sexta-feira, 11 de maio de 2012

Deficientes físicos: vida segue sobre 4 rodas

A história deve repetir,o caminho seguido por muitos tetraplégicos e paraplégicos - no total, eles são 24 milhões no país ou 14,5% da população, segundo o censo divulgado pelo IBGE em 2000. Ao choque que decorre da perda total ou parcial dos movimentos de pernas, braços e tronco, segue-se a recuperação e a criação de uma nova rotina. O cotidiano, sem dúvida, demanda adaptações em relação à vida anterior. Mas, aos poucos, essas pessoas voltam a trabalhar, namorar, ter filhos e, enfim, tocar a vida adiante. Leia os depoimentos de cinco famosos que seguem esse caminho.


Quatro rodas  

A adaptação mais evidente é representada pela cadeira de rodas. Com ela, paraplégicos e tetraplégicos podem ir e vir. "Eu sou praticamente um cidadão independente, faço quase tudo sozinho. Consigo me transferir da cadeira de rodas para o banco do carro, consigo dirigir, tomar banho, me vestir e me alimentar", diz o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva - cujo drama da tetraplegia foi retratado no livro Feliz Ano Velho, best seller na década de 1980. Paiva é também um militante da causa dos deficientes físicos: foi dele a ideia de adaptar a frota de táxis de São Paulo para receber esse público.
As mudanças fazem parte da rotina de pessoas com deficiência. Mas não as impedem de viver. Ao contrário, como conta Sergio Lianza, professor-responsável pela disciplina de reabilitação da Santa Casa de São Paulo. No primeiro ano de lesão medular, diz Lianza, o paciente deve prestar especial atenção ao tratamento fisioterápico, para que não se torne totalmente dependente de outras pessoas. "Tomados os cuidados necessários, a pessoa segue em frente normalmente, com a mesma expectativa de vida de antes", afirma o médico.
Além da fisioterapia, é recomendável  manter uma agenda de exercícios. Isso impede que o portador de deficiência física engorde, cultive colesterol e afaste as chances de enfarte.

A vereadora paulistana Mara Gabrilli é exemplar nesse quesito. Tetraplégica sem movimentos nas pernas e mãos desde 1994, ela precisa de ajuda até para coçar o nariz. Mas faz exercícios todos os dias. "Eu trabalho todos os músculos, do pescoço ao pé, e faço eletroestimulação neles uma vez por semana", conta a vereadora, em forma aos 42 anos. "Preciso de ajuda para tudo, mas não deixo de fazer nada. Meu banho é quase uma fisioterapia. Peço para as moças que me ajudam que me lavem com minha mão. E, quando como, é também com minha mão, conduzida por elas. É mais prazeroso assim."
Mara Gabrilli

Flávia Cintra está lançando o livro “Maria de rodas”, em que narra suas experiências como mãe cadeirante. Ela é repórter do “Fantástico” há dois anos e tetraplégica desde os 18. Ao voltar de uma viagem na praia com o namorado, o carro capotou, ela fraturou a coluna cervical e ficou presa à cadeira de rodas para sempre.
A repórter teve outros namorados, casou-se, tornou-se mãe de gêmeos, separou-se do marido e recentemente reencontrou o namorado da época do acidente, com quem está namorando.

Flávia foi consultora de Manoel Carlos na novela “Viver a Vida” e ficou muito impressionada com o trabalho da atriz Aline Moraes, que fez papel de uma deficiente física após um acidente de carro.
Segundo Flávia, a gravidez da mulher cadeirante não é muito diferente – exceto pelos cuidados redobrados que devem ser tomados em relação a trombose e a infecção urinária. As colaboradoras do livro, também cadeirantes, estavam na plateia.

Flávia Cintra


Por dentro e por fora - Pouca gente sabe, mas manter controle sobre o intestino e a bexiga é um dos maiores desafios de quem está em uma cadeira de rodas. "É preciso reeducar os órgãos para condicioná-los a trabalhar em horários determinados", revela Fernando Fernandes, ex-modelo e ex-participante do Big Brother Brasil.
Fernando Fernandes

Ele sofreu um acidente de automóvel em julho, em São Paulo. Desde então, não sente as pernas e não sabe se voltará a andar. Mas está animado com a independência conquistada na fase de reabilitação. Ele já pratica esportes e toma banho sozinho.

Sexo, sim - O ritmo pode mudar. Mas o sexo, como a vida, continua para esses deficientes físicos. Para a mulher, as mudanças incluem a descoberta de novas zonas de prazer. "Como as sensações que geram orgasmo não são apenas genitais, ela acaba encontrando outros caminhos", afirma Lianza. Pode haver também alteração no ciclo menstrual no período imediatamente posterior à lesão. Depois, volta tudo ao normal.

Para o homem, a principal novidade é a ereção reflexa. "Quando você quer ter uma relação, não tem controle, é uma bagunça. Mas, com o tempo, você vai conhecendo seu corpo e a sensibilidade vai voltando", diz o tetraplégico Fabiano Puhlmann, de 43 anos, psicólogo e autor do livro A Revolução Sexual sobre Rodas. Puhlmann é casado há 12 anos.

Há casos em que a ereção involuntária é preservada, mas não é tão boa. Aí, pode-se fazer uso de drogas como o Viagra. A ejaculação também pode ser dificultada, mas em geral acontece. E, mesmo que não ocorra, ou que aconteça de maneira retrógrada - quando o sêmen vai para a bexiga, de onde é eliminado com a urina –, não se perde a possibilidade de ser pai. Uma coleta de sêmen, a ser introduzido na parceira, resolve a questão.

 
Fabiano Puhlmann

Tetraplegia e Paraplegia

Abaixo relato da história de Superação de Mara Gabrilli


Abaixo entrevista para o Programa do Jô Soares com a jornalista Flávia Cintra

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