de 12% a 15% de gordura essencial, embora essa quantidade possa variar de forma considerável de indivíduo para indivíduo.
Gordura armazenada: é simplesmente um depósito do excesso de energia, cuja dimensão pode variar muito. Uma parte de gordura armazenada situa-se ao redor dos órgãos e constitui um fator de proteção para eles, porém, mais de 50% da gordura corporal total é encontrada logo abaixo da pele e é chamada de gordura subcutânea. Quando esse último tipo de gordura é separado pelo tecido conjuntivo em pequenos compartimentos, dá à pele uma aparência ondulada e acolchoada e é popularmente chamada de celulite. Outro depósito de gordura localiza-se no interior do corpo, particularmente na região abdominal. Essa gordura profunda é conhecida como gordura visceral.
Massa Livre de Gordura -Massa Magra
A massa livre de gordura consiste basicamente de proteína e água, com quantidades menores de minerais e glicogênio. O tecido dos músculos esqueléticos é o principal componente da massa livre de gordura, mas o coração, o fígado, os rins e outros órgãos também estão incluídos. Outro termo usado no lugar massa livre de gordura é massa corporal magra; tecnicamente, entretanto, esse termo inclui a gordura essencial. Em uma análise de dois componentes da composição corporal, a massa livre de gordura ou a massa corporal magra complementa a gordura total.
*Um indivíduo que tem 20% de gordura corporal tem 80% de massa livre de gordura.
Mineral Ósseo
Os ossos são responsáveis pela estrutura do nosso corpo, mas eles também estão envolvidos em vários processos metabólicos.
O osso consiste de 50% de água e 50% de matéria sólida, incluindo proteínas e minerais. Embora o peso ósseo total, englobando água e proteína, possa chegar a uma faixa entre 12% e 15% do peso corporal total, o conteúdo de mineral corresponde a apenas 3% a 4%.
Água Corporal
O peso de um adulto médio é constituído de aproximadamente 60% de água; os 40% restantes representam os materiais de peso seco que existem nesse ambiente de água. Alguns tecidos, como o sangue, possuem um conteúdo elevado de água, enquanto outros, como o tecido ósseo, são relativamente secos. A massa livre de gordura é formada por cerca de 70% de água, enquanto o tecido adiposo contém menos de 10%. Em condições normais, a concentração de água
de um determinado tecido é regulada de acordo com as necessidades.
Embora as quantidades de gordura, tecido magro, osso e água possam variar bastante de pessoa a pessoa, a distribuição normal de um homem jovem é 60% de água e 40% de matéria sólida, subdividida em 14% de gordura, 22% de proteína e 4% de minerais ósseos. Mas deve-se levar em conta que a composição corporal pode sofrer influência de inúmeros fatores, como idade, sexo, dieta e nível de atividade física.
Abaixo os principais métodos de avaliação da composição corporal:
Método Direto: A dissecação de cadáveres é a única metodologia considerada direta; com esse método ocorre a separação dos diversos componentes do corpo humano com a finalidade de pesar e estabelecer relações entre eles e o peso corporal. Por se tratar de examinar cadáveres, o método é raramente citado.
Métodos Indiretos
Pesagem hidrostática
A pesagem hidrostática é considerada padrão outro na análise da composição corporal. Nesse método é considerado que o corpo é dividido em dois componentes, sendo eles: massa de gordura e massa livre de gordura. Sabendo-se o valor da densidade corporal, é possível estimar o percentual de gordura corporal por meio dos modelos matemáticos de Siri (1961)e Brozek et al. (1963). Tal método é pouco utilizado e de difícil acesso.
Absortometria radiológica de dupla energia (DEXA)
O DEXA é uma técnica de “escaneamento” calculando as atenuações de raios x que passam pelo corpo. O sujeito fica deitado em posição anatômica e o raio x é calculado por um detector de energia. Se trata de uma técnica não invasiva considerada segura e que separa a composição em três componentes: Massa de gordura, massa livre de gordura e massa ósse. O custo elevado e a exposição á radiação são fatores limitantes da utilização da técnica.
Bioimpedância elétrica (BIA)
Esse método se da pela condução de uma corrente elétrica de baixa intensidade pelo corpo. A impedância ou resistência ao impulso elétrico é medido pela bioimpedância. A massa magra é um bom condutor de energia por possuir alta concentração de água e eletrólitos e a massa gorda um mau condutor de energia, pode-se dizer que a impedância é diretamente proporcional ao porcentual de gordura corporal.
A validade e a precisão do método de bioimpedância elétrica são influenciadas por vários fatores como tipo de instrumento, colocação do eletrodo, nível de hidratação, alimentação, ciclo menstrual, temperatura ambiente e equação de predição. Assim, para não comprometer o resultado da análise da composição corporal pela bioimpedância elétrica, alguns cuidados prévios são importantes:
- não comer ou beber quatro horas antes do teste, não fazer exercícios 24 horas antes do teste, urinar 30 minutos antes do teste, não consumir álcool nas 24 horas anteriores ao teste e não ter feito uso de medicamentos diuréticos nos últimos sete dias.
Índice de massa corporal
O IMC é o resultado da divisão do peso corporal, em quilos, pela altura em metros ao quadrado. Nos estudos com população elevada, os valores de IMC são os mais utilizados para a análise da composição corporal, mas sua interpretação no contexto individual deve ser feita com cautela. O IMC tem por estimativa que quão maior for o resultado no calculo, maior é a quantidade de gordura corporal.
*Apesar de ser muito utilizado, o método mostra algumas limitações. Pessoas com massa magra muito elevada devido a pratica de exercícios físicos ou muito reduzidas devido a alguma patologia ou acidente, podem alterar o calculo sem que possa ser calculado se ocorreram alterações a nível de massa magra ou gordura corporal.
Dobras Cutâneas
A maior proporção de gordura corporal é localizada no tecido subcutâneo e, dessa forma, a mensuração da sua espessura é utilizada como indicador de quantidade de gordura corporal localizada em determinada região do corpo. Devido a oscilações do volume de gordura corporal de acordo com a região do corpo, é necessária mensuração das dobras de várias regiões do corpo para um calculo apropriado.
Devido a sua fácil utilização e custo mais baixo em comparações a outros métodos, a técnica vem sendo muito utilizado para o calculo da gordura corporal. O tipo de adipômetro utilizado e a experiência do avaliador são determinantes para uma avaliação precisa.
O método é aconselhável para populações menores e tem limitação em pessoas com gordura corporal elevada.
Medidas de perímetros
As medidas de perímetro mais utilizadas na avaliação da composição corporal de crianças são: circunferência da cintura e relação cintura/quadril. A preocupação com tais medidas se da pelo maior risco á saúde relacionada ao acumulo de gordura nessa região do corpo, independente da idade e da quantidade de gordura corporal total .
Uma grande limitação para a utilização da circunferência da cintura em crianças é a inexistência de um ponto de corte recomendado mundialmente para avaliar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Relação cintura/estatura
A relação cintura/estatura é calculada dividindo-se a circunferência da cintura (cm) pela medida da estatura (cm). Alguns autores destacam a importância desse calculo para associar o resultado a fatores de risco cardiovasculares em adultos e crianças.
A relação cintura/estatura é um indicador efetivo para mensurar obesidade abdominal e discrimina risco de doença coronariana melhor do que o IMC e a circunferência de cintura. Um valor maior de 0,50 é sugerido como ponto de corte para o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em indivíduos de ambos os sexos a partir dos seis anos de idade. Tal ponto de corte não pode ser utilizado para crianças menores de cinco anos, pois estudos mostram que este valor superestima o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas .
Att, Nutricionista Giselle Barrinuevo
Nenhum comentário:
Postar um comentário